por Sulamita Esteliam
Sem esquecer da simbologia e da realidade que se traduzem na celebração: a luta das mulheres por direitos civis, por igualdade de gênero, de salários, de oportunidades, de votar e ser votada, por respeito a uma vida digna e sem violência de quaisquer natureza.
Começou no início do século passado e segue nos dias atuais. É certo que avançamos muito, mas ainda há muito o que caminhar.
Trago alguns poemas de março, de lavra própria, que falam de mulher e seu cotidiano, e amores, e vivências colhidas nas “Dobras do Tempo”.
É o título da coletânea que vai de 1969, quando escrevi o primeiro poema, aos 14 anos – e foi para o mar -, sonho da menina periférica de uma Belo Horizonte que mal conhecia, até 2004 já no Recife praiano.
Transcrevo três mais abaixo, dois dos quais, aliás, já foram postados aqui no A Tal Mineira. Assista ao vídeo:
Nasci mulher
para não ficar sozinha.
Mas não trilho caminhos
fáceis de partilhar.
Vem comigo!
Reinventar o mundo,
tecer a vida
nas dobras do talvez…
Berro,
meu M de mulher,
estampado na testa
e na palma da mão.
Berro,
meu M de mãe,
grudado no peito,
rasgando o coração.
Bebo,
meu M duplo,
múltiplo.
Trôpego sexo.
Absoluto.
Berro,
meu M de mulher
dividida…
Bandeira hasteada
Em busca do ser.
Berro
Meu M de mulher
Semente…
Carente
De afeto e de pão
Bebo
Meu M de mistério,
Amor sem barreiras
Sem dor ou quimeras
Berro
Meu M de mulher
Calejada…
Tempero de fé,
De força e de raça
Berro
Porque existo.
(Recife, março 1999)
Olfato
Noite passada,
conheci um moço bonito…
O cheiro dele
ainda
está em minha cama.
Não vou trocar os lençóis
até que ele volte.
O moço bonito voltou:
uma, duas, três… tantas noites!…
que o cheiro dele passou.
( Março 1988)
No Leitura Literária, lá no canal A Tal Mineira TV, no YouTube, tem mais. Assista ao vídeo:
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Postagem restaurada em 26 de fevereiro 2022: o arquivo estava corrompido, e só então percebi.