A mídia bem que tenta esconder o Lula, mas a resistência fura o cerco

por Sulamita Esteliam

Precisei do fim de semana para descansar olhos, mãos e braços, muito exigidos ao longo da semana. Se é uma coisa que o tempo ensina a gente é respeitar os próprios limites.

 

 

Mas a manhã desta segunda me pegou rindo à toa. A primeira notícia que vi, no Twitter/Guilherme Boulos, foi da ocupação do triplex do Guarujá. Ação de Militantes do MTST, movimento liderado pelo agora candidato do PSol à Presidência da República, e do Povo Sem Medo.

Cerca de 100 pessoas desembarcaram no Condomínio Solaris, onde fica o triplex que não é do Lula, mas da OAS. Alguns pularam as grades, subiram 16 andares de escada, arrobaram a porta e afixaram na sacada a bandeira do movimento e faixas que diziam:

“Se é do Lula é nosso. Se não é do Lula, por que ele está preso?”

Pensei cá, com meus botões, se o MTST guardou a sugestão do colega Xico Sá, replicada aqui no A Tal Mineira, há alguns meses: “Resolvi comprar a porra do triplex do Lula. Com quem eu trato?”.

A ocupação, em protesto contra a injustiça a que vem sendo submetido o ex-presidente Lula, foi manchete na imprensa internacional.

A ocupação terminou simbólica. Pouco depois do meio dia, os ocupantes deixaram  o imóvel, A saída foi negociada com a Polícia Militar, acionada por moradores do condomínio. Ameaçaram com desocupação truculenta e prisão em flagrante.

Mas serviu para denunciar a farsa  e a injustiça da prisão de Lula. Melhor da condenação sem crime e sem provas.

O triplex é da OAS, aliás, é um lixo, e Lula teria péssimo gosto se vislumbrasse aceitar o presente.

Conheça as imagens publicadas por Laerte Coutinho no Facebook. Além do que, está penhorado para quitar dívidas da construtora. O Solaris também está entre os que acionaram a empresa para resgatar pendências com o condomínio.

 

E assim, depois de um fim de semana com silêncio, a não ser pela estupidez das capas das semanais, exceto, como sempre, Carta Capital, Lula voltou a ocupar espaço no PIG.

 

Naturalmente que para demonizar a ação dos movimentos sociais que apoiam o ex-presidente, a corporificação dos “fanáticos” adoradores do diabo.

A cantilena é previsível: sagrada não é a honra e a vida das pessoas, sagrada é a propriedade privada.

Mas, como diria o filósofo Antônio Gramsci, lembrado pelo cientista político Juarez Guimarães a Conferência Lula Livre – Vencer a Batalha da Comunicação – sexta e sábado, em São Paulo -, “contra o pessimismo da razão, o otimismo da prática”.

“Estamos diante da mais dura e importante e mais bela de todas as campanhas públicas e políticas do nosso país. Com as forças da esquerda unidas foi possível deslegitimar o golpe. A campanha pela liberdade de Lula tem deslegitimado o judiciário brasileiro”, avalia o professor da UFMG.

E a lógica da ação é implacável, e está na boca dos acampados de Curitiba, também. Aliás, o Acampamento Lula Livre estar a pleno vapor, há mais de uma semana. Mas a mídia nativa não quer, na prática da soberba de que o que não publica não é notícia.

Em tempos digitais e de mídia livre, por menos alcance que se tenha, a pratica além de desrespeito ao seu papel de informar, se afigura autoengano.

Aliás, a tragicomédia da acusação contra Lula, que não se sustenta em provas, é motivo de espanto mundo afora. Está em todos os jornais, inclusive nos conservadores como o francês Le Monde e o estadunidense New York Times.

E é motivo de piada até na vizinha Argentina:

 

No sábado, aliás, um juiz curitibano determinou a desmobilização do Acampamento Lula Livre, atendendo a pedido do Município, sob pena de multa diária de R$ 500 mil.  Presente de aniversário de uma semana.

Mas a ordem oficial não chegou, e a informação foi ignorada, solenemente, até o fim da tarde desta segunda, enquanto se buscava solução jurídica e política. Um acordo foi firmado com a municipalidade e a Justiça.

O número de acampados já passa dos mil. A maioria vai para terrenos particulares locados pelo movimento. Uma parte fica onde está, como símbolo vigília de protesto. Inclusive há moradores que cederam o espaço de seus terrenos para barracas; essas também ficam.

Compartilho a assembleia de agora à noite, quando os informes foram consolidados.

O fato é que o ex-presidente segue ouvindo o sonoro “bom-dia, Lula” e o “boa-noite, Lula”, todos os dias.

Até mascotes o acampamento já tem. Uma cadela adotada pela barraca do pessoal de São Bernardo do Campo, recebeu o nome de Resistência; a outra é Lulinha.

A propósito da prisão ao arrepio da Constituição Federal, os partidos de esquerda, PT, PSOL, PCdoB e  PDT divulgaram, nesta segunda, nota conjunta em que repudiam o encarceramento do ex-presidente Lula, preso político na sede da Polícia Federal em Curitiba, Paraná.

Os quatro maiores partidos de esquerda afirmam que  “a injusta cassação política-jurídica do líder nas pesquisas de intenção de voto, significa aposta irresponsável no quadro de caos e incerteza que prejudica toda a população brasileira”. Link do blogue.

A nota é assinada pelos presidentes: Glesi Hoffmann, Juliano Medeiros, Luciana Santos e Carlos Lupi, respectivamente.

Eis a íntegra:

A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feita ao arrepio da Constituição Federal, representa agressão à democracia brasileira e aos tratados internacionais de direitos humanos, os quais consagram, como fundamentos dos regimes democráticos, os princípios da soberania popular, da presunção da inocência e do devido processo legal.

A origem das modernas democracias assenta-se justamente nesses princípios básicos, que têm no habeas corpus sua manifestação mais significativa. Assim sendo, a prisão de ex-presidente pode ser interpretada como uma decisão casuística, politicamente motivada, que cria insuportável insegurança jurídica no Brasil. O encarceramento apressado e injustificado do ex-presidente Lula, contra o qual não há uma única prova minimamente sólida de culpa, agrava sobremaneira o perigoso e crescente clima de ódio e de instabilidade política que tomou conta do país. A decisão, destituída de fundamentos jurídicos sólidos, configura ato deperseguição política, que tende a aprofundar a gravíssima crise econômica, social e política do Brasil.

A injusta cassação política-jurídica do líder nas pesquisas de intenção de voto, significa aposta irresponsável no quadro de caos e incerteza que prejudica toda a população brasileira. Confiamos, contudo, que as forças democráticas, dentro e fora das instituições, saberão reverter esse funesta decisão e libertar Lula. O que fazem hoje com o Lula poderão fazer com qualquer pessoa amanhã. Respeitar a Constituição é respeitar a democracia.

Carlos Lupi
Presidente nacional do PDT

Gleisi Hoffmann
Presidenta nacional do PT

Juliano Medeiros
Presidente nacional do PSOL

Luciana Santos
Presidenta nacional do PCdoB

Nota em repúdio à prisão do ex-Presidente Lula

 

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Postagem revista e atualizada às 21:50hs: inclusão de fala sobre sugestão de Xico Sá, publicada há tempos neste blogue

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