A horda está solta, e nossa arma é o voto

por Sulamita Esteliam
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Entre a civilização e a barbárie, fico com a luz

A horda está solta nas ruas, e a violência é a ordem do dia. É só o começo.

Qualquer um que não reze pela cartilha do inominável corre risco, e ele diz que “não está tão bélico assim”. O nome disso é barbárie, é fascismo.

E o inimigo pode ser o guarda da esquina ou uma médica, que rasga a receita do paciente que votou em Haddad, por exemplo. Ou um ex-juiz que endossa o vilipêndio à memória de Marielle, matando-a mais um vez.

Quem matou Marielle, senhor secretário de Segurança do Rio de Janeiro? Quantas vezes ela terá que morrer para que se revele seus algozes e mandantes?

A besta está solta, e vai dar muito trabalho reconduzi-la de volta ao armário. O lado bom de tudo isso é que não se pode mais desconhecer de que tipo de matéria somos feitos.

É hora dos democratas mostrarem a cara.

um jogo de vídeogame dirigido cujo herói  é o avatar do inominável, caçador de homossexuais, mulheres e negros. Ganha o jogo quem matar mais desses seres.

Nas redes sociais, pululam fotos de crianças fazendo gestos de armas e “matando” inimigos.

E o Ministério Público Federal, expert em elaborar power points e denúncias a jato, finalmente, toma providências.

Conheço mães que acham que não têm nada com isso, pois seus filhos estudam na melhor escola que o dinheiro pode pagar.

Outras que são convictas de que o coisa ruim é o melhor, e frequentam cultos, ou missas, e clamam pela misericórdia da paz e da honestidade, em nome de Jesus ou do Pai.

Quando o inominável assumir o poder, e a coisa desandar, podem, afinal, comprar uma passagem para Miami e viver feliz para sempre. Ou chorar no púlpito ou no confessionário pelo castigo em vida.

Enquanto uns pregam paciência, meu estômago embrulha, minha cabeça estoura ante as indignidades, o descaso, a teimosia em desconhecer o que está em jogo.

O desprezo pelas liberdades, pelos direitos e pela vida do outro  também campeia.

Já não se pode camuflar o ódio injetado na veia, o pai da incompreensão e da indiferença pelo bem coletivo.

Até que o outro não seja um de sua afetividade. Aí se clama por justiça.

E viva o direito à opinião.

Mas  Pôncio Pilatos de hoje não se livra de carregar as mãos sujas de sangue. Os que votam por convicção ou coação, os que não votam por rejeição, medo ou cegueira estão todos no mesmo barco de Caronte.

Pois veja se você, em nome do que for, muito menos de Jesus, pode concordar com esse tipo de barbárie.

É como se os seguidores de você sabe quem tivessem adquirido licença antecipada para matar, estuprar, aterrorizar.

Querem passar a sensação de que está tudo dominado. E me pergunto se, com as forças de segurança contaminadas a esse nível, se não estamos mesmo vivendo o caos, para além do descalabro promovido pelo desgoverno usurpador golpista.

O coiso, instado a responder, diz que não tem nada com isso, que não pode controlar seus seguidores. Pode incitá-los, como sempre fez.

E as instituições se omitem, nada está acontecendo.

Esfaquearam e mataram o mestre Moa, capoeirista em Salvador, porque ele declarou voto no PT. O assassino confesso é eleitor do inominável e diz que a discordância política foi o motivo do crime.

Coagiram, machucaram e ameaçaram de estupro uma jornalista no Recife,  à saída do local de votação, porque ela respondeu que não votara no coiso.

Um gay foi morto em Curitiba também por eleitor de você sabe quem. O crime foi premeditado, e a vizinha da vítima também poderia ter sido assassinada, caso o homicida não tivesse sido preso, a partir de sua denúncia.

No dia da votação, um rapaz foi espancado por eleitores do coiso em Terezina, Piauí, porque trajava camisa vermelha.

Uma jovem de 19 anos foi espancada, ultrajada e teve as costelas tatuadas a canivete com uma suástica. Deu-se em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e o motivo foi porque vestia uma camisa com a hastag #EleNão.

Em São Paulo, outra jovem foi presa depois de pichar um muro nas proximidades de casa com a hastag #EleNão. Os PMs a derrubaram no chão com uma rasteira, a escracharam como “puta petista”, e gritaram em seu ouvido, #EleSim.

Foi algemada e levada à delegacia, onde teve que ficar nua, e continuou sendo assediada a dizer #EleSim, condição para sua liberdade. Até onde se divulgou nas redes, ela continuava presa, aguardando um habbeas corpus.

Também no Recife, um professora de cursinho está sendo ameaçada, junto com suas filhas, porque cumpriu a obrigação de debater eleições e fascismo em sala de aula.

São mais de 50 casos de agressões, algumas fatais, promovidas por seguidores do coiso, desde o dia 30 de setembro, mapeados pela Agência Pública. Casos reunidos no sítio Vítimas da Intolerância.org

A partir desta quarta, a organização Open Knowledge Brasil e a Brasil.io, em parceria com a Pública, passa a recolher e monitorar casos de agressões ligadas às eleições de 2018.  Se você tem uma denúncia, é só preencher o formulário disponível aqui.

Fecho com um apelo à razão, muito bem colocado, que recebi da colega Vera Vieira, em mensagem no Facebook. E que se faça luz.

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