por Sulamita Esteliam
O aniversário foi dia 10, mas todo dia é dia de celebrar. Afinal não sempre que um partido faz 42 anos, com trajetória tão vigorosa, quanto acidentada e vitoriosa. E este partido é o PT, a estrela que brilha no coração de muita gente; no meu, desde o nascimento.
Só que vou fazer diferente: ao invés de escrever um texto, certamente emocionado e ainda mais parcial que de costume, compartilho o artigo bem equilibrado do colega blogueiro Arnóbio Rocha, um advogado cearense, radicado em São Paulo.
PT – 42 anos – O renascimento do Partido

por Arnóbio Rocha – em seu blogue
O PT nasceu como partido de massas, com estreitos vínculos com os movimentos sociais, sindicais, no campo e na cidade, no reflorescimento das lutas políticas e sociais contra a Ditadura Civil-Militar, em meio às greves da classe operária e como movimento alternativo aos antigos PCs e suas táticas de conciliação de classes. As tendências e a Democracia interna, sem centralismo formal e burocrático foram um marco na esquerda brasileira.
O PT surgiu como força política que disputaria a hegemonia na Esquerda e na sociedade, elegeu deputados, prefeitos, já na suas primeiras experiências eleitorais. A campanha pelas Diretas Já e depois o boicote à escolha indireta do presidente, em 1985 foram fundamentais para o reconhecimento do PT como o partido diferente dos demais no cenário brasileiro.
O PT foi a força principal na construção da Central Única dos Trabalhadores e na formação do Movimentos dos Trabalhadores Sem Terras (MST), foi importante na construção das oposições sindicais contra o peleguismo e o alinhamento patronal, fruto da ditadura.
As vitoriosas campanhas para prefeituras de capitais, como Fortaleza (1985) e São Paulo (1988), depois a disputa eleitoral de 1989, fazem parte de um momento histórico e de grande ruptura dos anos de 1980, em que o PT se firmou como a mais importante força política da esquerda brasileira e de partidos em geral, que se preparava para vencer disputas maiores.
A queda do muro de Berlim e do leste europeu teve enorme impacto na esquerda no mundo e no Brasil. O Capital passa a extrema ofensiva política e ideológica, praticamente todos os antigos Partidos Comunistas se esfacelaram ou assumiram posições sociais democratas, diante do neoliberalismo que se impôs como nova ordem, poucos sobreviveram com influência real na sociedade.
O PT fez sua inflexão política, o discurso mais radical e anticapitalista cedeu espaço para uma visão pragmática e de manutenção das lutas nos marcos do Capitalismo, uma visão de centro-esquerda, com referência na Social Democracia, mas de difícil implementação num país como o Brasil. Essa contradição impulsiona e cria impasses históricos.
A máquina eleitoral em que se transformou o PT nos anos de 1990, com presença em todos os cantos de um país continental, levou-o as quatro vitórias seguidas nas eleições gerais para presidente e de governadores de estado. Desde 1989, o PT disputou e chegou ou a vitória, ou em segundo lugar em todas as eleições gerais. Essa força política tem o poder de atração muito além daquele núcleo inicial dos anos de 1980.
A consolidação do PT, com todas as suas contradições, acertos e erros, transformaram o partido num bloco de resistência da classe trabalhadora e do povo contra o Capital, ainda que sua direção (envelhecida) tenha procurado seguidamente a conciliação e a administração responsável do Estado Burguês, a base e as expectativas de ruptura contra ele permanecem em tensionamento histórico.
Aos 42 anos, às vésperas de mais uma eleição presidencial, tendo Lula, o seu maior líder histórico como um favorito, em meio a reconstrução do PT, depois de um duro período de derrotas e incertezas, o PT demonstra uma energia e vitalidade impensáveis há 4 anos, é dessa força original que alimenta-se a esperança de vitória e de novas mudanças, num cenário ainda mais complexo.
Viva o Partido dos Trabalhadores, viva os Trabalhadores e o Povo Brasileiro.
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Assista ao vídeo das celebrações dos 42 anos do PT, que foram transmitidas ao vivo, na sexta-feira, 10: