Lições de antijornalismo e de como livrar-se de situações incômodas

por Sulamita Esteliam

Esta quarta-feira é um daqueles dias em que Euzinha preferia ter outra profissão. Seria a única maneira de não me envergonhar do labor que escolhi ainda menina, para o qual me formei com sacrifício, parindo e trabalhando, e de cujo exercício colhi os caraminguás com os quais criei minha prole, pelo menos parte dela.

A capa do jornal O Globo de hoje é de uma calhordice tamanha, que fico a imaginar o que leva um profissional a se submeter a tal sordidez, mesmo em tempos regressos como o que vivemos. A imagem não me deixa mentir.

Coisa parecida aconteceu em 2006, com a Folha de São Paulo e outros veículos da índia venal. Às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, o jornal paulista estampou na capa foto de pilhas de dinheiro apreendido numa operação da Polícia Federal, numa história enviezada de dossiê e “aloprados” do Partido dos Trabalhadores. Logo embaixo, uma foto do Lula com um agasalho de capuz, num tentativa calhorda de associá-lo ao meliante dono do dinheiro escuso.

Os colegas jornalistas e blogueiros Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada, e  Fernando Brito, do Tijolaço, resgatam a memória numa espécie de jornalismo comparado pelo avesso. É tudo, nesse caso, farinha do mesmo saco.

E é o que tenta insinuar o Globo, de cujas fileiras já fiz parte num passado remoto; num tempo em que o jornal publicava a verdade dos fatos, e se dava ao trabalho de dar sua opinião em mini-editoriais ao lado da matéria.

Manipulação sempre houve, e sempre digo que imparcialidade no Jornalismo é história da carochinha que os professores contam nas escolas de Comunicação. Mas, definitivamente, não se faz mais Jornalismo como antigamente.

Conectar a imagem dos 51 milhões de reais apreendidos em malas e caixas no apartamento-armazém de propinas de Geddel Vieira Lima, em Salvador, às denúncias-cortinas de fumaça do PGR Rodrigo Janot contra Lula e Dilma é canalhice.

Quanto mais que as chamadas usam o tom condenatório que tem caracterizado tudo que emana do Ministério Público contra políticos, sobretudo do PT e especialmente Lula e Dilma. Não há provas traduzidas em malas e caixas de dinheiro que possam suplantar uma delação ou convicção contra a Geni.

Curioso que a mídia venal não se dá ao trabalho de observar que a manobra de Janot – que em menos de 24 horas fez duas denúncias contra a dupla de ex-presidentes, todas sem eira nem beira – visa esconder o próprio rabo.

O auxiliar direto do procurador-Geral da República fez negociatas com Joesley Batista, da J&F, controladora da JBS, para escuta clandestina do mordomo usurpador. Nas barbas de Janot, que agora livra a cara de Temer. “Cochilo” vergonhoso, que obrigaria o PGR a renunciar, caso já não estivesse com o pé na calçada.

Sob suspeita, ameaçado de CPMI no Congresso por obra e graça dos acólitos temerista, Janot botou o ventilador para rodar, sempre na mesma direção. Diversionismos para seduzir o PIG.

É festa no chiqueiro.

A presidenta Dilma Rousseff, a legítima, se manifestou em nota e no Twitter sobre o que define, sobranceiramente, como “Jornalismo de guerra”.  Compartilho:

O DESVIO DO FOCO PARA ENCOBRIR A VERDADE

A denúncia proposta pela Procuradoria-Geral da República acusando a mim de pertencer e ao PT de constituir uma organização criminosa é um  documento que deve ter sido reunido às pressas e baseado, exclusivamente, em depoimentos de delatores premiados.

Não há comprovação resultante de qualquer investigação feita. Apenas  ilações, deduções e insinuações tratadas como verdade. Apenas as convicções dos acusadores, baseadas em modelos fantasiosos .

A denúncia se apoia em mentiras fabricadas, algumas bastante antigas, que parecem ter sido recuperadas e trazidas de novo à baila apenas para desviar a atenção das gravações divulgadas. Nelas, os próprios delatores  declaram que para obter o prêmio da integral impunidade  ou da redução da pena dizem aquilo que acreditam ser o que os  procuradores querem ouvir.

Na semana em que o país toma conhecimento da deterioração ética e moral que cerca o mercado da corrupção; no dia em que a polícia encontra uma dúzia de malas cheias de dinheiro roubado por elemento central na articulação do presidente golpista; o procurador lança mão do diversionismo  e encontra respaldo em parte da imprensa brasileira que se transformou em uma fração politica, perdendo inteiramente a isenção.

A justiça e a verdade sempre se impõem. O STF, certamente, fará justiça diante da absoluta falta de provas que atestem qualquer  dos ilícitos denunciados pelo PGR.

DILMA ROUSSEFF

Clique para ler a nota sobre a nova denúncia da PGR e sobre a novo depoimento de Marcelo Odebrecht na Lava Jato.

Transcrevo, ainda:

 Nota da Assessoria de Imprensa do ex-presidente Lula sobre a denúncia da PGR sobre “obstrução de Justiça”

Foto: Agência Brasil

O Procurador-Geral da República, em atuação afoita e atabalhoada de disparo de denúncias nos últimos dias do seu mandato, decidiu considerar que a nomeação do ex-presidente Lula pela então presidenta Dilma Rousseff para a chefia de sua Casa Civil não se tratava do exercício de suas atribuições de presidenta da República na tentativa de impedir um processo injustificado de impeachment, mas obstrução de justiça.

É importante lembrar que a nomeação como ministro não interrompe processos legais, apenas os transfere para o Supremo Tribunal Federal. Ministros são investigados pelo procurador-geral da República, na época o próprio Rodrigo Janot. Assim, estranhamente, Janot considera que ser investigado por ele mesmo, e julgado pelo Supremo Tribunal Federal, sem possibilidade de recurso a outras instância, seria, estranhamente, uma forma de obstrução de justiça. A nomeação de Lula foi barrada em decisão liminar mas jamais discutida pelo plenário do Supremo.

Posteriormente o tribunal decidiu, quando da nomeação de Moreira Franco como ministro, que não havia impedimento no ato efetuado pelo presidente da República.

Essa é a denúncia apresentada pelo Procurador-Geral da República para o próprio Supremo Tribunal Federal, talvez na busca de gerar algum ruído midiático que encubra questionamentos sobre sua atuação no crepúsculo do seu mandato.

Assessoria de Imprensa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

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Postagem revista e atualizada dia 07.09 2017: correções de erros de ortografia no título é palavras repetidas ou mal colocadas em diferentes parágrafos. Com minhas desculpas..

 

 

 

 

 

 

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