
por Sulamita Esteliam
Olinda recebe nesta terça e quarta-feiras, 19 e 20 de julho, a etapa Pernambuco do 1º Encontro de Radialistas do Nordeste, radialistas mulheres. Em pauta, a violência contra comunicadoras no Brasil. De 8:30 às 17:30 horas, no Conselho Pastoral de Pescadores, em Casa Caiada.
É claro que vou lá dar uma espiada. Pernambucana adotiva que sou, ou me considero, fico feliz em poder rever gente querida como Célia Rodrigues, comunicadora de Juazeiro do Norte, no Ceará, companheira da Rede Mulher e Mídia. E também a energética Denise Viola, da Rádio MEC.
Célia me conta que traz consigo duas colegas radialistas, uma de Juazeiro e outra do Crato. Significa que o Cariri está muitíssimo bem representado. A capital cearense também se faz presente, através da blogueira feminista, Ana Eufrázio.
Vem gente de todo o Nordeste acima de Pernambuco, e certamente também das Alagoas e, quiçá, do Sergipe.
A ideia do encontro é trocar experiências para mapear, orientar e acompanhar mulheres que fazem comunicação via rádios – comunitárias, comerciais e educativas. São alvo, especialmente, aquelas que sofrem violência de gênero e que estão fora do ar por falta de espaço de trabalho.
Na programação, assuntos pertinentes às questões de gênero e da comunicação como direito humano, de dentro para fora e de fora para dentro. O direito de informar e ser informado, com qualidade e segurança.
Há coisa de seis anos participei de encontro semelhante, promovido pela Rede Mulheres em Comunicação, a partir de Pernambuco, iniciativa da professora e jornalista Ana Veloso. A Rede de Mulheres da Amarc Brasil, então sob a coordenação de Denise Viola, se fez presente.
Reuniu mulheres de vários estados do Nordeste, e foi um aprendizado muito rico para esta velha comunicadora. Outros encontros do gênero aconteceram na região naquele ano, pródigo no debate do que é essencial.
É impressionante o que estas mulheres conseguem, a despeito da escassez de recursos materiais, fazer para suas comunidades a partir do rádio. O impulso de cidadania e a dedicação solidária emocionam.
O encontro de agora é organizado pela ONG Artigo 19, e conta com a parceria da Rede de Mulheres da Amarc Brasil, agora sob coordenação nacional de Lígia Appel, que se faz presente.
A primeira etapa já aconteceu, em Valente, na Bahia, nos últimos dias 14 e 15. O desmembramento se fez necessário devido ao grande número de radialistas comunitárias na região baiana do sisal.
A Artigo 19 mantém um programa de monitoramento das violações do direito à liberdade de expressão, de direitos humanos, portanto no Brasil, desde 2012. O artigo 19 trata da liberdade de expressão na Declaração Universal dos Direitos Humanos, daí o nome.
Notícias, dados estatísticos, relatos, publicações e orientações sobre direitos e segurança estão reunidos no portal Violações à Liberdade de Expressão.
Os números do período monitorado apontam para a pratica constante e crescente da violência para calar a boca, não apenas de radialistas e nem tão somente mulheres, em todo o país, mas comunicadores de modo geral. Operadores e defensores de direitos humanos, igualmente têm sido vítimas da truculência.
Intimidações, via assédio moral ou ameaça de morte, censura judicial ou econômica. Não raro, o silêncio é cobrado com a vida.
De 2012 a 2015 foram 32 homicídios de radialistas, blogueir@s e/ou jornalistas país afora.
No período, dois radialistas foram mortos em Pernambuco e quatro em Minas Gerais. Os dados mostram, ainda, 24 tentativas de homicídio, 59 ameças de morte e três sequestros (mapa). Só no Maranhão foram três blogueiros assassinados de outubro de 2015 a abril de 2016.
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