
por Sulamita Esteliam
Temer começou mal. A extinção Ministério da Cultura é o cartão de visitas.
Seu ministério é a cara de seu governo golpista, fruto da usurpação. É um ministério composto só por “homens, velhos, brancos e ricos”, como lembra o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). E Euzinha acrescento, todos probos.
O ministro da Justiça, por exemplo, Alexandre Moraes, ex-secretário de Segurança de São Paulo, é conhecido, especialmente, por sua truculência. Seu currículo ostenta o feito de ter sido advogado do PCC.
Fundir a Previdência com a Fazenda é providência só igualada na ditadura militar que vigorou 21 anos neste País.
Não bastasse a fusão dos ministérios da Educação com a Cultura, entregou-o a Mendonça Filho, um administrador de empresas por formação.
Presidente do DEM, o fato mais notável de seu currículo de deputado federal por Pernambuco, além da pecha de golpista, é ter sido autor do projeto que acabou com a política de participação social no governo Dilma.
Consta que Marília Gabriela, jornalista e atriz, teria sido sondada para o posto. Declinou.
O conjunto da obra eclode em protestos por todo o país.
A Tal Mineira reúne alguns, já que tais protestos você não vê no PIG. A começar pela posse:
MINISTÉRIO DE TEMER É MACHISTA!
(Antonio Barreto)
O ministério de Temer
É machista e aloprado,
Um mundaréu de golpistas
De currículo manchado…
Nem um nome de mulher
Por ele foi convocado!
Recepção sob medida
Ao som da hipocrisia
É triste ter um senado
Corrupto e autoritário
Por cima um judiciário
Altamente equivocado
Ministério Público ao lado
Das causas da burguesia
E uma procuradoria
Que não sabe procurar
Tristeza é acordar
Ao som da hipocrisia
Não há tristeza maior
Do que governo legítimo
Ser acordado no ritmo
Do quanto pior melhor
Acusado do pior
Por quem o pior fazia
E fará a partir do dia
que o povo se acomodar
Tristeza é acordar
Ao som da hipocrisia
Nessa inversão de papéis
Informações são forjadas
Hipócritas dão cabeçadas
Enfiam as mãos pelos pés
Ameaçando o FIES
O sonho da moradia
Direito a cidadania
E liberdade pra pensar
Tristeza é acordar
Ao som da hipocrisia
Causa tristeza de mais
Ouvir comemorações
Marcando o fim das ações
Das conquistas sociais
Quadrilhas profissionais
Pisando a democracia
Progresso de covardia
Ordem pra privatizar
Tristeza é acordar
Ao som da hipocrisia
Encarar falsos partidos
Com Propostas mentirosas
Propagandas enganosas
Que os programas são mantidos
Direitos adquiridos
Perdendo a autonomia
Pra manter a mordomia
Das gangs que vão entrar
Tristeza é acordar
Ao som da hipocrisia
Na ponte para o futuro
Adeus LGBT
Vão cortar CLT
Índios vão passar apuro
Quilombola vai dar duro
Mulher perder garantia
Tudo que for minoria
Tem tudo pra se ferrar
Tristeza é acordar
Ao som da hipocrisia
Tchau às Cotas raciais
Nesse Projeto imbecil
Caixa, Banco Brasil,
Institutos Federais
Vão vender a Petrobras
Como pão em padaria
E entregar de cortesia
O pre-sal do nosso mar
Tristeza é acordar
Ao som da hipocrisia
Abaixo os oportunistas
Da FIESP, BBB,
DEM e PSDB,
PMDB, golpistas,
Os coxinhas, os fascistas
Os integrantes da Cia
A mídia da baixaria
Elite burra e vulgar
Tristeza é acordar
Ao som da hipocrisia.
Antonio Lisboa.
Recife, 13 de Maio, 2014.
Recado do povo do Piauí: povo sem cultura é povo sem alma
Artigo de Jari Rocha para o Tijolaço:
Pra que Ministério da Cultura se temos a Globo?
Para a burrice e a subserviência imperarem em um país, é necessário que a seu povo impeçam de produzir e disseminar Cultura. E não só a sua, mas conhecer e digerir a que vem do mundo, como sempre foi muito antes da globalização, porque cultura é também absorver, processar e sintetizar, como o que é: um alimento.
