por Sulamita Esteliam
A primeira semana do ano termina com uma boa e uma má notícia, ambas relativas a vacinas contra a Covid-19. Sim, já temos uma vacina para chamar de nossa. Não, não são confiáveis os dados do Ministério da Saúde sobre a contaminação da nossa gente.
Explico a boa notícia: a Anvisa, mesmo sob ataques criminosos – do chefe do que deveria ser o governo a qual pertence -, cumpre seu papel de proteger a saúde da população, controlando a produção de produtos e serviços passíveis de vigilância sanitária.
Significa, no caso, que, com a chancela da Anvisa para o IFA – Ingrediente Farmacêutico Ativo, o insumo do imunizante, a Fiocruz já pode começar a produzir e distribuir vacina 100% nacional contra a Covid-19.
Isso é possível graças à transferência de tecnologia da AstraZeneca, cujo contrato foi assinado em julho do ano passado. Faltava o deferimento da Anvisa; não falta mais.
Desde então, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos – Bio-Manguinhos/Fiocruz vem acumulando o equivalente a 21 milhões de doses de IFA nacional, em diferentes fases de produção e controle de qualidade.
Estima-se que as primeiras doses do imunizante sejam envasadas ainda em janeiro e entregues ao Ministério da Saúde em fevereiro. É garantia de autossuficiência do SUS para essa vacina.
Viva, viva, viva! A ciência salva. A fé mantém a esperança.
Nas palavras da presidenta da Fiocruz, Nísia Trindade Lima:
“É uma grande conquista para a sociedade brasileira ter uma vacina 100% nacional para a Covid-19 produzida em Bio-Manguinhos/Fiocruz. A pandemia de Covid-19 deixou claro o problema da dependência dos insumos farmacêuticos ativos para a produção de vacinas. Garantimos a autossuficiência do nosso Sistema Único de Saúde, que vem salvando vidas e contribuindo para a superação desse momento difícil para o Brasil e o mundo.”
A má notícia é a confirmação das suspeitas que vigoram sobre os números governamentais em torno da infecção por Covid-19.
E ela decorre da divulgação, pela Abrafarma – Associação Brasileira de Redes de Farmácia e Drogarias, do número de pessoas testadas positivamente para o vírus nas farmácias. Apontam diferença abissal em relação aos números oficiais: mais de 95 mil infectados de 27 de dezembro a 2 de janeiro – cerca de 33,3% dos testes realizados no período.
Esses números não entram na contagem do Ministério da Saúde, inviabilizados desde meados de dezembro, por supostos e conveniente ataque hacker. Também não entram na conta do Conass – Conselho Nacional de Secretarias de Saúde, que registra no mesmo período 53.972 casos.
A pergunta que não quer calar é: por que não há notificação compulsória ao Ministério da Saúde sobre esses dados? O que, por si, suscita outra questão: será que os números oficiais contemplam os testes feitos em laboratórios particulares?
Nem vou aqui duvidar que hospitais e postos de saúde cumpram o dever de repassar as devidas informações dos milhares de testes que são feitos diariamente.
Pois é justamente o descompasso na comunicação desses resultados, até compreensíveis nesse país continental, que levam aos registros de dados retroativos nos boletins oficiais das secretarias de Saúde.
Mas que o órgão centralizador atua como mula manca é inegável. Como inegável é que vivemos sob desgoverno, há três anos.
A mula é manca e nem dá para rosetar. E nem a mãe nos salva, pois que o camarão falhou.
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Fontes requisistadas:
Portal Fiocruz
Fiocruz recebe registro de vacina 100% naconal
Tijolaço