Cai, cai, Mandetta cava mais fundo o buraco do capiroto, que não governa

por Sulamita Esteliam

Se dúvida havia, hoje restou provado: o capiroto já não governa, se é que algum dia governou. A diferença, agora, é que se move em coleira curta, manejada pelo núcleo militar palaciano, sob operação do general Braga Neto. Aliás, justiça seja feita, conforme anunciou há dias o colega Luis Nassif, no Jornal GGN.

Interdição política na prática. Só que à moda militar: sem a participação formal dos outros atores ou poderes da República no que poderia ser um gabinete de crise, conforme já se aventou neste blogue.

Menos mal que, vícios ou disciplina militar à parte, tenha ouvidos para ouvir e atenção para perceber o clamor da sociedade, que mal ou bem ecoa na Praça dos Três Poderes. Nada será como antes.

O capiroto-presidente botou o pé na porta neste início de semana útil, em crise de ciúmes incontrolável. Fez vazar a decisão, já prenunciada no fim de semana, de demitir o ministro da Saúde, Henrique Madetta. O ministro da discórdia, que, ideologias à parte, insiste em ser técnico ao pregar o isolamento social como a principal barreira de contenção do coronavírus, ao arrepio do destempero do chefe.

Se queria testar, deu-se mal. As reações foram imediatas – do núcleo militar palaciano, do Congresso Nacional, do STF, da sociedade, que está por aqui com as maluquices do sujeito que deveria governar o país. A pressão foi tamanha, que recuou.

Tipo, ou recua ou desce junto com o demitido. Recuou. Melhor ficar de rainha, do que se tornar ex-imediato.

Puseram o cara errado no lugar errado. E não foi por falta de conhecimento prévio, muito menos por falta de aviso.

Quanto tempo esta situação esdrúxula perdura? Não é preciso ter bola de cristal para ver que não dá para esticar a corda até 2022.

Há condições objetivas de apear o capiroto que não pela via do impeachment, que nos colocaria no colo pouco amigável de Mourão e toda entourage/grupamento  militar?

Eis a questão.

Com a palavra, o STF/PGR nas avaliações das várias notícias-crime já apresentadas pela oposição, que requer a aprovação da Câmara. A autorização para processar o presidente o afastaria do cargo por 180 dias, tempo suficiente para o TSE sair da moita e julgar a cassação da chapa presidencial por todos os ilícitos cometidos.

Todavia, para isso acontecer, é preciso coragem e vontade política. Em miúdos, os donos do poder, e a elite circundante – Legislativo e Judiciário -, teriam que estar de acordo.

Sabem que o capiroto é “incontrolável”, mas teriam que aceitar correr o risco de ter de volta as forças de esquerda no comando. E é aí que a porca torce o rabo.

O sociólogo da USP, Valerio Arcary, colunista do Brasil de Fato e da revista Fórum, analisa as possibilidades de interrupção do mandato presidencial, com base nas circunstâncias:

“A situação vai ficar muito mais grave, antes de melhorar. Ela vai nos colocar diante de desafios perigosos. A possibilidade de interrupção do mandato se abriu, embora não seja a mais provável, porque não tem apoio de nenhuma fração burguesa importante. Mas a crise sanitária pode ser explosiva, Bolsonaro pode cometer erros muito mais graves, e as massas populares podem entrar em cena.”

Ele coloca três hipóteses de solução para a crise política que atende pelo nome de Jair Messias  – e seus asseclas, filhos incluídos, e sobretudo o Posto Ipiranga, Paulo Guedes: o freio de arrumação em curso; a remoção “a frio”, cirúrgica, do capiroto, pelas vias constitucionais já citadas por esta velha escriba, mas quer requer vontade e articulação política, jurídica e social, mídia venal junto, com Supremo com tudo; a remoção “a quente”, pela via revolucionária, o que é o mais improvável.

Clique para ler a íntegra do artigo.

Nesta data, os efeitos da pandemia mundial no Brasil já contam 553 vítimas fatais, dentre as que se tem comprovação, e 12 mil infectados – daqueles que chegam ao sistema de saúde e são testados.

As autoridades sanitárias são unânimes em afirmar que o isolamento social não é apenas indispensável, mas tem que ser intensificado. #FiqueEmcasa.

 

 

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