
por Sulamita Esteliam
Penso, cá com meus surrados botões – não é apenas o Mino Carta, com todo o respeito e a admiração que merece, que os possui – que os jornalões brasileiros não conhecem a expressão e atitude “desobediência civil”.
É de fazer corar donzelas a inocência do PIG, brandindo manchetes contra a resistência do PT em recorrer até a última instância para garantir o direito de Lula ser candidato.
E se a mídia venal mostra-se contra, é sinal de que Lula e o PT estão certos em não ceder.
A mídia venal não tem opinião formada. Ela segue as ordens do patrão, alojado na casa-grande. Tudo que seu mestre mandar.
O que espanta, concordo facilmente com o Fernando Brito, é que quem se diz progressista, e mesmo parte da esquerda, teime em fechar fileiras com o jogo dos golpistas.
“Por que Lula deve desistir se o povo não desistiu?”, pergunta, já no título.
“Ah, como é atual a fábula da raposa que elogiava o canto da gralha para que esta largasse o queijo!”, responde incontinenti.
(…)
“A desistência de Lula é que, sim, seria um ato de vacilação que desanimaria as grandes maiorias que se formam em sua defesa e prejudicaria, imensamente, a candidatura Haddad.
Não só será o sinal para que a mídia o ataque furiosamente – e já há ensaios disso – como para que o eleitorado do Lula que “já não é candidato” se disperse por outros nomes.
Numa batalha, o general não baixa a espada se quer que suas tropas lutem.”
A cantilena do PIG é de que Lula, impedido pelo TSE, deve abrir mão de todos os recursos a que todo e qualquer candidato tem direito – com o STF e também com a ONU com tudo. Fato consumado.
Lula, líder absoluto em todas as pesquisas de opinião, deve abrir mão da candidatura, e o PT deve substituir o quanto antes da cabeça da chapa concorrente à Presidência da República.
Então, para dar chance maior ao azar, é preciso barrá-lo também nas sondagens eleitorais, como fizeram hoje dois institutos, conhecidos por tomar partido de quem é mais conveniente: o Ibope e o DataFolha.
Ou isso, ou o você sabe quem ganha a eleição e acaba de arrombar com o Brasil e com o povo brasileiro.
Ora, ora… quem foi para rua gritar fora Dilma e fora PT.
Quem bateu panelas e aceitou, feito boi no corredor do matadouro, a violação da democracia.
Quem baixou a cabeça para a quebra dos direitos, o sufocamento dos investimento sociais, bem que merece um você sabe quem presidente.
Pois que se locuplete! Ou pare chorar pitangas e vá à luta, ao invés de sair pela porta do lado.
O nome do medo, no popular, é cagaço.
O colega Palmério Dória, no Twitter, resume a toda que está sendo regida de dentro de uma cela especial na sede da Polícia Militar, no Bairro de Santa Cândida, em Curitiba. Há 150 dias.
Repercute, ainda, texto do Kiko Nogueira, no DCM, que corrobora o que esta reles blogueira disse logo acima. Confira a imagem:
Mas é evidente que o PT não joga com tudo ou nada. Em entrevista ao Brasil 247, na manhã desta terça, a presidenta Gleisi Hoffmann deixa bastante claro que o jogo é jogado?
“Nós somos um partido político com histórico e responsabilidade no país, nós nunca pregamos um posicionamento de ‘nada’; mesmo na época da ditadura, na época das eleições forjadas nós denunciávamos aquele processo mas participávamos, inclusive para buscar a conscientização, para podermos fazer o contraponto. Nós queremos estar com Lula e enquanto tiver chance de lutarmos e brigarmos e tivermos um fio de esperança nós vamos fazê-lo. Nós não vamos desistir de Lula como eles querem que a gente desista; nós vamos brigar muito para ter Lula”.
Tempo, tempo, tempo, tempo…! É o senhor da razão.
Para matar a saudade de Lula, e quebrar a censura imposta por quem deveria fazer valer a lei, fecho com um arquivo de áudio do ex-presidente Lula, disponibilizado pela Boitempo Editorial.
Foi gravado antes de Moro e o TRF-4 o transformarem em prisioneiro político. São três horas de entrevista, trecho inédito retirado mais de 10 horas de gravação que resultaram no livro A Verdade Vencerá – O povo sabe por que me condenaram.
Não consegui incorporar. Clique para ouvir.
Agrego o extrato vídeo que a campanha O Povo Feliz de Novo produziu a partir desse material.