por Sulamita Esteliam
Agosto chega ao fim, e o dia 30 é dia de lembrar as Vítimas de Desaparecimento Forçado. E são tantas e quantas, que a gente não pode simplesmente esquecer.
Tantas e quantas, e não apenas as pessoas “desaparecidas” durante a ditadura civil-militar que flagelou a liberdade, os direitos e a vida de militantes da oposição ao regime e de seus familiares. Todos os dias “desaparecem” brasileiros e brasileiras vítimas da ação do Estado.
O Movimento Vozes do Silêncio se faz presente para não deixar que a memória se perca. Todos os anos se mobiliza em caminhada silenciosa para lembrar a data e suas razões. Este ano, por conta da pandemia, a ação é digital.
Dia 29 último, lançou a campanha “Quem é essa mulher?”. Um vídeo em que familiares dos desaparecidos pela ditadura de 64 levantam a voz em memória dos seus. Chamam o debate sobre “Quem são essas pessoas que procuram seus entes queridos?”
A trilha é a canção Angélica, composta por Chico Buarque e Miltinho em homenagem à estilista Zuzu Angel, morta em cilada armada pelo exército brasileiro, em 1976.
Somente 44 anos depois, em julho de 2020, a Justiça brasileira reconheceu o direito à certidão de óbito com a causa da morte, reconhecida pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos em 1998, e ratificado pela Comissão da Verdade, no governo Dilma Rousseff.
A estilista – mineira de Curvelo, radicada no Rio e casada com o estadunidense Norman Jones – foi assassinada por agentes do Estado em atentado à saída do Túnel Dois Irmãos, em São Conrado, no Rio de Janeiro, que hoje leva seu nome: Túnel Zuzul Angel. Seu Karmann Ghia foi jogado para fora da pista. Ninguém foi punido até agora.
Zuzu, nascida Zuleika, era mineira radicada no Rio de Janeiro. Perdeu o filho Stuart Angel Jones para as forças da repressão. O corpo dele jamais foi encontrado, a exemplo de centenas de outros “desaparecidos”.
A filha, a jornalista Hildegard Angel segue a luta da mãe, para que não se esqueça e se faça justiça. O vídeo é encerrado por ela, que tem outra irmã, Ana Cristina.
O lançamento se deu em uma live no facebook/youtube do Núcleo Preservação da Memória Política, com o apoio do Instituto Wladimir Herzog e Núcleo Preservação da Memória Política.
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