
Minha Belo Horizonte faz 116 anos neste 12 de dezembro, e me dou conta de que jamais escrevi um poema para a minha cidade cordial*.
Descobri mais: que não estou sozinha no desleixo poético com a cidade de poetas em cada esquina. Resistentes, quase sempre.
Fato é que a busca na rede não é das mais frutíferas – em volume, pelo menos. E há sempre um Drummond a nos lembrar o Triste Horizonte.
Talvez aí resida o paradoxo que em mim se agita, sempre que penso na Beagá que me habita: a cidade do coração e da fantasia, a digladiar-se com a cidade de fachada.
A busca, desde o Recife quincentenário, quase – que também aniversaria dia 12, só que de março, junto com Olinda, só que com dois anos de intervalo para menos -, leva ao poema que posto abaixo, da lavra de Ricardo Mainieri, um gaúcho, de Porto Alegre …
Beagá, sagitariana montanhesa, com ares de enrustimento bafejados pelo incesto, agradece a alquimia com os pampas, bem ao seu paladar de Brasil.
Ao poema:
Pelas paisagens de Beagá
Ricardo Mainieri – Blocos Online

Belo Horizonte
a Avenida contorna
o núcleo generoso
da mineiridade.
Percorro
Barro Preto
Savassi
Funcionários
Pampulha
cinturão de beleza
no ventre da serra.
Do alto do
Curral del Rey
Mangabeiras
Serra Verde
Sion
o tom certo
de suas canções
e o Clube da Esquina.
Deste pampa
te saúdo.
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* A Cidade Cordial, título do meu próximo romance, em gestação.
Um comentário sobre “Um poema para a aniversariante Beagá”