
por Sulamita Esteliam
Olhe, sinceramente, não tenho paciência para Carmen Lúcia, a meretíssima. Menos ainda do que a nenhuma paciência que tenho com a Marina, a preterida.
Uma empola palavras para esconder a que veio, embora presida uma instituição que deveria ser o “último reduto da cidadania”, como o definiu um de seus pares, o ministro Marco Aurélio Mello.
Outra, foi uma excelente ministra do Meio Ambiente, aonde chegou por reconhecimento de causa e origem. Mas o tamanho de sua ambição é desproporcional à falta de substância que passou a esconder sob a burca imaginária.
Apequenam-se, uma e outra, com seus atos e omissões. Mais omissões do que atos.
E isso carrega uma tristeza imensa, porque odeio falar mal de mulheres. E também porque, não obstante, são duas mulheres esforçadas, que galgaram postos importantes, e é preciso crer que seja por seus méritos.
Até porque integram, ou pensam integrar, uma casta onde a meritocracia é deusa.
Por falar em substância e meritocracia, não posso deixar de comentar o último DataFolha. Contrario a norma pessoa de evitar repercutir pesquisas de opinião, quanto mais eleitorais. Mensuram o cenário em dado momento e a política é como nuvens, que se quebram quando caem.
Mas não dá passar ao largo do efeito “massa de bolo” a revelar o por que da perseguição implacável que movem contra Lula. O cara revela-se imbatível.
E é justamente esse brilhantismo inato de Luiz Inácio que a mediocridade – a vicejante e a consolidada – não perdoa.
A primeira sondagem de opinião após a condenação em segunda instância do ex-presidente mostra o fenômeno, com clareza lapidar. Lula é o preferido em todos os cenários, bate quaisquer dos adversários do segundo turno, com larga vantagem.
E se for preso e não puder concorrer, elege quem ele indicar.
E olha que é o DataFolha!
Sabe o que é isso? É mais do que carisma. É empatia solidária.
Ao contrário do que se pretende, o povo não se apequena, e quer Lula de novo.
O que é que vão fazer com isso, Euzinha não sei. Só sei que a casa-grande pira!
E isso é melhor do que banho de mar em dia de sufoco.
Não obstante, é também solidez. E quem trata disso é Fernando Brito, no Tijolaço.
Transcrevo e fico por aqui:
Lula, ameaçado, é o mais sólido dos candidatos
Reunindo os dados dos muitos cenários propostos pelo Datafolha na pesquisa divulgada hoje, o site Poder360 – embora dando Lula fora da disputa como “favas contadas” – criou uma tabela onde os candidatos aparecem com os índices obtidos no melhor e no pior cenário para cada um.
A partir daí, extraí a tabela acima, que chama de solidez eleitoral a relação (em percentual) entre seu pior e melhor resultado na pesquisa.
Ou seja, quanto a “pior das hipóteses” representa ante a melhor situação obtida pelo candidato.
O resultado é cristalino.
Lula é o que tem – ou teria, em uma eleição livre – o maior grau de solidez. Isto é, o que menos variaria em seus índices em função de outros candidatos que disputassem o pleito.
Este índice, claro, varia com o valor absoluto da votação de cada um: afinal, para o candidato que tem um chegar a 2% ou vice-versa não é uma alteração significativa.
Portanto, é correto dizer que Jair Bolsonaro, logo após o ex-presidente, é quem oscila menos.
São votos, assim, sólidos, difíceis de tirar. Só à força, como se pretende.
O restante fica na faixa do “voto porque não tem outro”, uma vez que quando há outros que possam atrair a atenção, a perda de votos é significativa.
Não são, portanto, votos sólidos.
São flutuantes, ao sabor do quadro que se vá desenhar e, mesmo que tendam numa direção, podem ser revertidos ao sabor do favoritismo e da mídia.
É uma demonstração evidente de que “desmontar” Lula eleitoralmente exigirá mais do que uma sentença e mais que uma prisão publicitária.
Lula, no jargão publicitário, é um brand, uma marca, no sentido de ter um significado construído pela experiencia de relacionamento com o público, com alto grau de satisfação.
Não que outros não possam ser: João Dória foi apresentado como uma, mas viveu a experiência de não entregar o prometido. E Huck é de outro departamento, não desperta credibilidade, como você não compraria um doce com a marca “Omo” pela sua tradição como fabricante de sabão em pó.
Como a autoridade judicial interferiu brutalmente no processo de formação da consciência públicaos candidatos que ela beneficia estão vulneráveis exatamente pela condição de beneficiários.
Os que apoiarem sua exclusão, serão vistos com ressentimento; os que quiserem se apropriar dela, serão obrigados e dizer que podem ser iguais.