Criado em 1985 – 26 anos depois do primeiro Ministério da Cultura do mundo, na França – o nosso MinC passou por vários governos, mas foi no primeiro mandato do presidente Lula, sob a batuta de Gilberto Gil, que a cultura começou a ser vista pela importância de sua diversidade e pluralidade.
Esses últimos 14 anos mudaram a cena brasileira resgatando aspectos culturais que são a nossa referência como cidadãos brasileiros. O Brasil que não se conhecia começou a se enxergar nos palcos, nas salas de cinema, nos livros, na música.
Pois foi esse o Ministério desta Cultura onde a gente se vê e se transforma o primeiro assassínio político do Governo da Usurpação.
Por economia? Não, mesmo.
Para se ter uma ideia, do ponto de vista orçamentário, o Minc representa 0,5% do Orçamento Geral da União. São 2.500 funcionários trabalhando e pensando a cultura do país, que representa 1,5% do PIB.
E com capacidade de gerar muito mais, inclusive porque não há um lugar onde a cultura brasileira, em todas as artes, não encante o mundo.
É porque cultura é, para esta gente, mercadoria comum, destas que se compra e vende: quem pode, vai à Brodway, quem não pode vê na Globo; O que ela quiser, aliás: seja das coisas boas que produz, seja do lixo que despeja a viciar seus espectadores.
A extinção do Minc vai gerar, em efeito dominó, demissões e desestruturação da atividade cultural no país. Isso terá impacto direto na vida das pessoas do interior e das periferias. Pois o que acontecerá é a volta ao passado, quando atividades de qualidade ocorriam somente nos centros das grandes cidades.
O Sistema Nacional de Cultura corre risco de se desarticular e o Plano Nacional de Cultura será paralisado, não há o que esperar.
O programa Cultura Viva pode, na mais otimista das previsões, sofrer cortes orçamentários, mas, na prática, acabará sendo deixado de lado. A extinção do programa é uma questão de tempo, pouco tempo, aliás.
O Vale Cultura, para ser operacionalizado, precisa de muitos funcionários e estrutura e já está sendo desmontada. Políticas de Promoção da Diversidade? Vai acabar tudo!
O IPHAN, que é um dos órgãos mais importantes do MinC, pois autoriza obras e tem poder de fiscalização e polícia, com o seu provável desmonte, servirá aos interesses da especulação imobiliária.
O caso mais emblemático será o Estelita. Poderão derrubar tudo e construir as torres gigantes no centro de Recife com uma simples canetada do Presidente do IPHAN.
A fusão da Cultura com a Educação é um engodo. Trata-se de um desmonte da cultura do Brasil.
Assim define Pedro Vasconcellos que, até ontem, era o Diretor de Políticas Culturais Estudos e Monitoramento do Minc:
Queremos um casamento da Cultura com a Educação, onde duas políticas andem juntas lado a lado, preservando suas identidades, onde a cultura contribua para a qualificação da educação e a educação contribua par ao desenvolvimento cultural. Isso que eles fizeram ontem é o casamento forçado do Coronel com a filha do outro Coronel que vende o dote, representa uma visão de mundo atrasada e reacionária.
Artistas brasileiros escreveram Carta Aberta em defesa do MinC e várias organizações, artistas e intelectuais do mundo todo deverão se manifestar. Com a extinção do MinC, o Brasil vai virar um pária internacional na área da cultura.
Para o ex-ministro Juca Ferreira:
O Brasil construiu um Ministério da Cultura contemporâneo, preparado para lidar com os problemas que remanescentes do século XIX, todos os do século XX que continuam ai, e já enfrenta os novos do século XXI. Portanto conseguimos produzir uma grande capacidade de enfrentar essa complexidade que é o Brasil, com essa fusão retrocedemos mais de 30 anos de esforços do estado brasileiro com a política cultural
Em seu facebook, o ex-ministro postou a Despedida de “Todos juntos” do MinC.
A luta contra o retrocesso proposto por um governo golpista não poderá parar, nem um minuto sequer.
(Reflexões sobre o fim do MinC)
Quem não tem compromisso com a cultura brasileira não tem compromisso com o povo brasileiro.
Ou tem um: o de não permitir que ele tenha identidade e, tendo identidade, pense seu país.
Recado do povo da Bahia: #ForaTemer!