

Sulamita Esteliam
Em tempos de Brasil-desesperança, a vida e a arte acontecem no Recife e em Olinda este final de semana, começando já na sexta-feira gorda. Política e arte se encontram em forma de aulas, debates e apresentações musicais e de cinema. Tudo de graça.
Se nos querem mortos ou banidos, nos terão resistentes e líricos. Os canalhas odeiam poesia, alguém já disse. Concordo e endosso. Cultura política e vice-versa.
Na capital pernambucana, a Usina de Valores, inciativa promovida pelo Instituto Vladimir Herzog em São Paulo, Rio, Salvador e Recife, encerra aqui sua primeira etapa.
Discute as perspectivas dos direitos humanos e da cultura para 2019, no país sob a configuração do fascismo. Sexta na Unicap, e sábado na Torre Malakof, sempre à noite. Programação ao pé da postagem.
Em Olinda, o Festival Mimo celebra 15 anos de existência na terra dos altos coqueiros, onde nasceu. A retirada de patrocínios, de última hora, não foi capaz de vencer o brio de Lu Araújo, idealizadora e produtora do evento. Ela remanejou custos e programação, e a festa acontece de sexta a domingo, para nosso júbilo.
Clique nos linques ao longo do texto para conhecer a programação do Mimo, diretamente no sítio do Festival.
O Fórum de Ideias e as sessões de cinema acontecem durante o dia, no Mercado Eufrásio Barbosa, tinindo de novo depois da reforma. Já a música, a joia da coroa do Mimo, rola nas igrejas e na Praça do Carmo, sempre à noite. Só que, desta vez, a programação (ao final) privilegia concertos com maior poder de concentrar público.
É preciso dizer que a Usina de Valores foi criada com foco nos direitos humanos e, portanto, no combate aos discursos de ódio. A ideia é promover, através de ações culturais, cinco valores essenciais definidos no projeto:
Dignidade Humana, Coexistir na Diferença, Escuta Ativa, Bem Viver e Engajamento Político.
As atividades no Recife acontecem como parte do Encontro Nacional do Usina de Valores, que reúne cerca de 50 ativistas do Rio, São Paulo, Salvador e daqui para o balanço das experiências de 2018 em cada cidade. As informações são do Marco Zero Conteúdo – clique para ler a íntegra.
O Mimo nasceu instrumental, no espaço sacro das igrejas barrocas. Voltado para iniciados, com algumas exceções. A experiência, o clima da cidade e o tempo se encarregou de imprimir uma pegada mais eclética, ao gosto popular, sem perder a grandeza e o espírito de celebrar a música do mundo.
Além disso, o Festival ganhou asas, e se espalhou pelo Brasil – Recife, João Pessoa, Ouro Preto, Tiradentes, Paraty, depois Rio de Janeiro, em 205, quando a marca de público ultrapassou 1 milhão de pessoas. Em 2016 atravessou o mar e chegou a Amarantes, em Portugal. Desembarcaria em São Paulo este ano, mas, dadas as circunstâncias, fica pro ano que vem.
Nesta edição, a programação de concertos vai de Hermeto Paschoal e Egberto Gismonti às banda palestina 47 Soul e portuguesa Dead Combo passando por Tom Zé e Emicida., dentre outras atrações. Os dois últimos, mais Gismonti e o inglês Phill Cox, diretor de Meu Olhar sobre Betty Davis, presentes no Fórum de Ideias. Debate e sobre as diferentes formas de fazer e pensar a arte.
E ainda tem a programação de cinema e a Chuva de Poesia, que este ano homenageia a paulista Hilda Hilst (1930-2004). A poeta escrevia sobre a condição humana – a morte, o amor e o sexo -, em escolha e linguagem inovadoras para sua época, por isso se destacou.
Programação Usina de Valores
23 DE NOVEMBRO (SEXTA-FEIRA)
Aula pública: Estratégias de resistência para 2019
Com Esther Solano, socióloga, e Ronilso Pacheco, teólogo. A mediação será da articuladora regional do Usina de Valores, Ingrid Farias.
Horário: 19h às 21h30
Local: Unicap Recife
Endereço: R. do Príncipe, 526 – Boa Vista, Recife
24 DE NOVEMBRO (SÁBADO)
Usina Cultural
Show do grupo Bongar
Discotecagem com Maria Clara Araújo
Slam das Minas de PE
Horário: 19h30 às 22h00
Local: Torre Malakoff
Endereço: Praça do Arsenal, s/n – Recife
Fonte: MZ Conteúdo