por Sulamita Esteliam
A amiga escritora mineira, Madu Costa, resume à perfeição o significado do jogo de estreia do Brasil na Copa do Mundo 2018 com a Suíça, que nem ferrolho usou: “Empatado, como o país”.
Empatar: verbo transitivo direto, no sentido de suspender, paralisar, embaraçar, impedir, empacar.
Um exemplo claro e grave da empatação é o Projeto de Lei 8939/17, de autoria do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), que entrou em regime de urgência para votação na Câmara Federal.
Sim, os golpistas têm pressa.
Permite que a Petrobras transfira até 70% dos campos do pré-sal concedido às petrolíferas internacionais por meio do regime de cessão onerosa, apenas com o pagamento de um bônus não definido.
Quer dizer, elas exploram as profundezas de nosso mar, com a nossa tecnologia – porque a estatal é que detém o conhecimento técnico da prospecção em águas profundas -, sem pagar a parte que cabe ao dono, que é o povo brasileiro.
Significa entregar, nos cálculos de quem sabe das coisas, nada menos que meio trilhão de reais do nosso dinheiro aos sanguessugas estrangeiros.
Dinheiro que deveria, segundo definição do governo Dilma, financiar a educação e a saúde da nossa gente.
A denúncia é do engenheiro de Minas e Energia, Paulo Cesar Ribeiro, funcionário da Petrobras.
Isso é que é empatar, com tudo dentro.
Empatados no futebol, onde o destaque do jogo foram o cabelo do astro fricoteiro Neymar, motivo de galhofa pelo planeta. Uma emissora Suiça, o país da dita neutralidade, deitou e rolou no contexto:
Empatados na política, onde o Judiciário, o Legislativo e a Mídia respaldam, cotidianamente, o desgoverno que desmontada toda a estrutura democrática, econômica e social do País.
Empatados na economia, com uma crise sem precedentes, que só não nos iguala à vizinha Argentina, por que os governos Lula e Dilma criaram um colchão de reservas internacionais, que o Banco Central queima sem dó, na tentativa vã de conter a disparada do dólar.
Empatados em nossos direitos individuais e coletivos, como cidadãos e como nação.
O noticiário deste início de semana mostra que o deus mercado só não pede para descer do olimpo da ganância, por pura arrogância. A bolsa em queda vertiginosa, a inflação em alta galopante e o PIB em bancarrota desmantelada, furando todas as previsões de otimismo cínico.
E a “culpa” continua sendo do Lula, condenado e preso, sem crime, sem prova e, portanto ilegalmente, há 73 dias na carceragem da Polícia Federal em Brasília.
A “culpa” é também da Dilma, derrubada num impeachment fraudulento que também nos envergonha mundo afora. E que a Suprema Corte, dois anos passados, se recusa a examinar no mérito, pois se o fizer, terá que declará-lo nulo, a bem da Constituição Federal. E o STF é parte do golpe.
Convenhamos que o cabelo do jogador-estrela da seleção, além de problema estético dele, é o menor dos nossos problemas. Ainda que jogar, com o salário que ganha, seja problema da Seleção, mas esta parece não se importar com as manhas do rapaz.
E já vimos esse filme antes, e nem me lembre do 7×1 em casa contra a Alemanha, vexame do qual foi poupado pela joelhada nas costas do jogo anterior.
E toque a CBF fazer reclamação formal de que o juiz “roubou” o Brasil no jogo contra a Suíça, desconsiderando um pênalti, claro, que poderia dar a vitória à Canarinha.
Tem direito, mas com o time milionário que mantém, tinha obrigação de ganhar, e contra os suíços, que nem usou a fama de retranqueiro para dificultar, era pra ser de goleada.
A cegueira já é motivo de memes nas redes sociais. Contraponto do comportamento “ovino”, no definir de outro mineiro, Beto Mafra, sobre como a população reage à verdadeira rapinagem sobre nossos direitos, riquezas e soberania praticada pelo desgoverno usurpador golpista.
Que nos diga a Petrobras, retalhada para servir de bandeja aos corsários internacionais. Mordomos da pirataria contra o Brasil é o papel do desgoverno, manietado pelas forças e apetite do capital externo.
A propósito, hoje é Dia Nacional de Luta em Defesa da Petrobrás. Parte da reedição da campanha O Petróleo é Nosso, de que participaram meus avós no final nos 40, quando Euzinha sequer era projeto. Só para você ter uma ideia de como este é um país que vai pra frente quando a direita assume as rédeas.
E há quem defenda essa política suicida e vira-latas de nosso patrimônio e soberania.
Deixo o vídeo com a fala do engenheiro, ex-diretor da empresa, descobridor do Pré-Sal, Guilherme Estrella, que cunhou a palavra !corsários” para caracterizar o papel da Shell e outras petrolíferas internacionais.
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Postagem revista e atualizada às 17:13 hs: inclusão do vídeo com a denúncia do engenheiro sobre a entrega do pré-sal; novamente já no dia 19, para corrigir o numero de dias que Lula está preso e substituir palavras mal empregadas. Já que entrei na roda, é pra dançar.