E o Brasil desperta para não sucumbir ao descalabro. Será!?

por Sulamita Esteliam

Nem o meu portátil tem tido saúde para suportar tamanho descalabro neste Brasil que já foi de meu Deus. Começou a semana, como terminou a anterior, dando piti. Não houve jeito de conseguir acessar o A Tal Mineira para atualizá-lo, e todas as conexões que havia feito foram derrubadas. Aí, para não surtar, desliguei a máquina e fui ler.

Sexta passada, à noite, o blogue sofreu uma tentativa remota de invasão, creio. Não conseguia acessá-lo e a navegação pela internet foi capturada “para se configurar manualmente “a uma certa “Rep802”.  Suei, praguejei, só não chorei; pedi socorro ao maridão. Ele tentou vários caminhos até ir para o automático: desligou tudo e recomeçamos do zero. Aí deu certo.

É desse jeito, desmantelo pra todo lado, e a gente à mercê de invasores e delirantes de toda sorte. A começar pelo capiroto em chefe da nação, espalhador de desatinos, que agora incluí o coronavírus.

Um presidente em absoluta desconexão com a realidade, que descumpre recomendações da Organização Mundial de Saúde e  exibe, com desfaçatez, total desprezo pela vida alheia.

Quem afinal, pode acreditar, vindo de um mentiroso compulsivo, que ele testou negativo para o Covid-19?

Como não pensar que o grau de irresponsabilidade de ir a uma manifestação pública em plena quarentena, e pegar na mão das pessoas, e manejar o smartphone de fãs – vá lá, tem gosto pra tudo neste mundo – não visa esconder mais um dos centenas de malfeitos que envolve seu clã e asseclas?

Não tem sido esse, afinal, o modus operandi há 14 meses e 17 dias, desde a posse?

Um jogo de faz de conta para esconder cartas marcadas, que inclui morte suspeita dentre os seus correligionários?

Depois de Adriano Nóbrega, miliciano executado no interior da Bahia, outro arquivo se fez morto, justo no dia em que se completou dois anos da morte de Marielle e Anderson – sem que se saiba quem mandou matar e por quê?

O ex-chefe da Casa Civil, Gustavo Bebiano sofreu um “infarto fulminante” em sua casa de campo em Teresópolis, Rio de Janeiro, na madrugada do sábado, 14 de março. Um atleta, faixa preta de jiu-jitso, e aos 56 anos… Esquisito é pouco. Ainda mais o enterro rápido, sem velório.

Coincidências demais incomodam. Tanto quando incomodam o deboche e a falta de noção.

Bebiano era outro homem do entorno da familícia que sabia demais. Foi o responsável pela campanha e eleição do capiroto. Venerava o chefe, “amor da minha vida – hetero”. Mesmo assim já havia dito publicamente que temia ser morto.

Suspeitas que, possivelmente, jamais se comprovarão, pois que há venenos de alta tecnologia, digamos, que não deixam rastros, e não apenas em filmes de espionagem que envolvem Cia e KGB.

Dúvidas que jamais se apagarão.

Enquanto o capiroto posa de doido ou palhaço – e tem seguidores -, no circo-Brasil o Covid-19 já fez sua primeira vítima letal no país, em São Paulo, um  homem de 62 anos, anunciou nesta terça o Ministério da Saúde. Isso oficialmente.

No início da noite já se tinha notícias de mais uma morte provável no interior do Rio, em Miguel Pereira, uma senhora doméstica que teria contraído o vírus da patroa que chegou da Itália e estava contaminada.

A primeira dos milhares de pobres que são alvos fáceis, vítimas da própria miséria, imã para a doença, que não tem como isolar-se e precaver-se como a classe média, pois não tem teto, comida, muito menos sabão ou álcool gel. É um alerta contundente da médica sanitarista, Lígia Bahia, professora da UFRJ,  em entrevista ao Tutameia.

“As classes médias podem se isolar, usar álcool gel, fazer coisas pela internet. Os pobres, não. Quando a epidemia explodir, ela vai dizimar os pobres desse país. Podemos retardar a explosão dessa epidemia. Mas, quando ela explodir, vai flagelar especialmente a população pobre. As condições de vida dessa população favorecem o coronavírus. Nas casas onde moram vivem muitas pessoas, há poluição ambiental, é preciso trabalhar o tempo todo. Essa precariedade não está sendo objeto de políticas públicas no Brasil”.

Mais tarde, enquanto finalizava essa postagem, notícia de outra morte no Rio, desta vez em Icaraí, Niterói: um paciente de 69 anos, tetado positivo para o Covid-19;

Outra possível morte causada pelo Coranavírus pode ter ocorrido também em São Paulo, no mesmo hospital onde o homem foi a óbito; desta feita uma idosa de 76 anos.

Aliás, São Paulo e Rio de Janeiro já sofrem transmissão comunitária e estão em estado de emergência.

Dados da OMS mostram que a cada dois dias dobram o número de contaminados no Brasil, acima do padrão internacional, inclusive na Itália onde o ritmo é de duplicação é de a cada cinco dias. Já são 291 casos confirmados nesta terça, e 8.819 em acompanhamento.

Quer dizer, a coisa entrou numa espiral perigosa, e com tal velocidade que há que tema que possamos nos tornar uma gigantesca Itália, a despeito do clima diverso: colapso total no sistema de saúde, a ponto de se escolherem os velhos acima dos 80 para morrer.

