A História dá muitas voltas e não perdoa o descaso. E é justo o que sobra neste país: desleixo com a coisa pública, com a memória, com a nossa própria História.
O desmoronamento da encosta do Morro da Forca, em Ouro Preto, soterrou dois imóveis, um deles um ícone do patrimônio arquitetônico do século XIX, mas construído no estilo colonial que caracteriza a antiga Vila Rica.
Sorte que não levou vidas junto. O Solar Baeta – nome da família de comerciantes que o ergueu – passou aí patrimônio municipal, e estava desocupado há anos, exatamente por estar em área de risco.
A Defesa civil também fez sua parte e isolou a área aos primeiros finais movimentação de terra.
Simbólico que tenha desabafo justo o morro onde, no passado, se cometia as atrocidades, lembra uma colega jornalista. O lugar das execuções no passado remoto, para dar exemplo.
O ponto mais alto daquele “Chile”, assim nomeada a capital da colônia por Tomaz Antônio Gonzaga, em suas Cartas Chilenas, podia ser avistado de qualquer canto da província.
Tanto que, no presente, cogita-se transformá-lo em mirante. Palavra do prefeito Ângelo Oswaldo, em entrevista à Globo News. Lindo ao pé da postagem.
Para isso, acentua, urge fazer obras de contenção – no Morro da Forca e por toda a cidade, onde sobram áreas de risco. Faltariam recursos financeiros?
O próprio prefeito, que volta a administrar a cidade depois de duas gestões fora do gabinete, admite que não. Em 2012, quando chuvas torrenciais ameaçaram a cidade-patrimônio histórico, a presidenta Dilma liberou R$ 35 milhões para obras de contenção de encostas no município.
Nada de fez desde então, e até agora. Os alcaides antecessores não moveram palha para a emergência. Mas o casarão foi restaurado, ao custo de alguns milhões. Ficou uma beleza!






A terra que o engoliu não tomou conhecimento disso e engoliu a obra de arte.
O dinheiro para as obras de contenção, liberado pelo governo Dilma, está parado na Caixa, à espera de liberação pelo Estado de Minas. Ângelo garante que está fazendo sua parte para que tomar posse da verba e aplicá-la no seu fim.
Enfim! Nada mais Brasil.
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Fontes requisitadas
Globo News
Temos várias áreas de risco, diz prefeito de Ouro Preto, após desabamento de casarão histórico
Estado de Minas
Local onde ficam os casarões destruídos tem risco desde 1979