por Sulamita Esteliam
Perdeu o debate na locomotiva golpista? Euzinha também, por que sofri um apagão, e só acordei às duas da madrugada. Mas fui atrás de que viu como eleitor, e também de análise de quem entende do riscado para não deixar você a ver navios.
Soube que foi um bom debate: todos, menos Guilherme Boulos, contra Fernando Haddad – o Ciro menos um pouco. O candidato do PT não se acoelhou com a tentativa grupal de o acantoar.
Quem me conta é o maridão, logo depois do “bom-dia, o que você está fazendo aí a essa hora!?”, sete da manhã – Euzinha no computador, tentando me atualizar. Mas aí me chamou para a caminhada, entrei na rotina do dia, e só de tardezinha voltei por aqui.
Eis a síntese de como Júlio Teixeira, um eleitor esclarecido, viu a jornada da noite de quinta-feira, 04 de outubro:
“O debate foi bom para o Haddad. A gente sabe que ele é preparado, mas é bom constatar que ele não se intimida com os ataques. É muito seguro e tranquilo nas respostas.”
Comecemos pelas considerações finais do candidato do PT.
Na blogosfera progressista, o destaque vai para a fala do candidato do PSol, em dobradinha com Haddad. Uma fala emocionada, e imprescindível, sobre as chagas da ditadura civil-militar e sobre a democracia possibilitada pelo sangue de centenas que a combateram.
Pego carona no Tijolaço, do arguto e atento colega Fernando Brito, para transcrever trecho do artigo do publicitário Hayle Gadelha, experiente na arte da propaganda política e análise da opinião pública.
Ele avalia que o debate foi protagonizado pelo “conjunto de candidatos mais à esquerda: Haddad, Ciro e Boulos”. Veja, no bom sentido, aí:
“O debate da Globo realizado na noite desta sexta-feira tinha tudo para ser o gran finale dessa estranha campanha eleitoral que o Brasil está vivendo. Acabou sendo, surpreendentemente, uma grande maluquice, várias maluquices, vários debates em um só.
Primeiro, aconteceu de não contar com o candidato que lidera as pesquisas, que preferiu se esconder em uma entrevista na emissora vizinha. Fez bem, poupou a grande maioria da audiência-Brasil de ter que assistir o seu espetáculo grotesco.
Depois, o telespectador, tão acostumado com a grandeza da emissora e seu famoso apresentador de telejornais, defrontou-se com um William Bonner trapalhão, confundindo-se permanentemente.
E ao longo do debate o respeitável público pôde concluir que existem três conjuntos de candidatos.
O primeiro conjunto é formado por Haddad, Ciro e Boulos. Eles foram bem além de demonstrar que são os candidatos mais à esquerda do espectro político. Demonstraram conhecimento bem mais profundo sobre o produto Brasil. Tinham sempre mais argumentos e propostas sólidas sobre como administrar o país. Não se deixaram intimidar com os ataques que vieram dos que estavam bem abaixo.
Haddad, extremamente preciso em todas as suas respostas, firmeza no apoio a Lula (óbvio), deu aula de Brasil. Bem humorado e concentrado. É o próprio PT, preparado para enfrentar qualquer adversário. Sem dúvida, é o candidato certo para representar Lula e derrotar a ameaça fascista.
Ciro, o mais impulsivo – mas sempre com grande habilidade política -, soube manter a harmonia de esquerda, sem deixar de se posicionar como candidatíssimo à presidência, apesar de aparecer em terceiro lugar, com certa distância a percorrer, se quer alcançar Haddad.
Boulos, o mais à esquerda, digamos assim, demonstrou mais uma vez que está bem informado e bem formado para enfrentar um debate em qualquer nível político. Sabe que não tem chances de se eleger, mas movimenta-se e fala como se tivesse ainda alguma chance de pelo menos chegar a uma votação de destaque.
Juntos, esses três deram um “chega pra lá” nos outros candidatos.
(…)”
Leia a análise completa no próprio Tijolaço ou a postagem original no blogue Daqui&Dali.
Para quem não viu, a íntegra do debate, o último das eleições mais dramáticas e polarizadas da história da redemocratização, meia boca, deste país. Clique para ler a seleção feita pela equipe do sítio Lula.com.br – também aqui.