por Sulamita Esteliam

A capital mineira vai abrigar o Memorial da Anistia, projeto do Ministério da Justiça em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. No último sábado foi lançada a Associação dos Amigos do Memorial da Anistia. Assinaram a ata de constituição, 248 pessoas. Políticos, militantes históricos, organizadores e apoiadores presentes. Sucesso total.
É o que contam Betinho Duarte, ex-presidente da Câmara Municipal e um dos coordenadores da entidade, via Facebook; e Nilmário Miranda, secretário Nacional de Direitos Humanos, no primeiro governo Lula e atual presidente da Fundação Perseu Abramo, em seu blogue – bem no seu estilo homeopático.
O antigo Coleginho abrigou a assembleia. A mesma casa onde funcionava a escola de Psicologia, instalada no terreno da nossa antiga faculdade, no Santo Antônio: a gloriosa e combativa Fafich – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, na Carangola, 288.
Nada mais simbólico, e apropriado, para sediar um memorial que se destina a preservar a memória e o acervo histórico da repressão política na longa noite da ditadura no Brasil.
Era no coleginho que, nos anos 70, a resistência se reunia para definir ações de protesto, escrever e rodar panfletos e que tais – participei dos mutirões-suicidas de divulgação, na segunda metade da década. Tempos das máquinas de escrever, do mimeógrafo e do giletepress, do gosto amargo do medo, da incerteza do talvez, da consciência de que era preciso gritar ou calar-se, mas seguir em frente, apesar de.
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Como define o próprio estatuto da associação, será um local para “reflexão e encontro dos brasileiros com a sua história, e de afirmação de que é importante lembrar para não repetir”. Clique para assinar a petição pública. Euzinha já assinei.
O Memorial tem verbas do Ministério da Justiça, coisa de R$ 14 milhões, segundo Nilmário, que vai coordenar os trabalhos de implantação. Detalhe, trabalho e posto sem remuneração: “Foi minha condição para aceitar”, me disse Nilmário em nosso encontro em sua casa, em Beagá, na Sexta da Paixão.
Nilmário escreve no blogue:
“O memorial é um projeto do país, portanto, suprapartidário. Daí a presença de pessoas do PT, PCdoB, PCB, PCR, PDT, PSB e PSDB. Importante também a presença de estudantes da AMES, UBES, CAAP, do ex-presidente do DCE da UFMG (Estevão Cruz), das filhas do amigo Pachola.” Leia mais aqui, aqui e aqui.
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Também no Blog do Nilmário, uma boa notícia: a reprodução da entrevista que ele concedeu a Renato Dias, do Jornal Opção. Nela, ele manifesta sua expectativa de que a Comissão da Verdade possa vir a ser aprovada ainda este mês, na Câmara dos Deputados, e no Senado, em junho. O dia D seria o dia 25, quando os líderes partidários podem acertar a aprovação do requerimento de urgência.
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