por Sulamita Esteliam
Foi meu companheiro quem me contou, ainda no café da manhã, sobre a ação “anti-terrorista” deflagrada pela Polícia Federal, por determinação da Abin do desgoverno Temer. Tive que concordar com ele: muito, mas muito, esquisito!
Sei não, viu. É claro que ninguém está imune à ação terrorista, mas que isso está cheirando a patranha, aí isso está…
Até publiquei no Twitter, mais cedo. E há quem concorde com essa velha escriba, além do maridão.
E há pouco, lendo o que escreve o Fernando Britto, no Tijolaço, que é onde aporto quando entro na rede, mais convencida fico de que, das duas uma: ou esse desgoverno é mais trapalhão do que se esforça para ser, ou tem gato na tuba.
Ou então alguém no Planalto anda se inspirando em House of Cards, e resolveu adotar o lema: “Nós somos o terror”!
Permita-me ficar por aqui. Tenho compromisso inadiável com a minha categoria: votar Chapa 2 para renovar a diretoria da Fenaj, à qual já integrei por duas gestões – nos idos dos 80-90 do século passado. Hoje é o último dia, e aqui em Pernambuco, o único.
Você fica em boa companhia. Transcrevo a análise do Brito:
Operação antiterror foi desfechada por causa de vazamento para a Folha?
POR FERNANDO BRITO · 21/07/2016
Não há muitos detalhes mas, em princípio, parece que a cultura do vazamento e do espalhafato policial ajudou a produzir uma ação pouco eficiente e, talvez, desastrosa com esta prisão dos suspeitos de se organizaram para a prática de terrorismo nos Jogos Olímpicos.
Não se pode descartar que as prisões não tenham sido executadas hoje porque alguém “vazou” para a Folha de S. Paulo que havia 100 pessoas sendo monitoradas (a maioria por terem visitado sites de grupos fundamentalistas) e que, destas, 10 ofereciam maior risco.
Foram exatamente dez os presos, embora se diga que há dois que não foram localizados.
Baita coincidência, não é? No mesmo dia em que sai a matéria!
É óbvio que não estou culpando os jornalistas que fizeram a matéria: se alguém lhes vazou, é seu papel.
Mas que diabo de força antiterror que sai dizendo a jornalista que são 10 os suspeitos , que foram identificados por navegarem por páginas de grupos, onde “escreveram mensagens mais elaboradas, inclusive elogiando iniciativas extremistas, ou compartilharam conteúdos relacionados ao terror” ?
Mais: que três deles foram descobertos por acaso, quando um delegado federal os ouvi falando em árabe sobre bombas e explosões em um bar em São Paulo, graças ao dono do restaurante onde estavam, que era árabe, já que o policial não sabia o idioma? História,aliás, estranha, pois falar árabe num restaurante de dono árabe é dar uma de agente secreto português de piada.
Obvio que o suposto terrorista, depois de ler isso e sabendo que fez isso, some e desaparece.
Aqui a imprensa pode ser fazer de boba, mas duvido que os serviços de segurança estrangeiros não fiquem sabendo deste vazamento e não vacilem em trocar informações com o nosso pessoal de “inteligência”.
E porque não fazer a operação de forma discreta, de forma a não “espantar a lebre” de outros eventuais focos de perigo? Não precisa ler livro de espionagem para saber que, quando há ações deste tipo, outros sujeitos perigosos são postos a “hibernar”, ficam avisados e dificultam a ação policial?
Acham que é exagero? Imagine, então, que o FBI conte ao NY Times que está monitorando 100 pessoas e que, delas, 10 são potencialmente perigosas, por causa disso, daquilo e daquilo outro?
Vai acontecer? Óbvio que não. E se acontecesse, a investigação interna já estaria aberta e, esta sim, com grande estardalhaço, para fazer calar a boca aos boquirrotos.
Nossos Jogos Olímpicos, que já enfrentam toda a sorte de problemas, não precisavam de mais este “mimo”.