por Sulamita Esteliam
Vozes d’África se levantam para dizer o que a hipocrisia costuma esconder: o surgimento e a disseminação da Ômicron, nova cepa do Coronavírus, já velho, mas não cansado de guerra, é a desigualdade e do racismo estrutural, flagelos oriundos do umbigo do mundo.
Eis o ponto crucial.
“O surgimento dessa variante foi inevitável. Isso ocorreu devido à falta de vacinação e ao acúmulo de vacinas pelos países desenvolvidos.”
Palavras de Ayoade Olatunbosun-Alakija, porta-voz da Aliança Africana para a Distribuição de Vacinas, reportadas pela BBC Brasil, em entrevista publicada nesta segunda – link ao pé da postagem.
Sua voz tem ecoado há tempos sobre deixar a África de fora da partilha de imunizantes contra o vírus. Ela vai mais longe quando aponta o descaso e a discriminação para com o continente africano, o que tornou “inevitável” o surgimento da nova cepa:
“Era totalmente inevitável. Mas antes gostaria de dizer uma coisa: se a covid-19 que apareceu na China tivesse aparecido primeiro na África, não há dúvida de que o mundo teria trancado a África e jogado a chave bem longe.”
“Não haveria urgência em desenvolver vacinas porque seríamos dispensáveis. A África teria se tornado conhecida como o continente da covid-19.”
Em outras palavras, não adianta fechar fronteiras, criar e reproduzir vacinas se elas não alcançam todos os países igualmente, em quantidade, qualidade, urgência e celeridade.
O mundo é maior do que a Europa e os Estados Unidos.
Dados internacionais sobre vacinação Covid-19
Um boa síntese nesse tuíte:
Clique para ler a íntegra da entrevista de Ayoade ao portal BBC Brasil.
Ainda sobre o assunto, e ainda com foco na discriminação, repercute fortemente artigo assinado pelos escritores José Eduardo Agualusa e Mia Couto, ambos africanos com origem portuguesa. Foi publicado originalmente no portal da revista Pública, em Portugal.