por Sulamita Esteliam

No dia em que Eduardo Cunha, a mais nova personalidade da República, estreia na Câmara dos Deputados, com grande alarde, o alarido de fato vem do cai-não-cai da presidenta da Petrobras, Graça Foster.
O zum-zum-zum dominou as redes sociais ao longo do dia, impulsionado pelo estouro da boiada na bolsa de valores, catapultando as ações da nossa empresa-símbolo – e fazendo a alegria dos especuladores de plantão. As manchetes orgásticas dos sítios da mídia nativa alimentaram a expectativa.
Especulação, desta vez, fundamentada. Mas o desfecho ainda leva alguns dias. Até que se encontre o nome certo e a pessoa conveniente para sucedê-la. Os urubus de sempre plantam o nome de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central nos governos Lula.
Dilma Roussef e Graça Foster conversaram por mais de três horas no Palácio do Planalto na tarde desta terça-feira. Decidido está que a funcionária de carreira da Petrobras, engenheira premiada, internacionalmente, e de absoluta confiança da presidenta da República, deixa o posto. Em nome do bem-maior, que é a saúde da empresa.
Sob fogo cruzado, e no sacrifício, desde o ano que passou – Graça e a Petrobras -, torna-se insustentável, politicamente, sua permanência. Por mais competente que tenha sido ao longo de todos esses anos. Por mais que se reconheça sua conduta ilibada.
E como diz um diretor da FUP – Frente Única dos Petroleiros, “as pessoas são menos importantes do que as políticas de Estado”. É preciso estancar o sangramento do nosso maior patrimônio. Graça é técnica, e foi jogada às feras. E de política e economia se trata.
Digo que é preciso, também, que o governo saia do campo de força negativa na qual está inserido. Não há agenda positiva que resista às moscas varejeiras famintas de sangue e pestilência. Mas um empurrãozinho e um banho de arruda não fazem mal. Saravá!

Ataques orquestrados, que impedem, por exemplo, que os brasileiros tomem conhecimento de que a Petrobras é a maior produtora de petróleo com capital aberto do mundo. Com ou sem Passadeña e Operação Lava-Jato.
No terceiro trimestre de 2014, a petroleira nativa alcançou 2.209 milhões de barris/dia, quando a norte-americana ExxonMobil produziu 2.065 milhões de barris/dia. E olha que mal se chegou à exploração do Pré-sal, propriamente dito (na casa de 500 mil barris/dia).
Dá para entender o que está em jogo, e o porquê do desmonte de imagem que completa um ano neste início de 2015.
Se o tal mercado comemora a saída de Graça Foster da presidência da Petrobras, mídia venal junto, pouco importa. Vale o que vale.
E “quanto vale a Petrobras?”, questiona o veterano jornalista, Mauro Santayanna, em artigo primoroso na edição digital desta terça do Jornal do Brasil. E ele próprio responde:
“A Petrobras não é apenas uma empresa.
Ela é uma Nação.
Um conceito.
Uma bandeira.
E por isso, seu valor é tão grande, incomensurável, insubstituível.
Esta é a crença que impulsiona os que a defendem.
E, sem dúvida alguma, também, a abjeta motivação que está por trás dos canalhas que pretendem destruí-la.“
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