por Sulamita Esteliam
Estou de volta ao Recife, desde a noite da terça-feira – e 40 dias de viagem. Hoje acordei com a notícia de que a mancha de óleo que contamina o mar e as praias do Nordeste desde os fins de agosto, chegou a Barra de Jangada, no litoral de Jaboatão dos Guararapes.
Significa que está caminhando do Sul para o Norte, trazida pelas correntes marinhas? Nesse andar dos ventos e das águas, no meio do caminho tem Candeias, Piedade e, daqui a pouco, chega ao meu quintal amado, a praia de Boa Viagem.
Mas não. Também nesta quarta há notícias de que o óleo atinge, igualmente, a praia do Janga, em Paulista, no litoral Norte.
Assim como voltam a aparecer nas praias limpas por legiões de voluntários, com retirada de nada menos que 900 toneladas de óleo nas 200 praias atingidas em todo o Nordeste..
Dá arrepios só de pensar no estrago que pode causar nos 7,8 quilômetros de arrecifes de Boa Viagem, e mais 1,6 km de Brasília Teimosa. Só para, egoisticamente, ficar em meu território estendido.
Verdade é que a contaminação é ampla, geral e irrestrita. E todo o trabalho de limpeza das praias, que vem sendo executado por pescadores e voluntários, com pouco ou nenhuma ajuda do desgoverno federal, e com todo o risco à saúde das pessoas em ação, não tem muito sentido.
É no mar que é preciso conter o dano. E temos tecnologia e expertise para esse trabalho. Mas não se tem sequer a dimensão da extensão do estrago.
Simplesmente porque a União, a quem cabe a responsabilidade de agir sobre o desastre ambiental, está em desgoverno irrefutável.
O Plano de Contingência, aprovado em 2013, e em vigor desde aquele 22 de outubro, no governo Dilma Rousseff, só foi acionado há uma semana. Mesmo assim, diante de ameaça judicial.
E os comitês formados por órgãos diretamente ligados à questão, como Marinha, Ibama e que tais, simplesmente foram extintos ainda no início do ano.
Repito porque a mídia venal não se coça.
O Marco Zero Conteúdo, sítio de jornalismo alternativo e independente do Recife, está acompanhado a história desde o início, e aponta negligências, carências e omissões de toda sorte. É de lá que o A Tal Mineira reproduz informações relevantes, como a linha do tempo dos fatos até agora, e fotos impactantes e reveladoras.
Traz reportagens importantes sob dois aspectos: o científico-político e o sócio-econômico, digamos assim, todas com viés humanístico – que é como deve ser o Jornalismo com letra maiúscula.
Fato é que, para além do desastre ambiental, a poluição do mar e das praias afeta o sustento de milhares de pescadores e da cadeia de serviços e do comércio que depende do turismo – leia-se famílias inteiras em desespero., conforme mostra, também, reportagem da Fórum, que inaugura cobertura também in loco nesta data.
E agora, cá pra nós, tudo parece muito conveniente. Impossível não pensar nas peripécias do destino.
“Mera coincidência?”, questiona uma amiga que, com seu marido, vive há anos em Porto de Galinhas, na praia do Cupe, pouco afetada até então.
A verdadeira tragédia sócio-ambiental que atinge, tão e simplesmente, os estados do Nordeste, que se unem para conter os danos sócio-econômicos a que vêm sendo submetidos pelo desgoverno eleito sob fraude.
Uma região que não se rendeu à manipulação eleitoral e não se rende às ameaças e restrições impostas à sua altivez.
Seria a mesma “coincidência” que coloca fazendeiros apoiadores do desgoverno diretamente na cena do incêndio na Floresta Amazônica?
Euzinha não posso acusar sem provas, como é o modo usual nos últimos tempo. Apenas faço uma exercício de possibilidades.

Republicou isso em Gustavo Hortae comentado:
Mais 40 anos… período de trevas em que viveremos.
Acabamos por deixar uma mórbida e sórdida herança para os nossos filhos e, talvez, até para nossos netos. Que meeerrda!
> https://youtu.be/iWcnGinrcMQ