por Sulamita Esteliam
São ao menos 20 as acusações de crimes de responsabilidades que o capiroto-presidente cometeu ao longo do seu desgoverno: vão de genocídio e atentado à saúde pública à prevaricação e corrupção, passando por ameaças ao Supremo e apologia à tortura.
A conta é da oposição, que os reuniu no que deve ser o centésimo vigésimo segundo pedido de impedimento dele a ser protocolado nesta quarta na Câmara dos Deputados. A informação é da Revista Fórum, a partir de declarações de Rogério Correia, deputado pelo PT de Minas, que integra as articulações.
O que a oposição chama de “superimpeachment” condensa todos os crimes de responsabilidade apontados na centena e mais vinte requerimentos que dormitam nas gavetas do presidente da da Casa. E inclui a maracutaia para compra das vacinas Covaxin e CanSino.
Aliás, nesta terça, o governo passou recibo e anunciou, via ministro da Saúde, Eduardo Queiroga, a desistência do contrato mal-cheiroso, segundo disse, por recomendação da AGU – Advocacia Geral da União: “em nome da compliance”, nomezinho chic para arrumadinho cheirando a podre.
Enquanto isso, na noite desta terça, a Folha de São Paulo faz explodir mais uma bomba no colo do desgoverno: a denúncia de um representante de empresa que vende vacina, de que agente do desgoverno pediu US$ de propina por cada dose de Oxford/Astrazeneca.
Na transcrição da Fórum (link ao pé da postagem):
“A denúncia foi feita ao jornal por Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply. Segundo ele, a proposta de propina foi feita pelo diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, que foi indicado ao cargo pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Barros, inclusive, é apontado como envolvido diretamente na negociata com indícios de corrupção na compra da Covaxin, vacina indiana contra a Covid-19. O jantar teria acontecido no dia 25 de fevereiro em um restaurante de um shopping de Brasília.”
Empura que ele cai!
De volta ao superpedido de impeachment é um trabalho de fôlego, que facilita a tarefa do futuro relator. Isso se o pedido for acatado pelo presidente Arthur Lira, que é quem tem o poder de botar a roda para girar. E que só o fará segundo a própria conveniência e do seu grupo, o Centrão.
A Associação dos Juristas pela Democracia encabeça o requerimento, assinado por parlamentares da oposição, entidades da sociedade civil e pessoas de renome. virtualmente, nesta quarta, na Câmara dos Deputados.
Do ponto de vista jurídico, o que não falta é combustível para fazer o processo andar.
Todavia, a perguntinha incômoda, que não quer calar é: será que agora vai?
O escândalo das vacinas tem mais poder de sensibilizar os deputados e desmanchar a sustentação política que o genocídio de 516.019 pessoas, nesta data, não conseguiu?
Qual o papel das ruas na aceleração desse processo? Em que medida os protestos populares contribuem para mudar o cenário?
Há três atos de mobilização na agenda dos movimentos: em Brasília, dia 30, na entrega, ainda que virtual do superimpeachment e os atos nacionais de julho: dias 03 e 24. É torcer para que a pressão cresça e dê o empuxo fundamental ao livramento do Brasil.
Os analistas políticos estão céticos. Rafael Cortez, da Tendência Consultoria, por exemplo, ouvido em reportagem publicada pela UOL, põe o dedo no ponto nevrálgico:
“A questão central é em que momento a manutenção do atual governo deixa de ser funcional para essa maioria legislativa (o Centrão).”
Ou seja: a vontade política é regida pelos interesses cartoriais de quem vota a matéria. Até agora, o desgoverno tem dado as cartas, e elas estão marcadas.
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Fontes requisitadas:
Revista Fórum
Superpedido de impeachment contra Bolsonaro inclui prevaricação e corrupção
Bomba: Governo Bolsonaro teria pedido US$1 de propina por vacina, acusa vendedor
Escândalo das vacinas cresce com CanSino e Bolsonaro já admite corrupção em seu governo
Notícias UOL
O que é ‘superimpeachment’, nova aposta da oposição contra Bolsonaro
Carta Capital
Advogado de Barros atuou na negociação de compra da vacina CanSino