por Sulamita Esteliam
Este blogue completa um ano neste 11 de setembro. Por isso, excepcionalmente, blogo neste fim de semana, pois foi num sábado que o coloquei no ar: aqui e aqui. A escolha da data, perceptível, não é gratuita. Aqui, também, se trava uma guerra – da comunicação. Com as limitações de porte e alcance, se disputa a hegemonia da informação, que se pretende de qualidade. Esta postagem, entretanto, trata dos outros dois 11 de setembro.
Tinha 19 anos, casara há pouco mais de um ano, era analista-operadora de mercado de capitais, fazia o segundo ano do agora ensino médio – depois de ter abandonado o curso de química industrial na então Escola Técnica Federal. Morava em Belo Horizonte, Minas Gerais, minha terra de origem.
Entretanto, não me lembro do que fazia em 11 de setembro de 1973, uma terça-feira, quando tropas, tanques e bombardeiros atacaram o Palácio de la Moneda, em Santiago do Chile. Salvador Allende e seus ministros estavam lá.
O presidente, democraticamente, eleito pelo povo chileno quedou-se ali. Não importa que tenha apertado o gatilho, como se comprovou, recentemente: Allende foi assassinado, e a sangrenta ditadura de Pinochet foi instalada, para desespero de sua gente.
O vídeo abaixo é um relato poético, e emocionante, sobre o que se passou:
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Faltava pouco para as 9:00 da manhã de 11 de setembro de 2001. Eu estava ao computador, finalizando um trabalho de edição, quando o telefone do meu escritório improvisado em casa tocou. Era a secretária de uma empresa pública do Recife, na qual eu estava assessora de comunicação – e onde eu não dispunha de uma máquina decente para trabalhar:
– Sulamita, você está com a TV ligada?
– Não… por que, deveria!?
– Então ligue, já, porque se eu disser, você não vai acreditar…
Acionei o controle remoto, e lá estava, repetida à exaustão, a imagem em chamas da primeira das duas torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York.
– Meu Deus! Acertaram o coração dos Estados Unidos…. E isso não vai parar aí, pode acreditar… – pensei ter falado com minha colega, que permanecera na linha
– Sulamita, você está aí?
– Hã? Sim, estou… dizendo que os Estados Unidos colhem o que plantaram, e seu povo, infelizmente, paga pela ganância, prepotência e arrogância de seus governantes.
– Credo, Sulamita, isso é jeito de falar? Que coisa louca, mulher!
– E vou lhe dizer mais: claro que lamento pelas vítimas, pelas vidas. Mas não vai parar aí não… Se eu fosse terrorista, acertaria o Pentágono, Walt Street e o Congresso norte-americano…
– Vixe-Maria! O pior é que você tem razão…
– Aí, não falei? Olha lá, o outro avião… vai bater na outra torre…! Ai, Meu Deeuss!
Clique para ler o relato do que foi o 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Eis o vídeo do atentado :
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Carta Maior preparou edição especial sobre o 11 de setembro: no Chile e nos Estados Unidos. Vale leitura atenta, inclusive do editorial.
Parabéns pelo primeiro ano; que muitos mais venham por aí.
Grande beijo.
Obrigada,Zé. Xêro mineiribucano.
No primeiro 11/09, estava em Recife. Vivia lá e era militante clandestina. A emoção, tristeza, dor foi tanta que não percebi que isso significava aumento da repressão no Brasil. Menos de três meses depois estava no DOI-CODI: OBAN e meu companheiro tinha sido assassinado em Recife.
No segundo, meu filho me chamou para ver na TV e eu pensei no primeiro momento que era um filme de ficção.
Meus respeitos, admiração e solidariedade, Madalena. Obrigada por acessar o blogue e comentar a postagem. Abs.