por Sulamita Esteliam
Demorou, mas o Governo de Pernambuco, através do Gabinete de Enfrentamento à Covid-19, decidiu tomar medidas restritivas para tentar conter a onda avassaladora do Ômicron.
Cobrado até pelo Ministério Público, anunciou mudanças no Plano de Convivência, nesta segunda, 7 de fevereiro. Se vai funcionar é outra conversa.
Está reduzido a um sexto do até então permitido o número de pessoas em eventos em locais abertos e a um terço em locais fechados: de 3 mil para 500 e de mil para 300, respectivamente. Vale a partir da quarta-feira, 9 até 1º de março.
Nos eventos acima de 300 pessoas, o teste negativo de Covid é indispensável, além do passaporte vacinal. Nas reuniões corporativas, não-festivas, o limite é 1.500 participantes.
A ver no que resulta… Até porque, as pernas e os olhos da fiscalização não alcançam a burla – por deficiência ou conveniência.
Nas redes sociais e nos jornais locais, são incontáveis as fotos de eventos nas últimas semanas com até o dobro de público permitido.
Máscara já virou adereço no dia a dia, em festa então… Beber e beijar na boca, como se há de…!? Afinal, é preciso gozar a vida enquanto vida há… É o tal do ser humano.
Ora, nem é preciso sair de casa para contrair Covid-19. Basta que um da família tenha se infectado, assintomático ou com sintomas. Um mínimo de descuido, ou desconhecimento, é suficiente para a reação em cadeia.
Provado está, a vacina é uma barreira contra o agravamento da doença e para evitar a superlotação das unidades de saúde, em especial das UTIs. Todavia, não dispensa medidas sanitárias e bom senso.
E não se pode esquecer que as crianças não estão vacinadas. A imunização na faixa etária de 5 a 11 anos mal começou. E abaixo dessa idade, não há indicação; ou seja, exposição total.
A Ômicron, também provado está, pega feito visgo. Todo cuidado é pouco, com vacina com tudo.
Minha família é exemplo disso: os dois núcleos residentes no Recife estão ou estiveram covidados pela nova cepa. São sete pessoas no total, incluindo uma pequena de 4 anos, a única não vacinada.
Efeito dominó, que começou com um infectado em cada casa. Apenas um neto não se contaminou; até agora, tem que fazer novo teste.
Felizmente, estamos todos bem.
Agora, isso acontece em famílias que moram em casas distintas. Imagina em festa para 3 mil pessoas em tempos carnavalescos, e na terra do Carnaval de rua!
Em Olinda, o prefeito teve que decretar território vetado à folia nas ladeiras. Oficialmente, não há Carnaval, mas o povo não quer saber, mesmo sabendo do risco.
Agora, quem furar o esquema, ao invés da paisagem explêndida a partir da Sé, pode é ver o sol nascer quadrado.
No âmbito estadual, teme-se as repercussões econômicas, sociais e culturais das medidas restritivas. O governador Paulo Câmara, entretanto, reforça que “não há condições sanitárias para que seja realizada qualquer tipo de festividade no período de carnaval em Pernambuco”.
E não descarta a possibilidade de adotar medidas mais severas se o número de casos continuar em crescimento acelerado, como se tem verificado nas últimas semanas.
O aumento de casos positivos é preocupante, com impacto grave na hospitalização e também no número de óbitos, sobretudo entre os não vacinados.
Nesta segunda-feira, 7 o governo contabiliza 919 pacientes internados com quadros respiratórios graves nos leitos de UTI na rede pública – mesmo patamar de julho do ano passado.
A média móvel de confirmações diárias de novos óbitos no Estado chega a 13,2, mais do que o dobro, 128%, do que há 14 dias.
O secretário estadual de Saúde, André Longo, admite que “o cenário é de aceleração exponencial da variante Ômicron”. Ele garante que o governo está trabalhando para minimizar os impactos da doença: contratando profissionais de saúde e abrindo novos leitos. Todavia…
“Só os esforços do Governo do Estado não serão suficientes para diminuir a circulação viral e superar o vírus. Precisamos, então, do engajamento da sociedade, com o respeito aos protocolos, o reforço nos cuidados e, principalmente, com a vacinação.”
Vacina salva vidas, mas não convém abusar.
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