A janela do apartamento que habito com o maridão vai amanhecer com uma regata amarela, franjada de vermelho no decote, É um improviso, mas sei que Marielle e Anderson recebem a homenagem.
Decidi atender ao apelo e transformar nosso canto em um dos 731 pontos no mundo inteiro, inscritos no sítio do Instituto Marielle Franco, a exigir justiça. É o mínimo frente aos dois anos de impunidade neste sábado, 14 de março.
São 731 dias e até agora não se sabe quem mandou matá-la. E quem sabia, com certeza, o miliciano Adriano Nóbrega, foi executado, também. A ordem da execução da vereadora do Rio de Janeiro pelo PSol não poupou companhias, e o motorista Anderson Gomes foi junto. A assessora que escapou nasceu de novo.
E com direito a plateia. Meus botões não se cansam de apostar quem era a terceira pessoa, no banco traseiro, no carro dos executores. Aliás, tomou chá de sumiço por bom tempo a criatura!
As manifestações previstas para este sábado em todo o Brasil em em homenagem a Marielle e Anderson e em protesto contra a impunidade foram canceladas em sua maioria. Questão de bom senso.
Em tempo de coronavírus a todo vapor, inclusive na Presidência da República, e com o previsível aumento exponencial de demanda na rede pública de saúde, já capenga, há que prevalecer a racionalidade.
A família e o Instituto Marielle Franco dão o exemplo de coerência com o ideário de quem os inspira, cancelando o ato principal no Rio de Janeiro, e exortando novas ações sem risco para este #14M. Você pode se inscrever também.
No Comunicado postado no sítio eletrônico, lembra que “o número de pessoas contaminadas com o vírus nos próximos dias deve ser muito maior que o número de leitos disponíveis”. Clique e você terá a íntegra.
“Isso quer dizer que serão as pessoas mais pobres, em geral mulheres, pessoas negras e moradoras de favelas e periferias, que mais estarão vulneráveis ao vírus que ainda não tem vacina.
Marielle passou a sua vida lutando para defender a vida de todas as pessoas, principalmente dessas pessoas que não têm os seus direitos garantidos.”
Bom senso e coerência são raridades, vamos convir.
Vou dar um break no tricô, feito a bolsa, pois tem um vídeo-poema gritando por espaço. Homenagem da Trupe do Filme e de Lelê Teles – jornalista e roteirista – em conjunto com parlamentares do campo da esquerda. Está lindo, e emocionante
Caturei no Youtube do Instituto Marielle Franco, a partir de postagem da Maria Frô no Intagram.
Homenagem feita pela Trupe do Filme e Lelê Teles em conjunto com parlamentares
por Lelê Teles
“Uma criança que passa a caminho da escola e vê o rosto daquela mulher estampado no muro, Com aqueles cachos bonitos, aquela tiara e aquele sorriso Percebe, imediatamente, o quanto lutar é preciso
Marielle é a chama ardente que mantem nossos corações aquecidos
Não, nunca nos calarão Tentaram silencia-la e só amplificaram a sua voz Marielle é essa força teimosa que grita Dentro de cada um cada de nós
Os punhos sempre erguidos Mas nunca com rancor ou amargura Marielle provou que é preciso endurecer, sem nunca perder a ternura
Numa praça Com nome de Marielle No meio de uma cidade ou numa favela Não tem somente bancos, arvores e aves Tem uma forca gigante pulsando nela
Houve um tempo que, na politica, imperava uma força centrifuga Do centro para a periferia Com Marielle isso mudou, e não é só coisa de momento, A força agora é centrípeta Parte da periferia para o centro
Um momento, Há uma rua com o nome Marielle Sim, uma rua, não é um atalho Por ali passam pedestres, clamores, lamentos… O homem que assovia indo para o trabalho Uma mulher alada passa, como uma pássara que pensa e pulsa Passa um vento que ventila ideias a escola que samba passa em protesto passam mulheres erguendo cartazes em manifesto
passa amor, passa paixão, passam manos, minas, monas passa alegria, passa carinho só não passam os que nos atravancam o caminho esses nunca passarão.”
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PS: a forma do poema não obedece ao original. Coisas do automático, que não alteram o conteúdo; e até gostei do movimento!