De susto em susto, a gente vai levando essa pandemia…!

por Sulamita Esteliam

Precisei dar um tempo nas atividades no blogue na semana que passou. Estava intoxicada, cheguei ao limite.

Meu corpo reage mal nesses casos de transbordamento de estresse: letargia, insônia, cefaleia, coceira, brotoejas, dor de barriga, até…

Não, não estou com o coronavírus, creio. Virei bicho caseiro, mais do que sempre na minhas fases de hibernação; respeito total à quarentena. Já nem lembro a última vez que sai de casa, ainda assim por extrema necessidade.

Sinto falta dos banhos de sol, de mar, das caminhadas na praia ou no parque. Acontece que meu quintal, meus quintais estão vetados, a bem da saúde pública e, embora não pareça, sou do tipo disciplinada, quando a disciplina é vital.

Mas o que eu quero mesmo dizer é que quase surtei no fim de semana. Uma descarga de adrenalina, tal, que quase fui a pique.

A notícia de que minha filha mais velha, mãe de dois rapagões e uma bebê, pode ter sido contaminada, me tirou o chão. Agora está medicada, em isolamento domiciliar, mas precisou de atendimento de emergência.

Gabriela, pois, integra o grupo dos suspeitos. E não foi testada, nem se pagasse conseguiria. Tentou e lhe informaram que não há testes disponíveis para além dos casos gravíssimos.

Ela tem problemas respiratórios desde criança. Passou da hora de nascer, por conta de negligência médico-hospitalar, e carrega uma bronquite asmática para o resto da vida. Raramente tem crises, mas é um fator agravante no caso da Covid-19.

Tem um bom plano de saúde. Todavia, foi o atendimento público, via aplicativo atendeemcasa.pe.gov.br da Prefeitura do Recife, que a salvou do agravamento dos sintomas. Em outras palavras, viva a tecnologia e viva o SUS!

E viva a atuação de prefeitos e governadores no enfrentamento à pandemia. Porque, vou lhe dizer, se deixar ao cargo do desgoverno, sobretudo do capiroto-presidente-descompensado, delirante, e genocida, o povo brasileiro está lascado!

A última manifestação de demência foi a ameaça de demitir o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, que tem sido voz discordante do chefe, de bom senso, técnico e responsável, para o bem geral da nação. Por isso continua na berlinda, pois ao capiroto só interessa o caos. É o assunto da próxima postagem.

Pois bem, depois de falar com minha filha na manhã do sábado, e saber que seu estado havia se agravado, topei com o link do atendimento domiciliar e o encaminhei, e insisti, para que fizesse o teste. O resultado apontou necessidade de atenção.

Em cinco minutos uma médica ligou para ela, e ao final da teleconsulta determinou que procurasse uma unidade de saúde. Aí, sim, Gabriela se dirigiu a um hospital da rede privada credenciado do seu plano. Vai ficar 14 dias de molho, no mínimo, mas o organismo está reagindo, lentamente mas bem, ao tratamento.

Deus é pai. E a ciência bem praticada é a mãe.

Problema familiar equacionado, eis que no domingo chega a notícia da internação do querido mestre e amigo, Paulinho Saturnino Figueiredo. Está na UTI do Hospital da Unimed BH, entubado. O estado é grave, e nós os amigos e admiradores, além do filho e demais familiares, estamos em prece pela sua recuperação.

A torcida é grande e intensa, e ele é um guerreiro. Vai sair dessa, para nossa alegria.

Paulinho é cadeirante, tem mais de 70 anos e também carrega deficiência respiratória, que requer atenção vez por outra. Desde a semana passada vinha tendo ataques de tosse, crises que suportava com bom humor, por que é do tipo que consegue rir de si mesmo. E, naturalmente, de tudo e de todos, porque dessa vida não se levada nada mesmo…!

A última vez que nos falamos, via zap-zap, ele me mandou a foto que abre esta postagem. Perguntei como estava se sentido. e ele não deixou por menos:

– Quando der um intervalo, e eu parar de tossir um pouco, eu te respondo. Beijocas.

Foi na sexta-feira, 3. Dias antes, brincara no Twitter que o filho estava no escritório em home office, e seus interlocutores deveriam estar com pena dele por ter um pai à beira de um colapso de tanto tossir.

Ainda no final de março, diante da ameaça do capiroto de trocar o isolamento social por isolamento vertical, enviou-me o seguinte recadinho:

– Mandei fazer de urgência um porão blindado debaixo do meu quarto. Vou resistir. Tentarei escapar dos campos de concentração que o Bozo sonha fazer para nós, idosos e doentes. Na prática, a tal da verticalização, ou isolamento vertical, não é nada mais, ou menos que isso.

E para assegurar que estava se cuidando, enviou-me a foto ao lado, com o comentário:

– My name is Bond. Paulinho Bond. E essa é a arma secreta com que enfrento essa guerra misteriosa do séc. XXI

Fica bom logo, Paulinho, precisamos da sua vivacidade, inteligência, verve crítica, prontidão, irreverência, humor à toda prova.

Já estou com saudades de nossas conversas virtuais!

E lembre-se. você tem um compromisso comigo: escrever o pósfácio da edição revisada do Estação Ferrugem, que ainda nem terminou de ler. O combinado não é caro.

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Fecho com um vídeo importante sobre o que é o coronavírus:

Postagem revista e atualizada em 07.04.2020, às 13:17h: acréscimo de informação sobre o teste de Covid-19; correções de erros de digitação.

 

 

 

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