por Sulamita Esteliam
As urnas falaram, e deu Lula na cabeça no primeiro turno, com cerca de 6 milhões de votos de frente do segundo colocado – com manipulação, mentiras, campanha de ódio, uso da máquina governamental e tudo mais: 48,43% a 43,20%. Não é pouca coisa.
É claro que a gente – mulheres e homens que se importam – queria, acreditou e lutou para liquidar a fatura, já! Contudo, não há motivo nem é hora de choramingar pelos cantos: nós vencemos, e quem está na liderança tem mais é que celebrar, mantendo-se ativa no campo de batalha.
Como diz Lula, estamos na prorrogação, e vamos ganhar o jogo:
“A luta continua até a vitória final. Este é o nosso lema”.
É bom não esquecer que, à essa altura há quatro anos, o ex-presidente Lula estava no cárcere da Polícia Federal em Curitiba. Enjaulado por 580 dias, por condenação sem provas, para que não ganhasse a eleição que nos trouxe o pesadelo que desgoverna o Brasil.
Lula, líder da disputa também este ano, não se esquece. Na noite do domingo 2, falou à imprensa:
“Obrigado ao povo brasileiro, por mais este gesto de generosidade. Há quatro anos, eu era tido como fora da política. E eu disse que a gente retornaria, e retornaria com mais força, mais vontade, mais disposição. Porque a única razão da gente lutar é para que o povo brasileiro conquiste aquilo que precisa.”

Há motivos de sobra para comemorar, e não vai aí salto alto coisa nenhuma: o PT aumenta suas bancadas no Congresso Nacional: de 56 para 68 deputados e deputadas e fez 3 senadores e 1 senadora.
Há 17 mulheres na futura bancada na Câmara – confira os nomes por estado no link ao pé da postagem. A Federação Brasil Esperança soma 80 parlamentares – 6 do PCdob e 6 do PV – e é a segunda maior bancada; o PL é a maior com 101 deputados, mas antes, pós-janela partidária já havia dobrado a bancada, de 36 para 78 deputados. .
O número de mulheres eleitas, no geral, cresce 18% em relação à composição atual, apesar da renovação no global ser menor: cerca de 39%.
Também fica aquém da espectativa a evolução de eleitos negros: 8,94%, embora as candidaturas com esse perfil tenham aumentado 36,25% nestas eleição, comparativamente a 2018.
Partidos aliados da esquerda, como o PSol e PSB, elegeram 14 representantes cada qual. Dentre os eleitos do PSol está Guilherme Boulos, o mais votado por São Paulo, e duas indígenas – Sônia Guajajaras (SP) e Célia Xacriabá (MG). A Rede conquistou 3 cadeiras, uma delas a que virá a ser ocupada por Marina Silva, presidenta do partido.
A representação indígena cresce de uma representante para cinco, sendo uma de direita. Mas Joenia Wapichana (Rede-RR) não se reelege.

São Paulo e Minas Gerais elegem duas mulheres trans, de esquerda, para a Câmara dos Deputados: respectivamente Erica Hilton (PSol), negra, e Duda Salabert (PDT).
No Senado em 2023 a representação petista passa de 7 para 8 ou 9. É que um dos senadores da bancada atual, Rogério Carvalho, lidera a disputa no segundo turno da eleição para governador de Sergipe; e o suplente não é do PT.
O PT elegeu três governadores no primeiro turno, todos no Nordeste: Fátima Bezerra, no Rio Grande do Norte; Rafael Fonteles no Piauí e Elmano de Freitas, no Ceará.
O partido é líder no segundo turno para governo estadual também na Bahia, com Jerônimo Rodrigues. E vai à luta em São Paulo, o maior colégio eleitoral, com Fernando Haddad e em Santa Catarina, reduto do Coisa-ruim, com Décio Lima.
Dentre os quatro novos senadores eleitos, dois são os ex-governadores pelo partido: do Ceará, Camilo Santana (70% dos votos), e do Piauí, Wellington Dias (51% dos votos). Outro que chega é Beto Faro, do Pará, atual deputado federal e presidente do Diretório Estadual do PT (42% dos votos). Ele substitui Paulo Rocha, atual senador pelo estado, cujo mandato termina ano que vem.
Na bancada para 2023 está, ainda, a primeira mulher pernambucana no exercício do mandato, que é de oito anos: Teresa Leitão, quadro histórico do PT, fundadora e ex-presidenta do sindicato dos professores, deputada estadual pela quinta vez consecutiva, eleita a com 46% dos votos.

É exemplo da força dos movimentos sociais que nesta eleição, a exemplo de pleitos anteriores, mesmo em 2018, traduz capilaridade em votos, tanto para os executivos como para os legislativos.
É também um refresco na composição da Casa dos Estados no Legislativo: os quatro eleitos do PT, mais Flávio Dino (PSB) que vem representar o Maranhão, ocupam vagas deixadas por representantes da direita.
Inegável, entretanto, que a eleição para o Senado reforça seu perfil à direita, com a recondução ou eleição da base de apoio do ser que nos desgoverna; a começar pelo PL, que assegurou a maior bancada. No frigir dos ovos, 19 dos 27 eleitos são da direita, três do chamado centro e 5 da esquerda.
Dentre os que chegam, estão a ex-desministra dos Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos-DF); o ex-desministro da Ciência e Tecnologia e ex-astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e o ex-juizeco, ex-desministro da Justiça, Sérgio Moro (Podemos-PR); o pastor Magno Malta (Pl-ES) e o futuro ex-vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
A lembrar que a eleição deste ano renova apenas 27, um terço das 81 cadeiras do Senado. Na maioria atual, do centro à direita, há cinco reeleições, duas dos quais do PL, uma da União e três do PSD.
O jogo é jogado e o lambari é pescado, diz o ditado popular. E esperançar é atitude, ação! Então, bote fé, se mexa e bora consolidar a vitória, que dia 30 é logo ali.
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Fontes requisitadas:
PT Brasil: Bancada federal passa de 56 para 68 deputados, 17 mulheres
Agência Senado: Nova composição para 2023
Agência Câmara: Perfil da bancada indígena
Representação negra é menor que o esperado
TSE: Como ficou o quadro eleitoral após o 1º turno
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Postagem revista e atualizada ao meio dia e às 19h30 de 04.10.2022: correção de erros de digitação, inclusão de nomena relação de eleitos ao Senado e de link com o resultado eleitoral.
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