por Sulamita Esteliam
Com tropeços, infrequência, com tudo, o quadro Leitura Literária no canal A Tal Mineira TV faz um ano, trazendo literatura como refresco nesses tempos de obscurantismo. Neste 11 de setembro, este blogue também faz aniversário: 11 anos. Obrigada pela companhia, lá e aqui.
Para celebrar, trago duas dicas de leitura que revelam como a literatura ajuda a contar a História das tragédias mundiais através dos tempos.
A exemplo do golpe militar do Chile, que depôs e assassinou Salvador Allende, o presidente legitimamente eleito e combatido pelo império estadunidense.
El Cuaderno de Maya, de Isabel Allende, sobrinha do ex-presidente chileno, resgata parte dessa história, pelo olhar de uma adolescente californiana, criada pela avó chilena, exilada com o filho após o assassinato do marido pela ditadura.
Por razões não explicitadas até o ponto que cheguei na leitura, em espanhol, ela própria é levado ao exílio em ilha na terra ancestral, providenciado pela avó.
É ela, também, que aconselha a neta a registrar a vida em cadernos, para assegurar a memória, caso venha precisar de tratamento psiquiátrico.
O que a avó talvez não saiba é que a neta gosta de inventar histórias sobre a própria vida, registrando-as nos cadernos.
O outro livro, e desse faço a leitura, é Uma Vez, do inglês, radicado na Austrália, Morris Gleizman, versão brasileira editada pela Paz & Terra, Rio de Janeiro, sexta edição neste 2021.
Conta a história do holocausto na Polônia invadida e devastada pelas tropas nazistas na Segunda Guerra Mundial. O narrador é um menino de 10 anos, que foge do orfanato católico onde fora deixado pelos pais, livreiros judeus, há três anos e oito meses, para salvar a vida do filho.
No orfanato, o menino é levado a crer no mito de Adolfo Hitler como o salvador da pátria. Na sua aventura de fuga, porém, Felix Salinger descobre os horrores do nazismo, a mostrar que Hitler era o inimigo, que não gostava de judeus, muito menos de crianças judias.
É arrebatador, comparável ao A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak, em português pela Intrínseca, 2007, que também trata dos efeitos do nazismo na própria Alemanha.
Leituras que ajudam a entender como as mentiras acumuladas nos privam das liberdades democráticas, da vivência familiar, das nossas raízes e do direito a uma vida digna e feliz à toda gente.