por Sulamita Esteliam
A amiga jornalista Eneida da Costa escreve sobre a aberração conterrânea e o preconceito de classe e de hábitos que não se enquadram nos vícios socialmente reservado aos poderosos.
Transcrevo, com autorização da autora:
E O AÉCIO FALOU
por Eneida da Costa – no Facebook
Leio que Aécio falou e os jornalões repercutiram: “Lula é bacana para tomar cachaça”.
Disse o moço branco do centro do lugar de poder de onde tudo se pode falar e de onde tudo o que se fala é ouvido, tem valor e é repercutido. Falou o filho da burguesia política e financeira, que nunca arrumou a cama.
Quando Aécio coloca Lula e Cachaça na mesma frase, destila todo o preconceito e todo o racismo que tem contra o operário presidente da República. Do centro da elite, branca, preconceituosa, o candidato derrotado, lembra quem ele não foi e Lula ousou ser.
Do alto de sua pequenez antidemocrática, de mau perdedor, de ressentido, usa a flecha do insulto para atingir o ex-presidente, mas como um bumerangue, sua retórica se volta contra seu telhado de vidro.
Na Presidência, Lula foi um grande divulgador da bebida. Ao invés do champanhe dos letrados com apartamento em Paris, oferecia cachaça aos seus visitantes estrangeiros. Em 2009, instituiu o Dia Nacional da Cachaça, que se comemora no dia 13 de setembro.
Lula, não nega, toma cachaça, a bebida nacional. Lícita. Produzida por 30.000 empresas de pequeno e médio porte. Exportada para 77 países, gerando receita de U$ 15 milhões. Dados da Expocachaça 2021. E o tucano de cem mil votos, qual a sua preferência?
Quanto aos cachaceiros, aqueles que produzem e exportam cachaça, que tanto devem a Lula pelo seu empenho pessoal em valorizar a bebida e torná-la um patrimônio, é delírio pensar que saiam do conforto covarde do mutismo com uma palavra, apenas uma, pro Lula.
Mas, Aécio falou. Lula é bacana. Lula é bacana mesmo. Lula é tão bacana que, não duvide, seria até capaz de chamar Aécio para tomar cachaça.
Eneida da Costa
Foto anterior substituída para adequação do tamanho da imagem de destaque: Lula em Minas, na Colonia Santa Isabel, em Betim, durante a Caravana Lula pelo Brasil em 2018 - Ricardo Stuckert