por Sulamita Esteliam
Enquanto o império do usurpador geral da Nação se derrete como a lama da qual foi esculpido, a presidenta legítima é aclamada País afora. Dilma está em périplo na defesa da democracia e pela retomada do seu mandato interrompido pela patranha golpista. É esperada nesta sexta no Recife.
Com a força que vem das ruas, todos os dias, desde o seu afastamento – no Brasil e no exterior. E que teve na última sexta-feira uma mostra inquestionável de que a resistência se mantém e é crescente.
A presidenta Dilma vem de acolhimentos calorosos em João Pessoa, na Paraíba, e em Salvador, na Bahia – da qual, inclusive, agora é cidadã honorária. Antes, esteve no Rio, em Campinas e na capital paulista.
Com ou sem avião da FAB, ou auxílio-alimentação. Os anfitriões e o PT têm bancado os deslocamentos e hospedagem da presidenta. Subsídios mesquinhamente suspensos pelo desgoverno de plantão, ainda que a Carta Magna lhe garanta o direito, regulamentado, aliás pelo Senado Federal.
Mas o que é a lei para quem a subverte em benefício próprio?
Solerte maquinação, que talvez imaginasse poder, com a restrição, engessar a presidenta afastada e minar sua resistência e determinação em buscar justiça à vontade soberana do povo. Em exigir respeito ao Estado democrático de direito e à a própria biografia, sobre a qual, repita-se, não pesa qualquer malfeito.
Temer, ao contrário, além de ficha suja, oficialmente, impedido de concorrer ao cargo que ocupa por meio do golpe jurídico-parlamentar-midiático, ele que incha o peito para se autodenominar constitucionalista. Pois é este o homem citado 24 vezes pelo ex-chefe da Transpetro, o tucano Sérgio Machado, como receptor de propina, para si e para outrem.
O interino provisório, sim, não pode vir a público, nem pela TV. Nem quaisquer daqueles que formam o que chama de equipe, e que a julgar pelos eflúvios do esgoto a céu aberto da República, está mais para quadrilha.
Até agora, Machado e família citam, além de Temer, metade de sua equipe (caiu mais um ministro provisório, nesta quinta, o ex-deputado Henrique Alves, do Turismo).
Acrescente-se nada menos do que 20 políticos, incluso o 1º Neto, Ahécim. Nenhum deles é Dilma ou Lula.
O senador mineiro, que mora no Leblon, é citado 40 vezes na delação machadiana – perdõe-me o bruxo do Cosme Velho. Sem contar a Lista de Furnas, os aeroportos familiares saídos do erário público,onde baixam helicópteros com toneladas de pó, a malversação de verbas na gestão do governo mineiro.
E agora mais uma: o financiamento empresarial espúrio de campanhas para deputados elegerem-no presidente da Câmara, como de fato o foi, tempos atrás. Dinheiro a perder de vista contabilizados nos custos de obras e manutenção públicos, pagos com os reais do contribuinte – o meu, o seu, o nosso dinheirinho.
Claro que delação em si não é prova. Mas as planilhas das empreiteiras e outros fornecedores de “recursos não contabilizados” para campanhas eleitorais e deleites patrimoniais próprios, são indícios suficientes para o Ministério Público Federal.
Se fossem “petralhas” os delatados, já estariam enterrados sob os próprios detritos – aqui no blogue. Ao ponto que nem a mídia golpista é capaz de camuflar.
Hoje pela manhã escrevi no Facebook, ao compartilhar texto do Fernando Britto, no Tijolaço, que há duas perguntinhas básicas que não querem calar: 1. O que o juiz Moro vai fazer com isso? 2. Há estoque de contêineres para esconder trouxinhas?
Há outras: aonde se escondem os “milhões de Cunhas”, agora que o chefe foi rifado na Comissão de Ética, jogado na lata do lixo pelo PIG que o incensava? Agora que a eminência parda do desgoverno Temer corre o risco de ter seu destino selado pelo plenário da Câmara, daqui a mais ou menos três semanas, o que farão seus manietados?
