por Sulamita Esteliam
Assassinato em massa é a expressão que define o que está acontecendo no Brasil sob pandemia, sobretudo o que se assistimos, horrorizados, em Manaus, capital do Amazonas: gente morrendo por asfixia, às dúzias, por falta de oxigênio nos hospitais.
Não é o bastante ter cadáveres empilhados, os necrotérios já não comportam, por não haver como enterrar todos os mortos, como na primeira onda. O problema se repete nesse momento em que os casos crescem exponencialmente e a inoperância na mesma proporção.
O desgoverno, negacionista e negligente, como sempre, reconhece o colapso do sistema de saúde local, mas diz que não pode fazer nada.
Ora, então, pede pra cagar e sai, diria o conselheiro Mangaba. E já vai tarde, muito tarde.
Para que serve o Ministério da Saúde, afinal? Para fazer live à moda da casa-grande do desmantelo?
A lembrar que Eduardo Pazuello – não é que rima! – esteve em Manaus há poucos dias para ver de perto o caos, e prometeu ajudar no que fosse necessário. Pelo visto é mais do mesmo, mentira. Agora diz que o problema é das autoridades locais.
É também: a responsabilidade é associada, e em situações emergenciais, o gerenciamento da crise cabe à União.
O povo já não aguenta mais tamanho desacerto. É descaso criminoso. É inépcia revoltante, inaceitável.
Ironia suprema, a White Martins, empresa que fornece oxigênio na capital manauense, informa que vai importar o produto da Venezuela para cobrir a demanda. A planta local esgotou sua capacidade de produção, limitada a 28 mil metros cúbicos.
Nos últimos 15 dias o volume requisitado cresceu cinco a seis vezes e chegou a 70 mil metros cúbicos.
“Repetem Adolph Hitler”, acusa o ex-prefeito Arthur Virgílio (PSDB),que dirige sua artilharia para as autoridades locais, adversárias. Hitler usava asfixia para exterminar suas vítimas; promoveu o Holocausto de 5 milhões de judeus.
Aqui em Pindorama os dados do dia superam 207 mil mortos. Em Manaus, para se ter ideia da dimensão da tragédia, 28 pessoas morreram sufocadas em um único hospital, Virgílio.
Estados poderiam fornecer oxigênio para Manaus. Mas se esbarra, segundo consta, na inexistência de aviões em número suficiente capazes de transportar cilindros, o que é absolutamente inacreditável.
A ponto de se pedir ajuda à Força Aérea dos Estados Unidos. Bem ao paladar do desgoverno. Socorro, majestade imperial!
Esta noite o PT , através da presidenta Gleisi Hoffmann, anunciou que recorre ao Supremo Tribunal Federal para obrigar o Ministério da Saúde a tomar as seguintes providências para socorrer a população de Manaus:
1 – Que o Ministério da Saúde garanta em 24 horas o abastecimento de oxigênio e outros insumos necessários ao atendimento dos internados nos hospitais de Manaus;
3 – A decretação de lockdown em Manaus, com exceção dos serviços essenciais;
4 – Que a Força Nacional seja utilizada em Manaus para garantir e auxiliar na segurança pública para decretação de lockdown
5 – Convocar médicos dos Programas Mais Médicos e Mais Médicos para o Brasil para o Estado do Amazonas, inclusive com possibilidade para médicos brasileiros formados no exterior, conforme estabelecido pela Lei 12.871, de 2013
Nas redes sociais, uma onda de solidariedade mobiliza artista, ativistas, entidades e organizações diversas em campanha por #OxigênioparaManaus.
Fontes citadas:
- Carta Capital
Estão reeditando Hitler, diz ex-prefeito de Manaus sobre falta de oxigênio
- Revista Fórum
Venezuela coloca oxigênio à disposição de Manaus: solidariedade latino-americana
- Jornal GGN
“Vai esperar chegar o oxigênio, não tem o que fazer”, diz Pazuello
- Agência PT
Solidário, PT cobra junto ao STF medidas urgentes para a tragédia de Manaus