por Sulamita Esteliam
Panorama da testagem De Covid-19 no Recife: nesta segunda, 24, o Governo do Estado inaugurou novo centro de testagem, desta vez no Parque Dona Lindu, equipamento municipal que leva o nome da mãe do ex-presidente Lula. É um parque com teatro e sala de exposição, de frente para o mar.
Chegamos às nove e 15, Euzinha e o maridão; pegamos as fichas 481 e 482, das 500 que atendem diariamente. Outro tanto de gente voltou para casa sem atendimento, porque se fixou no horário prolongado de funcionamento, e não se ligou no limite de testes diário.
O que não exime o governo de reavaliar a quantidade de atendimentos diários em todas as suas unidades. O próprio secretário estadual de Saúde, André Longo, disse que não faltam testes e testagem nunca é demais.
Então é aumentar o contingente de pessoal para atender a demanda explosiva, na medida do contágio da Ômicron. O crescimento nacional é de 107%, segundo o Conass. Aqui em Pernambuco é de 315% no período de 15 dias.
Todas as unidades de testagem cospem gente pelo ladrão. E as UTIS também estão saturadas, apesar do aumento considerável de leitos.
Se é assim agora, imagina quando março chegar, e com ele as chuvas e a curva de crescimento das doenças respiratórias, que em Pernambuco comumente se agrava até maio.
O próprio secretário, mais uma vez em coletiva de imprensa, disse que torce para que se repita aqui a curva mais curta da doença, verificada lá fora, sobretudo na Europa e na África do Sul, onde a variante começou. Mas, lembra da sazonalidade infalível até prova em contrário …
De volta ao Dona Lindu, lá pelas 13:50h estamos na antessala, quase lá. Prioridade é só para cada grupo de 16 pessoas chamadas. É o famoso jeitinho brasileiro de interpretar a lei.
Embora seja justo que quem chega primeiro seja atendido primeiro, o critério da idade e das condições especiais tem que ser observado, e não só por que é lei; é questão de humanidade.
Não falo por mim ou pelo maridão: temos saúde boa, andamos quilômetros diariamente e resistimos bem a três, quatro horas de pé. Mas não é o caso da maioria.
E confesso que tive certa preguiça de criar caso. Afinal, estreia é estreia, sempre tem descompasso. Além do mais, ter conseguido a oportunidade de testar me deixou de bem com a vida.
Nossa caçula trabalha exposta e testou positivo para Covid-19. Está de quarentena, mas bem. Tomou as duas doses mas o reforço da vacina, o que a protege do agravamento. Os sistomas começaram na sexta pela manhã. Testou positivo no domingo.
Infectada, obriga a quem convive com ela a testar também. Por isso, mesmo assintomáticos, fomos à luta, Euzinha e o maridão, fazer o dever de casa. Estreamos o novo Centro de Testagem público e sem agendamento, no Parque Dona Lindu.
Quatro horas de fila – prioridade zero – mais 15 minutos de espera pelo resultado e o prêmio: ambos negativos.
Tamanha demora, contudo, terminou mais rápido que a propalada eficiência particular: um dos meus netos esperou 5h para fazer o teste numa farmácia em Piedade, na vizinha Jaboatão dos Guararapes, e pagou 100 pratas. Ele também teve resultado negativo. Mas o mais velho está covidado, também.
A maioria absoluta das 500 pessoas que conseguiram testar nesta segunda de estreia no centro à beira mar, estava com sintomas.
Era o que se ouvia, e Euzinha percorri a fila umas três vezes, contando e recontando para assegurar que valia à pena esperar até a distribuição da última ficha.
Lembre-se! Vacina, máscara, testagem e cuidados de higiene e convívio social evitam o mal maior.
Só o coisa ruim e o desMinistério da Saúde entendem de maneira contrária. Ao ponto de soltar nota técnica, portanto oficial, desconsiderando a vacina e insistindo no uso inadequado da hidroxicloroquina e do tratamento precoce.
Isso sem contar o jogo da insensibilidade com a morte de crianças por Covid-19. Mortes evitáveis, se a vacinação tivesse se iniciado em tempo hábil.
Curioso é que circulam nas redes fotos do desministro, que é médico, e da chamada “capitã cloroquina”, secretaria da pasta, usufruindo do direito de se vacinar.
Tudo nesse desgoverno é mentira, é falso, é ridículo, é nojento, é canalhice, é manipulação para manter o gado unido.
A despeito disso, parlamentares da oposição se mobilizam junto à Procuradoria Geral da República e à Suprema Corte para anular o efeito da nota.
A coisa é tão bizarra que até a AMB, a Associação Médica Brasileira se coçou e soltou Nota de Repúdio à Conduta do Ministro da Saúde no enfrentamento à Covid 19.
A entidade lista os equívocos de seu associado, recomenda ao ministro que cumpra a Constituição Federal e respeite o Código de Ética Médica.
Em outra nota, a entidade requer ao Ministério da Saúde que revogue a Nota Técnica que anula as decisões da Conitec – Comissão Nacional de Incorporação à Tecnologia no SUS, de fins do ano passado, sobre as atenções no tratamento da Covid-19, que rechaça o uso do chamado Kit Covid por ineficácia.
Enquanto isso, o Conselho Federal de Medicina se recusa a olhar para cima e para os lados. Talvez para não ter que enquadrar seu membro mais famoso, e parte da própria categoria, que nega a ciência, o juramento profissional e a lógica sabe-se lá em nome do quê…
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Fontes requisitadas
Marco Zero Conteúdo
Quanto tempo vai demorar a variante Ômicron no país
GGN
107% de crescimento de novos casos em apenas 7 dias
G1
AMB critica comportamento de Queiroga no enfrentamento à pandemia de Covid