por Sulamita Esteliam
Estava com saudades da presidenta Dilma, e nesta sexta-feira ela me reaparece de forma estelar: primeiro no resgate de artigo-resposta a uma jornalista global, que sempre se fez palmatória do mundo – à vontade do patrão; depois, nas redes, no vídeo que posto a seguir.
Todavia, comecemos pelo vídeo, que reproduzo a partir de postagem no perfil d’Euzinha no Instagram:
Como se vê se a santa não faz milagre em casa, é reconhecida e aplaudida lá fora. No caso, em Honduras, onde foi convidada especial para a posse da primeira mulher a presidir aquele país. A exemplo do Brasil, destruído pelas políticas do liberalismo predador.
Xiomara Castro de Zelaya foi primeira dama de Honduras de 2006 a 2009. O presidente José Manuel Zelaya Rosales foi obrigado por militares a exilar-se na Costa Rica, no golpe inaugural da série que viria a suceder-se na América Latina.
Recebe um país destruído social e economicamente, onde 74% da população vive na miséria. Ela promete refundar o Estado socialista e democrático no país mais pobre da parte pobre das Américas.
“Temos o dever de restaurar o sistema econômico sobre a base da eficiência e da justiça social.”
Os desafios são muitos e imensos. Xiomara não parece temê-los.

Definitivamente, essa Latino-América não é para amadores. Que o diga Dilma Vana Rousseff.
Enquanto muitos a presidenta golpeada, aqui em casa somos todes admiradores do estilo Dilma de ser. E consideramos uma baita sacanagem política, machista e misógina, o que este país fez com a primeira mulher eleita presidenta do Brasil.
Pronto, falei.
Agora, voltemos no tempo e deixemos a Dilma falar, cumprindo o desejo das redes. E fala com toda razão e propriedade.
O artigo, referido tão somente, e resposta, recuperada pelas redes e transcrita abaixo, são de janeiro de 2021.

“Miriam Leitão comete sincericídio tardio em sua coluna no Globo de hoje (24 de janeiro), ao admitir que o impeachment que me derrubou foi ilegal e, portanto, injusto, porque, segundo ela, motivado pela situação da economia brasileira e pela queda da minha popularidade. Sabidamente, crises econômicas e maus resultados em pesquisas de opinião não estão previstos na Constituição como justificativas legais para impeachment. Miriam Leitão sabe disso, mas finge ignorar. Sabia disso, na época, mas atuou como uma das principais porta vozes da defesa de um impeachment que, sem comprovação de crime de responsabilidade, foi um golpe de estado.
Agora, Miriam Leitão, aplicando uma lógica absurda, pois baseada em analogia sem fundamento legal e factual, diz que se Bolsonaro “permanecer intocado e com seu mandato até o fim, a história será reescrita naturalmente. O impeachment da presidente Dilma parecerá injusto e terá sido.” O impeachment de Bolsonaro deveria ser, entre outros crimes, por genocídio, devido ao negacionismo diante da Covid-19, que levou brasileiros à morte até por falta de oxigênio hospitalar, e por descaso em providenciar vacinas.
O golpe de 2016, que levou ao meu impeachment, foi liderado por políticos sabidamente corruptos, defendido pela mídia e tolerado pelo Judiciário. Um golpe que usou como pretexto medidas fiscais rotineiras de governo idênticas às que meus antecessores haviam adotado e meus sucessores continuaram adotando. Naquela época, muitos colunistas, como Miriam Leitão, escolheram o lado errado da história, e agora tentam se justificar. Tarde demais: a história de 2016 já está escrita. A relação entre os dois processos não é análoga, mas de causa e efeito. Com o golpe de 2016, nasceu o ovo da serpente que resultou em Bolsonaro e na tragédia que o Brasil vive hoje, da qual foram cúmplices Miriam Leitão e seus patrões da Globo.
DILMA ROUSSEFF”