por Sulamita Esteliam

Vou direto ao ponto: seguimos de ponta-cabeça. Como Pamina, na ópera clássica A Flauta Mágica, do genial Mozart.
E é inacreditável que as pessoas não se apercebam do caos que predomina.
Não são apenas as instituições em choque e em xeque, conduzidas por rainhas ou reis da noite.
É na alma, na nossa alma coletiva, que o caos vigora.
Nossa sociedade está gravemente enferma, e a República desmantelada.
A luz é escassa e nos remete e aprisiona na escuridão.
Pior, parece que nos acostumamos à bruma, embora não enxerguemos um palmo adiante do nariz.
Provam-nos os acontecimentos desta semana, a replicar os tempos últimos.
Temos que nos libertar. Mas a salvação não virá dos maçons, nesta ópera bufa, ao que vem à luz, comprometidos com as trevas.
É profundamente triste, e nauseante, ver pessoas celebrarem o arbítrio.
Não pode haver prazer na humilhação de outrem.
Talvez, seja prudente lembrar que a vítima pode vir a ser você, ou quem você ama – se o umbigo é o planeta de melhor alcance.
Ninguém está imune ao erro, e ninguém está a salvo na vigência da exceção.
É incompreensível que nos atribuamos o poder de justiçamento.
Que justiça pode haver na degradação?
Que prazer se pode tirar da miséria humana?
Igualamo-nos aos miseráveis quando vibramos com a sua desgraça.
O inferno são os outros, e no dos outros é refresco.
Aonde a gente vai parar, não sei.
Só sei que ainda nem começou…
E precisamos, todos, retomar o caminho da sensatez.
Abrir os olhos, a cabeça e o coração para a realidade: estamos sendo feitos de idiotas.
Há quem goste.