por Sulamita Esteliam
Leio no boletim dos Jornalistas de Minas, o sindicato da minha categoria, que número de profissionais da área vítimas fatais de Covid-19 beira uma centena: 94 mortos pela doença até fins de janeiro deste ano. Ao menos 25% das mortes ocorreram naquele mês.
Os dados emergem da pesquisa Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas, através de seu Departamento de Saúde, Previdência e Segurança. Os números impactam, mas podem estar subestimados. É que não existe um mecanismo oficial de registro dos dados, observa o diretor responsável pelo levantamento, Norian Segatto.
A pesquisa se baseou em notas na imprensa, contatos com os sindicatos país afora e em relatos de parentes e amigos. Todavia, nem sempre a morte de profissionais da área é noticiada, lembra o diretor.
Fato é que jornalista é profissão estressante e, portanto, de risco, sempre foi. E não apenas dentre correspondentes de guerra, coberturas policiais e de esportes de aventuras e que tais. Também se estressa por sobrecarga de trabalho, assédio moral, salários baixos, pressão de toda sorte.
Entre nós, é comum a morte por infarto, estresse, tabagismo ou mesmo doenças decorrentes do consumo exagerado de álcool, por exemplo.
Não é diferente no contexto de pandemia. Quem está na ativa e na cobertura do dia-a-dia – repórteres, repórteres fotográficos e cinematográficos, por exemplo, está exposto ao vírus. A começar por aqueles e aquelas que cobrem as atividades governamentais, onde a irresponsabilidade e destemperança reinam.
A Fenaj responsabiliza o desgoverno do capiroto pelo alto índice de mortes também dentre os jornalistas, dado à politica genocida que contribui para o avanço da pandemia que deveria combater.
No entanto não exime as empresas de comunicação da responsabilidade. Afinal, é obrigação patronal oferecer condições seguras de trabalho. Admite que, também entre os profissionais que congrega, há quem se alinhe ao negacionismo da “gripezinha”, e ajuda a disseminar a desinformação.
A entidade recomenda aos sindicatos da categoria que busquem junto aos governos estaduais a inclusão dos jornalistas entre os grupos prioritários para vacinação.
Pesquisa recente do Dieese, sob encomenda do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, indica que há cerca de 15 mil jornalistas em atuação com emprego formal no Brasil, 17,4% a menos do que há 10 anos. A base do levantamento é a Rais – Relação Anual de Informações Sociais.
O estudo também traz informações baseadas no Pnad – Pesquisa Nacional por Amostragem Domicliar, Aí o número mais do que dobra, passa a 33 mil, porque inclui os profissionais sem carteira assinada, autônomos e em outras situações ocupacionais.
Fonte citada
Jornalista de Minas