‘Em Nome da Filha’ em Brasília, no contexto do combate à violência contra a mulher

Foto: Paulo Pinto – AGPT/Fotos Públicas, via RBA
por Sulamita Esteliam

O 25 de Novembro no calendário dos movimentos de mulheres é Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. É ponto de partida para os 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência de gênero, que se encerra dia 10 de dezembro, dia da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Não por acaso estou em Brasília para o lançamento do meu livro Em Nome da Filha.  Acontece nesta terça, 26, a partir das 19 horas no Tiborna Bar & Comedoria, na 403 Norte. É um bar frequentado por gente de esquerda, e já tradicional ponto de eventos culturais.

Por conta disso, participei hoje do programa Tarde Nacional, na Rádio Nacional AM, da Empresa Brasileira de Comunicação, dentro da pauta do dia. Obrigada à apresentadora Fátima e à produtora Roberta Stuckert pelo convite.

Aliás, o lançamento do livro tem tido acolhida significativa pela imprensa local (links ao pé da postagem).

Todos os principais jornais da capital federal, inclusive o Correio Braziliense; sítios e blogues têm publicado a respeito, desde o começo do mês. Sou grata a todos e todas, especialmente à Roberta Pinheiro, que me entrevistou ainda no Recife, por telefone, pela excelente reportagem no caderno de cultura do diário associado.

Graças ao trabalho competente da colega Clara Camarano, que se encarrega da divulgação aqui nesta plagas.

Todavia, plantou em terreno fértil, infelizmente. Brasília tem sido palco, com espantosa frequência, de casos de feminicídio: são 30 mulheres assassinadas até 25 novembro, sendo que 27 delas no período de janeiro a outubro deste ano.

Nesta segunda mesmo, foi encontrado outro corpo, e com requintes de crueldade: o assassino usou fogo para completar o serviço.

Os dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal falam de mortes e violações da Lei Maria da Penha: nada menos que 12.115 casos no período. E falam de estupros em profusão: 474 este ano, até outubro.

Somadas as ocorrências, são 41 registros de casos por dia. A cidade está apavorada.

Brasília não está sozinha, embora espante a frequência e os requintes de crueldade dos feminicídios.  O Brasil, tristemente, está entre os cinco países onde mais se mata mulher, pelo fato de ser mulher, no mundo. Mas a América Latina, toda, mas sobretudo a Colômbia e o México também preocupam.

É por isso que os três país estão na plataforma EVA – Evidências Sobre Violências e Alternativas Para Mulheres e Meninas, lançada neste 25 de novembro pelo Instituto Igarapé.

No caso do Brasil, traz dados relativos ao período 2010/2017, coletados no sistema público de saúde – são mais de 1,2 milhão de mulheres vítimas de violência no período; e de 2015-2018, a partir do sistema de segurança pública nos municípios e estados. 

Os números são discrepantes, mas em quaisquer dos casos gritantes da emergência epidêmica que é a violência contra as mulheres.

A plataforma alerta que a coleta e a sistematização dos dados sobre violência  contra as mulheres são fundamentais para entender o padrão e definir políticas públicas eficazes para o combate.

Pois Euzinha insisto em que é preciso mudar a cultura de posse, educar meninas e meninos com paridade, de forma igualitária para se respeitarem e desenvolverem relações parceiras ao invés de machismo e vassalagem. É daí que se desenvolvem a prática do abuso, da violência levada à última consequência, que é o feminicídio,

Painel Feminicídio – bordado pelas mulheres do coletivo Linhas do Horizonte – Fotos: Carlos Avelin
Lançamento ‘Em Nome da Filha’, em BH

Não há dados oficiais relativos a 2019 sistematizados, até porque o ao ainda não acabou. Lembro-me, entretanto, que no lançamento do Em Nome da Filha em Belo Horizonte, em abril passado, apresentei um painel bordado pelo coletivo Linhas do Horizonte com o nome de todas as mulheres mortas em Minas e no país até 29 de março deste ano: ultrapassavam as três centenas.

Números coletados também a partir do noticiário mostram que, em São Paulo, capital,  88 mulheres foram assassinadas só no primeiro semestre de 2019, a maioria em casa e pelos parceiros. O aumento foi de 44% comparado ao ano anterior: 57 homicídios caracterizados como tais.

A escalada da violência, é inegável, embora ela seja presença incômoda, desde sempre. Todavia, no presente, tem a ver com o crescente obscurantismo, desde o golpe que apeou do poder a primeira e úncia mulher presidenta do Brasil. O capiroto é nada mais que a cereja envenenada do bolo.

Por isso, as mulheres foram paras as ruas hoje, também para dizer basta deste desgoverno. Basta de ódio às mulheres. Toda a política de cortes de direitos e desmonte das políticas sociais, inclusive corte de verbas do combate à violência pioram a vida das mulheres, criminosa e principalmente das mulheres mais pobres.

Para se ter uma ideia, a hoje des-ministra da Mulher e dos Direitos Humanos convocou coletiva imprensa para permanecer muda e sair calada. Marqueteira toda, depois mandou a assessoria dizer que é para a imprensa saber como incomoda o silêncio da mulher. Mais tarde, em outro evento, explicou que seu silêncio é para dizer às mulheres que não podem se calar, tem que denunciar. “Disque 180!”

Bom há de se celebrar o silencio de alguém que não tem nada que preste a dizer. Até quando fecha a boca é para produzir factoide. Política que faça diferença para melhor na vida das mulheres, definitivamente, não será neste desgoverno.

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Eis os acessos às matérias sobre o lançamento do Em Nome da Filha na mídia braziliense:

Correio Braziliense

Jornal de Brasília 

Brasília Agora

Brasília InFoco News:

Jornalista e escritora mineira Sulamita Esteliam lança livro sobre relacionamento abusivo e feminicídio em Brasília

Repórter Malu

Aqui tem Diversão

Alô Brasília:

Escritora mineira lança livro sobre feminicídio em Brasília

Versão impressa do Alô Brasília, na mesma data:

 

 

 

 

 

 

Tô de Cara

Riqueza.com

Braziliários.com

 

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