por Sulamita Esteliam

Desde o episódio Santander, que limitei-me a contraditar nas redes sociais, ando querendo escrever sob os abusos em nome do “deus mercado”. Então, esta postagem, a segunda de uma baita sexta-feira, não compensa ausências, só resgata a hipocrisia e a empáfia que vigora onde o capital dá as cartas, sempre em benefício próprio, inclusive da e na mídia.
Aconteceu na semana que passou. Escrevi no FB, à guisa de introdução para o acesso à matéria da BandNews:
É muita cara de pau! O Santander, banco estrangeiro, primeiro, faz terrorismo com clientes seletos sobre a política econômica e eleições próximas. Qdo a titica se espalha no ventilador da mídia e redes sociais, se desculpa, nega a intenção, e põe a culpa no cliente, que “pode ter interpretado de forma diversa” a orientação da mensagem. E cadê o BC que não se pronuncia?
Soube, aliás, no Twitter, que o Santander demitiu a funcionária que expediu o comunicado do banco desaconselhando o voto em Dilma, “a bem” da economia do país e, portanto, do bolso de cada um da clientela seleta, destinatária da mensagem.
Mais do mesmo. O Santander, um banco estrangeiro, não está sozinho. Outros bancos estrangeiros, como o alemão Deustche Bank, fizeram o mesmo antes, chacoalhando Copa do Mundo com reeleição de Dilma – aqui no Vi o Mundo.
A cabeça da empregada do Santander não representa os anéis, porque banqueiros jamais correm o risco de perder os dedos. Estão sempre com eles guardados – em nossos bolsos.
Usam o dinheiro alheio – o seu, o meu, o do país, o nosso pobre ou rico dinheirinho -, inclusive quando financiam campanhas políticas. Todas, em maior ou menor grau, e especialmente à Presidência da República.
É a moeda de troca na hora de garantir as políticas certas na medida que se lhes interessa; e assim permanecerá enquanto não houver regras claras sobre financiamento de campanha, enquanto não fizermos a reforma política que dê a sociedade a participação efetiva, além do direito-dever de votar.
Há uma contradição em não querer Dilma reeleita, quando temos um banco central subserviente às leis da banca, e se há um BC independente, como prega o “mercado”, concorda? É apenas aparente.
A questão, não é somente a garantia de spreads (diferença entre a taxa que se toma (compra) o dinheiro e a que se empresta para a arraia graúda ou miúda). A questão é o custo que se tem para administrar o contencioso.
Dilma, como Lula, dá mais trabalho. Ao contrário de governos anteriores, e o tucano FHC é exemplo precioso, contempla a casa-grande, mas divide com a senzala. E isso é insuportável, para eles – banqueiros, tucanos e assemelhados.
Paro por aqui.
Há gente mais habilitada a esse tipo de análise. Gosto da perspectiva do colega Bob Fernandes, por exemplo. Ele lembra, em seu blogue, no Terra, que “o ‘mercado’, que toca o terror na eleição, quebrou o mundo”. Postagem do dia 29 de julho.
Diz mais, para encerrar:
“Relatório da ONG britânica Oxfam informa: 85 pessoas das 7 bilhões e 200 milhões da Terra têm patrimônio igual à metade da população do mundo.
O 1% mais rico do mundo tem US$ 110 trilhões. O que é 65 vezes mais do que tudo que tem metade da população mundial.
No Brasil, apenas 4 dos bancos tiveram lucro líquido de R$ 50 bilhões em 2013. Isso é mais do que a soma do PIB de 83 países no mesmo ano passado.
Isso é o tal “mercado”. O resto é conversa mole e disputa pelo Poder.”
É este, também, o comentário que Bob faz no jornal da TV Gazeta, no mesmo dia, que posto a seguir – e aí vai a íntegra para bons ouvidos.
Excelente fim de semana para você e quem o cerca.