Então, é melhor levar a sério as recomendações de isolamento social, nos casos possíveis, e atenção redobrada à higiene, sobretudo das mãos. Aliás, o desministro da Justiça decreta a prisão de quem desrespeitar a quarentena, o que leva à pergunta que não pode calar: vai prender o chefe, xerife?

Outra pergunta: vão prender os trabalhadores-passageiros dos metrôs de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife e que tais Brasil-afora? E os usuários de coletivos de todas as cidades de algum porte, capitais principalmente, vão todos pro xilindró!?

Arrivismo a gente vê de sobra por aí. Faz de conta também.

Não bastasse o fato de o Brasil ser um dos poucos, senão o único país a não seguir a recomendação-mãe da OMS para a contenção do avanço do Covid-19, que é o teste amplo, geral e irrestrito.

O desmonte operado no SUS não permite a universalização dessa providência que seria capaz de barrar o avanço incontrolável da doença. A recomendação do Ministério da Saúde é só procurar os postos de saúde caso tenha sintomas do Covid-19 –  dificuldade respiratória, tosse e/ou febre alta.

Na dúvida, ligue 136. Há também o aplicativo Coronavírus-SUS, que traz informações e orientações gerais sobre a doença, informa os postos de saúde da sua região e fornece um autoexame que aponta a probabilidade da contaminação a partir de sintomas fornecidos pelo doente.

Transferência de responsabilidade.

Já que não se pode contar com a eficácia do desgoverno, que tenta desautorizar a única pessoa séria da tribo diante da ameaça de pandemia, que é o ministro da Saúde, Henrique Mandetta. Ele estima que “o estresse” de lidar com a Covid-19 teve ter ser pico em junho, para aliviar apenas em julho.

Mesmo assim, as fronteiras seguem abertas, na contramão dos nove países da América Latina e quase todos do Mercosul. Mas o capiroto-presidente nem tomou conhecimento da reunião latino-americana para definir providências para deter o Coronavírus na região.

E toca sua vidinha enfadonha nas lives e entrevistas sobrepondo besteiras sobre asneiras, fazendo piada da desgraça do povo que deveria proteger.

A última é o paralelo do coronavírus à uma gravidez, “uma hora passa”. Isso depois de comparar Copacabana com a Itália, “onde só tem velhinhos, mais sensíveis, que por isso morrem mais”.

Loucura? Psicopatia? Sociopatia? As ciências psiquiatras podem responder, talvez.

Por essas e outras, até correligionários insuspeitos como Janaína Pachoal e Miguel Reale Jr pedem sua interdição. Não esquecer que ambos são autores do pedido de impeachment fraudulento da presidenta Dilma, e portanto co-partícipes da deflagração do golpe sem fim contra a Constituição e a democracia brasileiras.

O que nos leva a dar razão a Philipp Lichterbeck, colunista do alemão Deustche Welle no Brasil. Ele escreve:

“A covid-19 é a peste negra do Brasil. Se o novo coronavírus fizer com que milhares de brasileiros adoeçam nas próximas semanas e levar não apenas o sistema de saúde, mas também a sociedade brasileira à beira do caos, haverá para isso um principal culpado. O nome dele é Jair Bolsonaro, ele é chefe de Estado de 210 milhões de pessoas e disse que não se importa com o coronavírus. Ele age de forma criminosa. O Brasil é liderado por um psicopata, e o país faria bem em removê-lo o mais rápido possível. Razões para isso haveria muitas. Também não parece mais absurdo que os generais já estejam fartos do caos que o presidente está causando, enquanto uma pandemia ameaça o Brasil.”

Com este e outros argumentos sobre os desmandos do ocupante da cadeira presidencial do Brasil, também nesta quinta, o deputado Leandro Grass, da Rede-DF protocolou o pedido de impedimento, por crime de responsabilidade, de Jair Messias na Câmara dos Deputados.

Mas e daí, tira o capiroto, sobra o Mourão, e o Moro, e o Guedes, o Wentraub, o Ernesto, a Damares, a Regina… Que vantagem o Brasil que rala, cria, produz  bens e conhecimento leva nessa? É mais uma perguntinha incômoda que não quer calar.

Há várias. Não obstante, não há como deixar de dar razão a quem diz basta, já deu. Até o imigrante, supostamente haitiano já chegou a tal conclusão. A diferença é que teve a oportunidade e a coragem de dizê-lo na cara do capiroto, e as redes sociais amanheceram e seguiram em gozo o dia inteiro:

A atitude de cidadão ultramarino talvez tenha encorajado a manifestação coletiva de agora noite, quando panelaços e gritos de “Fora, Bolsonaro” ecoaram por Copacabana, pelo Centro de São Paulo e outros pontos do Brasil.

Protesto antecipado, que se repete nesta quarta-feira, 18, dia dos atos físicos suspensos por conta da pandemia do Coronavírus. A janela é nossa rua, às 20:30 horas. Uma alternativa boa é cantar a plenos pulmões

“Apesar de Você”, do Chico Buarque, única canção que ele admite ter escrito em protesto contra a ditadura oriunda do golpe civil militar que durou 21 anos, de 1964 a 1985.

Fecho com ele, porque a noite já vai alta, e já escrevi demasiado. Amanhã vai ser outro dia…

 

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Postagem revista e atualizada às 23:10 do dia 18.03.2020: substituição palavras repetidas e outras correções do gênero.

 

 

 

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