por Sulamita Esteliam
Esta terça é quase um dia de graça. Deveriam pipocar fogos de artifícios. Escolho, dentre vários, três fatos que carecem de registro, e celebração. Nenhum deles é a coletiva do Eduardo Cunha, em Brasília, que não trouxe nada que se aproveite – a não ser que tem andado só.
1. Começo pela decisão do STF, por sua terceira turma e quatro votos a um, em transformar Jair Bolsonaro em réu em dois processos: por incitação ao estupro e injúria.
Língua fala…
A Corte acata pedido da PGR que o denunciou no episódio de 2014, quando ele agride a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e diz: “Não a estupro porque você não merece”.
Este senhor, que faz da esculhambação pública de colegas e adversários o modus operandi da práxis política, faz tempo vem pedindo um corretivo. Para ficar na linguagem de policial de caserna que ele usa e preza, a pleitear austeridade.
A apologia ao crime não pode ser confundida com livre manifestação do pensamento. E isso vale para todo mundo. Ou deveria. Mas parlamentares se escondem sob o manto da imunidade parlamentar para aprontar todo tipo de infâmia.
Haja vista o que tem feito Eduardo Cunha, o presidente afastado da Câmara dos Deputados.
Tomara estejamos vislumbrando o estabelecimentos de limites.

2. E não é que a Polícia Federal, depois de dois anos da queda do jatinho que matou Eduardo Campos e mais sete – infelizmente – enfim, encontrou os donos do Cessna!? Eis o segundo fato do dia.
Quatro empresários, todos pernambucanos, foram presos, um está foragido e 24 pessoas tiveram condução coercitiva para a sede da PF no Recife.
Estão presos João Carlos Lyra de Melo Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite, Apolo Santana Vieira e Artur Roberto Lapa Roval. Paulo César de Barros Morato está foragido.
A operação desta terça, que incluiu 60 mandatos de busca e apreensão Pernambuco afora, denomina-se “Turbulência”.
Descobre-se, afinal, o combustível da “nova política”. Campos, e sua sucessora na disputa de 2014, Marina, teriam tido a campanha irrigada por movimentação – intercambiada por empresas-laranjas – que ultrapassa a bagatela de R$ 600 milhões.
Marina nega.
Mas já é capa de jornais – de um jeito que ainda não acostumou frequentá-las.
A coisa rola desde 2010, foi intensificada em 2014, e interrompida após a queda do jato, constata a PF. A policia encontra, ainda, conexões com empresas investigadas na Lava Jato, como, por exemplo, a OAS.
Uma refrega com dinheiro público, e propina, desviados de obras como a Transposição do São Francisco e a Refinaria Abreu e Lima, no Complexo de Suape. Além do jato, não se sabe aonde foi parar tanto dinheiro, mas a PF tem sérias desconfianças. Então, vem mais coisas por aí…
A gente sabe que não foi nos investimentos destinados a gerar emprego e renda para a gente pernambucana. Aliás, Pernambuco está quebrado, segundo o governo herdado do PSB.
Leia como a imprensa pernambucana noticiou o assunto: aqui, aqui e aqui. Confira também a versão do Jornal GGN, do Luis Nassif, onde capturei a foto acima.
Claro que todo mundo é inocente até prova em contrário.
Mas todo esse lamaçal serve para mostrar que o que move o golpe parlamentar-jurídico-midiático em curso é mais do mesmo da hipocrisia e do cinismo geral daqueles que se acham donos da Nação.

3. O Vi O Mundo escancara o terceiro grande fato do dia. Em lauta reportagem, denuncia o que se segue: o dinheiro público dos mineiros, destinado ao programa Minas Sem Fome, foi locupletado pelos Perrella e pelo próprio pai do então governador, o ex-deputado Aécio Cunha.
No primeiro caso, algo da ordem de R$ 18 bilhões. O governo do hoje senador, contratou a empresa do deputado Zezé Perrella para produzir sementes de feijão para a Epamig, parceira da Emater no estado. Detalhe: sem licitação.
Anastasia, que o sucedeu manteve o convênio, que passou a beneficiar também o perrelinha Gustavo, já deputado estadual, e que agora vem a ser secretario de Esportes indicado por Temer.
A reportagem se baseia em auditoria da Controladoria Geral do Estado, detalhada em 162 páginas – aqui a íntegra.
Dá conta, por exemplo, de que onze dias antes de deixar o governo, Aécio Neves, via Epamig, fechou Termo de Parceria Técnica com a Perfil Agropecuária e Florestal Ltda para plantio de sementes de feijão.
Advinha quem era o sócio-majoritário da empresa? O senhor pai do ainda governador. Que recebeu adiantamento de R$ 150 mil reais para plantar sementes na Fazenda Ribeirão, em Montezuma, norte de Minas, e Mordogaba, sul da Bahia.
Montezuma, para quem se lembra, é aquele município do aeroporto digno de pousar boeings, e que hoje é pista de caminhada para os moradores da região. A lembrar o outro município “beneficiado” com o programa de construção de aeroportos familiares do ex-governador mineiro: Claúdio, no sudoeste do estado.
Um verdadeiro “choque de gestão”, entre amigos. Mas a matéria tem muito mais; inclusive recrudesce denúncias sobre a morte da modelo mineira, que estaria envolvida, como “mula”, no mensalão tucano.
É bandalheira pra ninguém botar defeito.
Clique para ler a íntegra no Vi o Mundo.
A legenda da foto dos tucanos :Tragam as algemas.
Legenda da foto dos tucanos : Tragam as algemas.