A água que você bebe pode conter veneno

por Sulamita Esteliam

Na Agência Pública, de jornalismo independente, encontro reportagem a respeito da qualidade da água que se bebe no Brasil. O título traz a pergunta fundamental: “Você bebe agrotóxico?

Euzinha, que moro no Recife e circulo por Porto de Galinhas, município de Ipojuca, no Litoral Sul pernambucano, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, posso dizer que não. Até porque bebo água mineral.

Mas, se bebesse a água da Compesa, poderia dizer que estaria segura sob esse aspecto. Não há contaminação de pesticida na água dos dois municípios.

Aliás, não há registro de agrotóxicos na água de quaisquer municípios pernambucanos, alagoanos, potiguares e amapaense .

Daí que é um crime misturar água tratada com água de poço, potencialmente carregada de metais pesados. Pode ser inacreditável, mas alguns condomínios o fazem, inclusive o que eu moro em Boa Viagem, em nome de economia de alguns reais na taxa. Sou inquilina, e só posso reclamar.

Já em Belo Horizonte, minha Macondo de origem, corro algum risco, pois foi encontrada presença do agrotóxico Alador, que pode causar problemas hormonais, além de câncer e problemas congênitos. Proibido na União Europeia, é considerado medianamente tóxico no Brasil, e autorizado.

A água de Sete Lagoas, a porta do sertão mineiro, região de origem da minha família, por exemplo, é tão saloba como a de qualquer litoral. Contudo, também não tem presença de veneno.

Em São Paulo, capital, há registro de nada menos do que 27 pesticidas na água que serve a população. Onze deles estão associados a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos.

Situação idêntica à de Fortaleza, Ceará, a capital do Rio de Janeiro e Linhares, no Espírito Santo, por exemplo. Já a água potável de Salvador está contaminada por 16 pesticidas. Aliás, a Bahia praticamente inteira tem problemas com a água que abastece a população.

A reportagem é assinada por Ana Aranha e Luciana Rocha, da Agência Pública e do Repórter Brasil. Os dados são do Ministério da Saúde e foram tratados em investigação conjunta pelas duas agências independentes e mais a organização suíça Publica Eye.

Constatou-se o seguinte:

“Um coquetel que mistura diferentes agrotóxicos foi encontrado na água de 1 em cada 4 cidades do Brasil entre 2014 e 2017. Nesse período, as empresas de abastecimento de 1.396 municípios detectaram todos os 27 pesticidas que são obrigados por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela Anvisa como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Entre os locais com contaminação múltipla estão as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas.”

Aqui a íntegra da reportagem

São informações públicas, que deveriam ser divulgadas como prevenção. Mais, o conhecimento dos dados deveria obrigar o poder de plantão a buscar solução para corrigir a contaminação, que é criminosa.

Ao invés disso, o desgoverno BBB – bala, boi e bíblia – libera o uso de venenos antes proibidos pela própria Anvisa.

Clique no mapa do Brasil para ver a situação do seu município

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