Em que baú se meteram as panelas brandidas das varandas gourmets? E os bonecos e patos subsidiados pelo sistema S, que por sua vez sobrevive do imposto sindical, brocharam de vez?
Com outras palavras e argumentos trabalhados, o jornalista norte-americano, Glenn Greenhwald também se pergunta, no The Intercept, em português e em inglês: aonde foram parar os milhares de cidadãos e cidadãs de verde amarelo CBF que se diziam mobilizados contra a corrupção há poucos meses?
E chega à conclusão óbvia: não marcharam pela moralidade, mas contra a democracia. A máscara foi por terra.
Pano rápido.
Dilma participa de ato no campus da UFPE, às 13:00 horas, no auditório do Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Embora a convocação seja ampla, o acesso ao local é restrito.
Todavia, a comunidade, e quem mais chegar, pode participar de atos culturais na Tenda da Democracia, em frente ao Restaurante Universitário, já a partir das 10:00 horas. No início da tarde, se deslocam rumo ao CCSA, onde pode haver um contato mais próximo com a homenageada.
Após o ato, está prevista uma carreata até o Centro do Recife. A presença da presidenta legítima está sendo anunciada, também, no ato Mulheres com Dilma e contra a Violência, no Pátio do Carmo. Lá, a concentração se dá a partir das 15:00 horas.
Pessoalmente, acho difícil que ela compareça em ato externo desta magnitude, até por questão de segurança. Todas as atividades da presidenta, desde o afastamento temporário do cargo pelo processo fraudulento de impeachment, tem sido em recintos mais ou menos fechados.
A exceção se deu, justamente, em sua primeira aparição pública após o acatamento do processo pelo Senado, em Belo Horizonte, aonde foi abrir o 5º Encontro Nacional de Blogueir@s, dia 21 de maio último.
Pega de surpresa pela multidão que foi recebê-la à porta do hotel onde se dava o evento, Dilma não se furtou em falar, rapidamente, de improviso, da calçada da rua paralela – uma ladeira -, em agradecimento ao carinho. Também entregou-se ao abraço das pessoas conterrâneas que se postaram no caminho até o ingresso no estabelecimento.
Lá dentro, confessou sua emoção quando viu ganharem os céus “os balões da liberdade, na terra da liberdade.” E acrescentou: “Se bobear, a gente chora”.
Deu trabalho para a minguada equipe que faz a sua segurança, por determinação constitucional: apenas seis agentes.
Se bem que não é do povo que Dilma precisa ter medo, mas da tropa que assalta a democracia. É de máfia que se trata, a engolfar as instituições em diferentes níveis.
Ao mesmo tempo, e contraditoriamente, não creio que Dilma Vana Rousseff tema quem ou o quer que seja. E não canso de me perguntar de que fibra é feita esta mulher.
Voltou a ser a guerreira do povo brasileiro.
Recife é a terceira parada da presidenta Dilma em seu périplo pelo Nordeste. Na quarta-feira ela foi recebida efusivamente em João Pessoa, em audiência pública no espaço de eventos da Assembleia Legislativa.
Nesta quinta, tornou-se cidadã honorária da Bahia, título concedido pelo Legislativo baiano. Foi recebida com chuvas de pétalas de rosa e pipoca, um axé da tradição do candomblé para afastar os maus fluidos.
O centro de emanação ruim é o Palácio do Jaburu, onde habita o ex-vice traíra que, mais do que nunca provisoriamente, ocupa o posto que é de Dilma por direito e vontade das urnas.
#VoltaQuerida é o bordão que se opõe com igual força e proporção ao “ForaTemer.
Saravá!
Postagem revista e atualizada em 18.06.2016, às 16:16 horas: correção de erros de digitação.