por Sulamita Esteliam

Chocada, como todo o mundo, com o atentado à redação do jornal francês Charlie Hebdo, na manhã desta quarta, 07 de janeiro. Matou 12 pessoas, incluindo jornalistas e os quatro principais chargistas do veículo, além de policiais – e de deixar mais 20 feridos; três ainda estão internados em estado grave.
O ano bem que poderia começar menos trágico. A intolerância não dá trégua.
“A liberdade de expressão foi ferida de morte em Paris”, define com precisão, minha amiga-irmã Eneida da Costa, ex-presidenta do Sindicato dos Jornalistas de Minas, em comentário no Facebook. Triste.
O Hebdo é conhecido, mundialmente, pela audácia provocativa de seu humor, dirigido, sobretudo, às religiões. Em 2011, provocou a ira do fundamentalismo islâmico quando publicou uma charge com representação de Maomé. Sua redação foi incendiada.
À hora em que escrevo ainda não me chega notícia de que a polícia tenha localizado os responsáveis pelo ataque, de claro viés terrorista.
Uma multidão se reuniu em protesto e homenagens no coração da capital francesa esta noite. Houve protestos também no Reino Unido e em Bruxelas, na Bélgica – aonde, aliás, minha filha Carol chegou pela manhã.
É a sua primeira viagem solo, depois que foi morar em Dublin, na Irlanda. Não vou mentir: o coração fica pequeno nessas horas…
Na França, o governo decretou luto oficial e pede calma ao povo. No Brasil, a presidenta Dilma, saco de pancada da mídia nativa, venal, divulgou nota de solidariedade ao povo francês, em que considerou “inaceitável o ataque à liberdade de imprensa”.
Leio no Diário do Centro do Mundo uma informação que impressiona: Stéphane Charbonnier, ou Charb, cartunista e diretor de Publicações do Charlie Hebdo, um dos mortos, previu o atentado em charge publicada no início do ano.
Na charge, que reproduzo acima, a chamada, escrita em francês, diz:
“A França segue sem sofrer atentados”. Enquanto o homem que seria um terrorista retruca: “Atenção! Esperem até o final de janeiro para comemorar”.
O diretor, que desde 2011 vinha sendo escoltado pela polícia, segundo o DCM, teria dito em matéria publicada pelo jornal francês que não temia represálias por causa do seu trabalho: “Prefiro morrer de pé do que viver de joelhos”, afirmara.
Que habite a luz.
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Revisto e atualizado às 23:03, hora do Recife: correção na grafia do “Charlie Hebdo”.
2 comentários sobre “A intolerância não dá trégua”