por Sulamita Esteliam
Transcrevo do Jornal GGN, com a emoção de súdita devotada de um rei que fez a alegria da minha juventude. Nosso rei-Reinaldo merece todas as honras e toda a glória.
Sim, é claro que sou Galo desde criancinha. Embora seja uma torcedora relapsa, daquelas que raramente param para ver um jogo. Ou como acusa o maridão, ” torcedora das horas boas”.
Não obstante, sou do tipo pé quente, posso garantir.
Digo que foi emocionante rever o rei no Mineirão no último domingo, desta vez na torcida, ele próprio emocionado com a performance do seu único time.
E naturalmente com a reverência que lhe fez o craque Hulk, ao comemorar o gol da virada contra o Fluminense com o punho direito erguido, o gesto real.
O choro de Reinaldo e a reparação de uma injustiça histórica
A injustiça histórica permanece, mas não esperamos 50 anos. Tivemos um Rei e ele esteve acima de todos os boyzinhos da Lubrax.

por João Camilo – no Jornal GGN
“Quando o torcedor do Galo fala em injustiça histórica, ela tem um rosto.
Este rosto é real.
Esse jogador que foi impedido de jogar na final de uma competição em que apresentou a maior atuação individual de um jogador na histórica do Campeonato Brasileiro.

Esse jogador que, mesmo sem suas melhores condições, segurou o Flamengo de Zico, mas não pode fazer nada contra o Flamengo de José Assis Aragão, que inventou uma expulsão para retirá-lo de campo.
Esse jogador que foi expulso por um precursor do Moro, que recebeu como prêmio um emprego para comentar arbitragem e explica sua atuação citando uma regra que nunca existiu (chamei os capitães e falei que o próximo colocaria para fora) e não é questionada pela mídia pretensiosa, que se arvora a corrigir o futebol brasileiro sem jamais se corrigir.
Essa mídia que normaliza os erros de arbitragem e é sempre célere para dar o benefício da dúvida quando as coisas estão no eixo. Basta sair do script, que temos a comissão de arbitragem deposta e declarações absurdas de “o maior roubo da história”.
O Bairrismo da Mídia não é um acontecimento de particulares, mas sistemático, fruto da construção social do país, ligada ao futebol e tem como objetivo proteger privilégios e os poderes de um grupo e região em especial. É tão ultrapassado e insidioso quanto qualquer outra forma de preconceito sistêmico e está cheia de preconceito racial contra os times fora do Eixo. Neste ano, já ouvimos constantes reproches quanto ao provincialismo mineiro, não ouvimos?
O que acontece neste ano não é reparação de uma injustiça histórica. É a continuidade da luta. O time da Globo e Ditadura militar não aceita perder e a mídia do eixo continua fazendo o papel de capataz.
A injustiça histórica permanece, mas não esperamos 50 anos. Tivemos um Rei e ele esteve acima de todos os boyzinhos da Lubrax.
As lágrimas do Rei limpam toda a tentativa de sujar esse título indiscutível criadas por jornalistas travestidos de moralistas e torcedores travestidos de jornalistas.
Torcemos contra furacões sem tremer. Vocês nunca tiveram uma chance.”
“NARRAÇÃO FERNANDO SOLERA. Ah, que esquadrão tinha aquele Flamengo. Raul, Júnior, Andrade, Carpegiani, Adílio, Zico, Tita, Nunes… Quanto craque! A bola passava de pé em pé, não havia retranca, o futebol era bem jogado. Quanta beleza! Ah, como era bom aquele Atlético. João Leite, Luisinho, Toninho Cerezo, Palhinha, Reinaldo, Éder… Só fera! Os alvinegros esbanjavam categoria, também jogavam puramente no ataque e tinham uma velocidade impressionante. Aqueles dois times mereciam ser campeões do Brasileirão de 1980. Como mereciam. Mas apenas um poderia vencer a decisão daquele ano. Quanta injustiça. Ver um daqueles times com o vice-campeonato seria um sacrilégio, um crime contra o futebol espetáculo. O palco foi o melhor possível: o Maracanã, transformado em Coliseu por mais de 150 mil pessoas que esperavam o embate entre gladiadores e feras. Mas o juiz escolhido fez questão de manchar um jogo histórico, elétrico e tido por muitos como o mais espetacular entre os que decidiram um Campeonato Brasileiro em todos os tempos. José de Assis Aragão virou vilão no dia 1º de junho de 1980 ao dilacerar as feras do Atlético-MG com três expulsões e uma delas sem qualquer razão: a de Reinaldo, o homem que humilhou o Flamengo e sua massa com dois gols mesmo com uma perna praticamente inutilizável. Não fosse a atuação desastrosa do juiz (?), o resultado daquele duelo poderia ser outro. Mas não foi. A taça ficou em ótimas mãos, afinal, o Flamengo também era um time magnífico e jogava um futebol virtuoso. Era o nascimento do esquadrão que seria campeão da América, do mundo e mais duas vezes do Brasil nos anos seguintes. Mas um Galo quase impediu tudo isso. É hora de relembrar.”