por Sulamita Esteliam
Já perdemos 120 mil pessoas e vamos perder muitas mais para o Covid-19, e para a irresponsabilidade do desgoverno que desmantela o país. Minha solidariedade às famílias que choram os seus que se vão na pandemia.
Que me perdoem, mas escolho falar de arte. A arte ilustra a tragédia.
Topei com a imagem acima no Instagram. Na verdade é uma animação, impressionante, o vídeo segue abaixo. “Inquietante” e “apavorante” foram algumas dos adjetivos deixados nos comentários.
Capturei na página de um novo seguidor, o ilustrador Yuri Lueska, de São Paulo, que não conhecia. Estou honrada com a distinção.
Ele passou a me seguir, creio, por conta da publicação de charges de diferentes autores brasileiros #DaSérieCartunistasTraduzem desta semana.
Criei a hastag há alguns meses para homenagear os artistas que sintetizam em desenhos o nosso desespero; e às vezes também nossas glórias e alegrias – essas, tão e cada vez mais raras, a ponto de balançar até otimistas perserverantes, como esta velha escriba.
O tema da semana foi em torno da ameaça do capiroto-presidente de “dar porrada” no repórter que fez a pergunta que não quer calar.
“Presidente, por que o Fabrício Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da sua esposa Michele?”
E que ele se recusa a responder, como se fosse um problema pessoal e não público; pois de dinheiro público se trata, não há a menor chance de dúvida. E os “bundões” – outro epíteto que atribuiu a jornalistas, no dia seguinte – somos nós.
Como se vê, o chão não é o limite também para o nível.
A animação do Yuri Lueska é um primor de tradução de para onde caminha o Brasil do futuro. E tenho falado muito sobre o abismo sem fundo no qual caímos. É um sorvedouro de energias e esperanças.
Então, já que não posso fechar os olhos – os meus, os seus, os nossos – que enxerguemos a tragédia pelas lentes e traços da arte:
Bom fim de semana.