por Sulamita Esteliam
É divertidíssimo, embora trágico, assistir à ginástica que a mídia venal faz para fugir ao terremoto que sacode o Brasil, e que ela, mídia, ajudou a provocar, aliando-se ao golpe e aos golpistas.
Agora, busca saídas pouco honrosas diante do lamaçal. Exceto o grupo Globo, cujo jornal deu o furo, e já depôs o antigo aliado por conta própria, como se pode depreender da ilustração mais abaixo, capturada no Tijolaço.
Ex-paneleiros, patriotas e revoltados de ocasião com farda CBF também se apresentam na empreitada. Fuga da realidade, e de suas respectivas responsabilidades no incêndio que assola o cabaré, como dizem nas criativas redes sociais.
É como no conto de Hans Christian Andersen, A Nova Roupa do Rei, que inspira o título desta postagem.
Aquela chama de “inconclusivo” o áudio que pegou o mordomo usurpador com a boca no gancho do açougueiro, que tocou fogo no bordel.
Aqueles outros dizem que “não votaram na chapa Dilma-Temer”, ou então, que “é tudo farinha do mesmo saco”.
É o que a minha avó materna, sábia, embora analfabeta de pai e mãe, chamaria de “fingir de égua” – para seguir em frente com a própria consciência.
Euzinha digo, porém, que podem dar a mão ao Temer, e morrerem queimados com ele, se isso lhes aprovem.
Ou quem sabe prefiram o abraço de afogado AhÉCim, o detonador? Esse exemplo de homem público, viúvo inconsolável das urnas, devolvido ao pó, como no dito bíblico.
Digo mais: votei na chapa Dilma-Temer, disso jamais fiz segredo. É assim que o sistema eleitoral determina – tem cabeça e agregado.
Todavia, para mim, ele, que tornou-se o mordomo usurpador, é e sempre foi absolutamente dispensável, figura decorativa. E assim continuaria não fosse o golpe parlamentar-midiático e jurídico, no qual o vice tornou-se traidor. Com o auxílio luxuoso dos cidadãos-CBF.
Sem falar da República de Curitiba, que se autodenomina palmatória da Nação, agora emudecida e esfumaçada, Nação e palmatória, ante as revelações; com provas, não conjecturas nem convicções, passadas no nariz de toda a a raia graúda, média e miúda.
E como fede!
Outra coisa: não é não, tudo farinha do mesmo saco. Há políticos e políticos, assim como há empresários e empresários. Mas sempre que há corruptos há corruptores. Todos, sim, no caso, farinha do mesmo tonel.
Por outro lado, nem as delações de agora, ou parte delas a que se deu divulgação, são a mesma coisa das anteriores, da maioria que se tem notícia. Sobretudo no que envolve gente do PT – mas não só, e nem a maioria – em especial Lula e Dilma.
Assim como no dito “mensalão”, que não restou provado – cito Mino Carta – pergunta-se: cadê as provas?
Onde está o áudio ou vídeo ou um documento qualquer assinado, que sustente as delações? Planilha, qualquer um faz.
Onde está o dinheiro? Cadê as provas materiais de enriquecimento ilícito? Será que em dois anos não se conseguiu rastrear eventuais contas de Lula e Dilma, por exemplo? Ou a Polícia Federal e o Ministério Público só revelam competência quando vem ao caso?
E por que será vem ao caso agora?
No rubicão das denúncias via delações dos donos e executivos JBS, as revelações do dia chegam a Pernambuco, estado e capital, com vídeo onde o delator cita notas fiscais e pagamentos a a, b, c e d… chegando a 300 o número de envolvidos.
Toda a cúpula do PSB enredada e partidos aliados – do defunto Eduardo Campos ao atual governador, Paulo Câmara, e o prefeito Geraldo Júlio,e o ex-ministro de Dilma, ora golpista, senador Fernando Bezerra; do vice de Marina Silva, Beto Richa (PSDB-PR) ao atual ministro das Cidades, o voto que sacramentou a abertura da fraude do impeachment, Bruno Araújo (PSDB), por exemplo.
As perguntas cabem, também, agora, no caso JBS, liberados os trechos da delação que envolvem o ex-ministro Guido Mantega, Lula, Dilma e o atual governador de Minas, Fernando Pimentel. Onde está o dinheiro, gato comeu?
Se há provas, que apresentem, e que se junte nos autos, e assegurado o direito de defesa, que se julgue e se pague aqueles que devem.
Para enriquecer a postagem, reproduzo texto da minha amiga-irmã, jornalista e ex-presidente do sindicato da categoria lá nas Gerais. Direto, reto e afiado, feito faca:
por Eneida da Costa – no Facebook
Temer, sem usar uma mesóclise, se dirigiu à Nação.
Disse que não comprou o silêncio de ninguém.
“Sei o que fiz”. “Exijo apuração rápida”.
Temer é advogado, promotor público.
Ele sabe que tá nas cova dos leões.
