
por Sulamita Esteliam
Já que hoje é sexta, resolvi dar um tempo.
Flanei um pouco pelas redes, sem a menor vontade de escrever, até que me deparei com a página da Mídia Livre no Facebook. Não entendo como ainda não havia aportado por lá.
Duas postagens me chamaram a atenção, porque falaram ao meu espírito do dia. A primeira delas me fez lembrar um encontro fortuito, dia desses, na fila do supermercado, que me deixou boquiaberta.
Uma mulher muito simpática e alegre, que toca um quiosque na beira-mar, em frente ao prédio, quase em decomposição, que habitamos por um tempo, me reconheceu e puxou conversa. A certa altura, ela disse:
– Menina, os terroristas já chegaram. Está com medo, não?
Levou um tempo para ficha cair. Então devolvi:
– Conversa mais atravessada, mulher. Isso é por conta da Olimpíada e do “alerta” ridículo da Abin (a agência de inteligência nacional), para reconhecimento de terrorista?
– Nãao… estou falando sério. Lá em Iguaçu já está cheio deles, de paninho na cabeça e tudo; tem até igreja deles lá, aí fica fácil… – Ela fala assim, palavras completas, com esses e erres em seu devido lugar. Ajuntei:
– Desculpe-me, mas isso é paranoia que nasce do preconceito. Não é porque é muçulmano ou do Islã ou de religião que o valha que a pessoa é terrorista.
– Sei disso. Mas vá ver, não é? Dizem que eles são dispostos a morrer porque quando chegarem ao céu recebem não sei quantas virgens de presente…
– É o que reza a lenda. Mas com ou sem homens-bombas, com ou sem olimpíada, a gente vive o terror todos os dias nas ruas. Aqui a barbárie veste farda, é paga com nosso dinheiro para matar nossos jovens, os negros bem entendido. Ou usa colarinho engomado, e é bode tomando conta da horta…
Minha interlocutora ficou meio sem graça, e saiu pela tangente:
– Disse para o pessoal que vou me mandar para Tambaba, porque lá só pode andar pelado, e com certeza eles não vão, porque a religião proíbe. (Tambaba é praia de nudismo no litoral da Paraíba).
Pano rápidinho.
Eis a postagem que primeiro me chamou a atenção no Mídia Livre:
“Cerca de 65% brasileiros são católicos, e nunca ninguém nunca disse qual era a religião do estuprador.
Cerca de 25% dos brasileiros são evangélicos, e ninguém nunca disse qual era a religião do assassino.
Se for cristão, ele é uma pessoa qualquer, mas com problemas mentais, merece cadeia etc.
Mas se for muçulmano, ele é um muçulmano e ponto final. A religião “é a culpada”.
A HIPOCRISIA da mídia mundial de convencer de que os muçulmanos são o mal do mundo (é) para atacarem mais os países árabes e dizimar mais civis.
Não vamos chorar só por Nice. (NR: Sul da França, onde um ataque com um caminhão matou dezenas de pessoas e deixou centenas de feridos, durante a celebração do 14 de julho, a queda da Bastilha).
Vamos chorar por Mariana, por (sic) Rio de Janeiro, por São Paulo, por Beirute, por Homs, por Damasco, por Bagdá e por todos imigrantes que buscam refúgio e estão sendo mortos no mundo devido ao fascismo ideológico.”
A outra postagem, na mesma página, é um vídeo, que segue o diapasão. As imagens são a história, e a moral; podem ser vista sem som. A trilha sonora, com perdão do editor, sensível, que certamente quis aproveitar e dar seu testemunho de fé, é dispensável.
Então, imagine!
Para fechar, aceito a provocação harmônica da amiga Rose Louis, também no FB, ao postar uma foto junto a uma mandala no chão, creio que no Central Park, em Nova Iorque. Não quis perturbar o sossego das férias para pedir autorização para usar a foto.
Rose é fã incondicional dos Beatles, portanto de Lennon.
E quem não é?
Bom fim de semana.
Imagine
John Lenon – versão
Imagine que não há paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
Acima de nós apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje
Imagine não existir países
Não é difícil de fazer
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz
Você pode dizer
Que sou um sonhador
Mas não sou o único
Tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo será como um só
Imagine não existir posses
Me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade humana
Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo
Você pode dizer
Que sou um sonhador
Mas não sou o único
Tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo viverá como um só.
Imagine
John Lennon
Imagine there’s no heaven
It’s easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today
Imagine there’s no countries
It isn’t hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace
You may say
I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope some day
You’ll join us
And the world will be as one
Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world
You may say,
I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope some day
You’ll join us
And the world will live as one.