No Dia do Frevo, Dilma chama todo mundo pra dançar

por Sulamita Esteliam

A presidenta Dilma Roussef decidiu antecipar o Carnaval e botou o bloco da economia para anunciar a segunda etapa do malfadado ajuste fiscal. Indispensável para recolocar a economia nos prumos, segundo o governo.

Coincidentemente, o anúncio se dá no Dia Nacional do Frevo, comemorado em 14 de setembro – em Pernambuco é celebrado no dia 09 de fevereiro, aqui  o porquê. Esta música-dança que é a cara do Recife e de Olinda e que, como escreveu Capiba, embriaga, “entra na cabeça/depois toma o corpo/e acaba nos pés”.

Música e matemática, você sabe, têm tudo a ver.

No caso do frevo, uma conta de somar e diminuir que busca preencher os vácuos ou abrir espaço para passistas e brincantes, ladeira acima, ladeira abaixo. No que diz respeito ao ritmo, funciona assim, na didática do maestro Spok e Orquestra:

 

https://youtube.com/watch?v=muo6fW2fnwQ

 

Do Tijolaço
Do Tijolaço

Os buracos orçamentários tão comuns nos ditos países desenvolvidos – que nossa vira-latice tanto gosta de citar e/ou imitar -, também precisam ser preenchidos. No Brasil, porém, tudo, de tempos para cá, é tratado como o fim do mundo.

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Charge capturada no Vermelho.org

Furos, é bom que se diga, não pela dilapidação do patrimônio público, como o foram as privatizações. Ora são causados muito mais pela baixa arrecadação – e aí se inclui os bilhões e bilhões da sonegação -, do que pelo excesso de gastos.

É o que dizem os entendidos de boa vontade, e aqueles que “fogem ao mantra do corta-corta”, na expressão de Fernando Brito, do Tijolaço, como o economista André Perfeito.

Os de má vontade põem tudo na conta da Dilma, a Geni da preferência nacional.

Vêm cutucando a onça com vara curta, todavia. E faz tempo. Os porta-vozes da casa-grande, papel tão bem encarnado pela mídia venal, ousaram dar um ultimato: ou corta ou renuncia, diz o editorial da Folha de domingo.

Pois Dilma chama todo mundo, a corte e a casa-grande, para frevar. Frevo coqueiro, ventania e frevo abafa, no cruzamento dos Quatro Cantos com a Ladeira da Misericórdia.

Dobra, estica e puxa.

Dobradiça ou uma cravada nas receitas, preferencialmente. O que inclui o retorno da CPMF para financiar a Previdência Social, no espírito solidário da Constituição cidadã. E também a taxação do lucro sobre o patrimônio das pessoas físicas acima de R$ 1 milhão, com alíquotas crescentes. Também passam a pagar IR sobre ganhos financeiros as pessoas jurídicas. E há corte de subsídios antes destinados ao sistema S (Senac, Senai, Sesc) – aqui o detalhamento.

Tesoura nas despesas, que transfere às emendas parlamentares a cobertura da parte dos recursos do PAC e da saúde suprimidos no ajuste. No caso do Minha Casa Minha Vida, a proposta é que a verba direta seja coberto pelo aumento de investimento via recursos do FGTS – aqui.

O ferrolho, ou se preferir, chute na canela fica para os servidores federais, que terão o reajuste salarial adiado por seis meses, além de perda de alguns benefícios.

Nesta terça a CUT lança a campanha nacional unificada de várias categorias, na Paulista, centro financeiro de São Paulo. O mote: “Em defesa da democracia, do emprego e do salário”.

Todas as medidas, é bom não esquecer, passam pelo crivo do Congresso Nacional.

A ver no que vai dar a folia.

 

 

PS: Guerreiros do Passo é um grupo de professores de frevo do Recife que, há 10 anos, desenvolve projeto de preservação desse ícone da cultura pernambucana. E é patrimônio imaterial da humanidade, título dado pela Unesco.  Todos os sábados tem aula gratuita na Praça do Hipódromo, Zona Norte do Recife. O ano inteiro.

O vídeo é da apresentação do grupo no Festival de Dança do Recife, em 2009.

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Postagem revista e atualizada dia 15.09.2015, às 16:22: correção de erros de digitação e de gramática em diferentes parágrafos; correção dos acessos aos vídeos, e inclusão do PS sobre o vídeo do passo. E às 21:16, repostagem dos vídeos, cujo acesso estavam em erro técnico permanente. Peço desculpas a quem acessou ao longo do dia.

 

 

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