E que não é Daniel. É Michel.
Temer, o usurpador, recebeu o executivo Friboi no Jaburu.
Temer, o ilegítimo, ouviu confissão de crimes.
Temer, o famosfóbico, soube de obstruções da Justiça.
Temer, o golpista, não tomou providências.
Esse é o crime.
Os áudios podem estar com ruídos, como quer a emissora oficial do golpe.
Mas os fatos são incontestáveis.
O JBS foi lá e contou pro eventual uma série de crimes.
E o ocupante do Jaburu não fez NADA.
Pois digo que fiz o dever de casa, e ouvi todo o áudio do troca-troca de figurinhas entre Joesley Batista e Michel Temer. Esforço hercúleo e teste indelével para meu frágil estômago.
É conversa quase codificada, de máfia, que dispensa conclusão de frase – porque o outro é capaz de completa-la por que sabe do que se trata.
Apesar de ruim a gravação (o gravador estava no bolso interno do paletó, supõe-se), está lá, audível o suficiente: Temer não apenas concordou, e se calou, ante a confissão de uma série de crimes pelo executivo-parceiro, ele estimulou: “Isso tem que continuar, viu” , referindo-se à mesada paga pela Friboi a Eduardo Campos.
Mas não é só da propina cala-boca, Eduardo Cunha! Não é apenas sobre o modus operandi da classe política e empresarial que se trata. O suposto presidente do país, meio que presta contas de seus atos ao patrocinador.
E não falo de dinheiro para campanha, dentro ou fora, que é práxis, e não apenas no Brasil. Falo de regas eventuais ou rotineiras para conseguir esse ou aquele favor ou alívio de sanções nas estruturas de governo. No caso, Cade e BNDES, particularmente, além do Banco Central e Ministério da Fazenda.
Num trecho do áudio, Temer dá carta branca a Joesley para investir, “com firmeza” junto a Henrique Meirelles, o ministro da área.
O empresário lembra ao presidente que “Henrique”, é assim que o trata, “já foi nosso” (executivo da empresa), o que lhe daria ocasião para “lembra-lo disso”, mas prefere ter as bençãos “do senhor”. E o mordomo diz amém.
Tem muito mais na gravação, e o conteúdo deixa nus, não apenas a neliência da Força Tarefa da Lava Jato quando não vem ao caso, mas o próprio Ministério Público e também o Judiciário, que a gente sabe nunca foi lá flor que se cheire. Exceções tratadas como tais.
E não é só confissão de compra de juízes, dois, e procurador (um no bolso, outro sendo cevado). Quem são?, nos perguntamos. O Conversa Afiada amplifica a pergunta neste vídeo, que agrego pós-postagem:
A partir do minuto 26 da gravação, tem-se uma nítida reclamação dos métodos de pressão e sobre a, digamos, incapacidade do desgoverno em demolir a operação Lava Jato.
Ou seja, de entregar o que prometeu para chegar aonde chegou, e pelo método da rasteira em sua companheira de chapa. Há trechos em que o empresário se diverte lembrando o mordomo como foi durante o processo de impeachment.
E finaliza com a concordância de ambos de voltarem a se encontrar, sempre que necessário, na calada da noite, quando não funcionar com os prepostos, no Palácio do Jaburu. “O Planalto é muito vidro, né?”, observa o empresário, quando Temer responde à sua pergunta se ele vai continuar ali ou pretende mudar-se para “o outro”.
“Fazemos como hoje (…) Funcionou super bem”, concorda o suposto presidente da República
Pano rápido.
Nesta sexta, o STF divulgou o texto do pedido de instauração de inquérito contra Michel Temer (PMDB-SP), Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o homem-mala do mordomo, pela Procuradoria Geral da República. Denúncia acatada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato dos com fôro privilegiado.
Aliás, a Operação Patmos, braço da Lava Jato que viabilizou as arapucas Temer-Aécio, só foi possível porque deslocada para Brasília. Com as bençãos da PGR e do STF. Até então, o mordomo usurpador e o suposto senador por Minas, estavam brindados por Curitiba, e ao que parecia, pelo procurador-Geral,Rodrigo Janot.
E o mordomo usurpador, que resolveu falar grosso e se agarrar ao cargo que não lhe pertence, é bom afiar as garras, porque vai faltar borda para se segurar.
O que falta entender é por que só agora o Janot decidiu incluir o Francisco como alvo do pau que só dava em Chico? Alguém tem uma pálida ideia?
Paro por aqui, porque o assunto rende muito tricô, e hoje é sexta, e todo mundo merece um refresco.
Fecho com o vídeo do senador Paulo Paim logo de manhã, no cafezinho do Senado. Traz boas notícias e um apelo, que é o desejo da Nação:
Postagem revista e atualizada às 22 e 22:12 horas: inclusão do vídeo da TV Afiada; substituição de palavras repetidas e correção de erros de digitação em diferentes parágrafos