Paulim, em Carta aberta às mulheres: ‘assumam a frente, chegou a hora de pensar com o útero’!

por Sulamita Esteliam

Mestre Paulinho Figueiredo acorda inspirado e logo cedo me envia o texto-homenagem, que posto a seguir. Muito honrada pela deferência.

Escolhi a charge sobre os limites que nos cercam, da Carol ou Barbie Cospe Fogo, uma das poucas mulheres cartunistas que eu conheço, e é das boas como se pode ver. Obrigada.

Queridas amigas,

Para todas, nesse dia internacional de luta das mulheres, nós, homens que fracassamos fragorosamente na liderança da caminhada da espécie humana sobre a Terra, deveríamos, com humildade, estar implorando a vocês que assumissem a frente, em especial sob a ótica do poder político, e nos tirassem dessa enrascada humanitária e ambiental. 

Precisamos de novas estratégias, coisa que o olhar e a sensibilidade femininas estão mais aptos a elaborar. A meu ver, não por determinações genéticas ou naturais, mas por razões históricas. Razões advindas, em especial, do sofrimento, da exploração econômica e sexual, da dor de sempre ser o derradeiro esteio que a família encontra para não sucumbir na miséria e na tristeza pelo fato simples de existir.

Nós homens (e aqui cedo um pouco ao identitarismo, que, no geral, recuso como foco de análise, já que permaneço atrelado à percepção de que o conflito essencial passa por caminhos que as antigas teorias me ensinaram… mas, esse é outro papo); retomo, nós homens fomos brutalizados por nós mesmos, pelo lugar de dominação e força que ocupamos por séculos, e em que fomos treinados, e treinamos nossos filhos machos (tem pai que é cego, diz a velha zoada… Bozo que o diga). 

Tentando um tom poético: é hora de se pensar, também, com o útero, e os homens estão inaptos pra isso. Por natureza.

Mulheres, tomai o velho cajado das mãos artríticas de Moisés! Fazei de sua surrada túnica um esvoaçante vestido estampado em coloridos florais! Entregai as crianças e os afazeres domésticos aos cuidados dos homens, e sorri diante de eventuais caras feias!

Mostrai à nossa idiota credulidade que o Mar Vermelho só se abre por metáforas! Escolhei caminhos da realidade e da justiça, e nos ponha em marcha! Contai com a maioria de nós, homens, aflitos por novos caminhos, mas paralisados pelo medo!

E, mulheres, contai com o respeito e o amor crescente dos que, hoje, só se sentem fracos e prostrados! Mulheres amadas, sabei que o que aqui digo não é retórica piegas, são certezas que vem do coração e da razão, ou da razão e do coração!

Dia 8 de março, dia de luta! Guardemos as flores para reverenciar o monte de cadáveres que se empilham sobre o Palácio do Planalto! Ofereça os bombons às mães desoladas que choram os seus, trucidados no genocídio, e que talvez uma delas te ceda um sorriso, mesmo se sofrido.

Belo Horizonte, 8 de Março de 2021

Paulo Saturnino Figueiredo, o Paulim BH

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