por Sulamita Esteliam
Topei com o texto abaixo no perfil de Vânia Vasconcelos no Instagram e pedi autorização para replicá-lo aqui no blogue. Um texto que exala tristeza e decepção.
Dor contaminante essa que vem do coração de uma mãe que dedica sua vida a buscar e promover à inclusão do filho e pessoas como ele.
Concheço Vânia e seu filho Carlinhos de longa data. O rapaz e minha caçula estudaram na mesma escola durante todo o perído do fundamental.
E há tempos escrevi sobre sua luta e dedicação aqui no A Tal Mineira.
É exemplo de mãe atípica, incansável no estímulo ao filho a levar a vida ativa e sem discriminação pela deficiência que carrega consigo; Carlinhos é portador de síndrome de Down, graduou-se em Educação Física, e até o início deste mês era funcionário da faculdade onde se formou. Seguramente é um rapaz de sucesso, exemplo de superação.
No entanto, só quem vivencia sabe do amor e da dor de saber-se quem é, de exercer e fazer-se respeitar como é…
Vânia é pessoa afável no trato e equilibrada com as palavras. Todavia, como toda mãe torna-se leoa para defender sua cria.
Ela não cita nominalmente pessoas ou instituição responsável pelo assédio moral a que filho e mãe fora submetidos.
Mas nem precisa: para quem sabe ler, um pingo é indício a se pesquisar no oráculo da rede. E a busca nos leva à exposição em cartaz em shopping do Grande Recife, com o título: “A Inclusão te faz grande”, de 18 de março a 03 de abril.
No espaço dedicado a eventos no portal do centro comercial, matéria chama o público para a exposição,” realizada pelos grupos inclusivos Ama-getid e Fazendo Acontecer, em parceria com a fotógrafa Carol Mayer.
O 21 de Março é Dia Internacional da Síndrome de Down e a semana desse evento é dedicada a chamar a atenção para a necessidad de incluir na sociedade as pessoas portadoras da Trissomia 21, conhecida como Síndrome de Dow – alusiva ao pesquisador John Langdon Down, que a descreveu – em 1896.
Em tempo: O A Tal Mineira se coloca à disposiçao para eventual poscionamento das instituições e pessoa acima referidas.
‘Uma “flechada” que nos sangrou por dentro…’
por Vânia Vasconcelos – em seu perfil no Instagram
Em plena semana da pessoa com síndrome de down, várias delas sofreram exclusão num projeto inclusivo e seus familiares sofreram demasiadamente por grosseiros erros cometidos.
Foi como uma “flechada” lá dentro de nós, que nos deixou sangrando.
Inclusive eu, que lidei da forma mais leve possível com o preconceito e com a falta de inclusão, pois tinha que estar bem para cuidar bem do meu filho. E fizemos isso com maestria.
E, eis que, após 32 anos de vida do meu filho, vem uma pessoa, imatura, sem nenhuma humildade, que nada conhece sobre ele, nem.dos demais jovens, me dizendo que fez um FAVOR de colocá-lo no evento e que deu visibilidade a ele.
Meu filho não precisa de holofotes, nunca corremos atrás disso, diferentemente dessa pessoa que quer mostrar algo que, efetivamente, não está fazendo.
E quem dá visibilidade a ele, é ele próprio e eu, nas minhas redes sociais.
Preciso que meu filho tenha saúde, seja feliz, melhore a sua autonomia, o seu desenvolvimento pessoal e isso quem busca pra ele sou eu, com o esforço dele
E quem dá visibilidade a ele, é ele próprio e eu, nas minhas redes sociais.
Preciso que meu filho tenha saúde, seja feliz, melhore a sua autonomia, o seu desenvolvimento pessoal e isso quem busca pra ele sou eu, com o esforço dele.
Apoio, qualquer ser humano precisa, independente de sua condição. E isso tivemos muito.
Essa pessoa tem muito a aprender no quesito vida.
Eu tenho 70 anos bem vividos. Tenho uma longa e positiva experiência como mãe, avó, como profissional e como ser humano.
Que aprenda que não é impedindo um jovem de ir a um evento que haverá inclusão.
Que não é escolhendo apenas um jovem mais desenvolvido para subir num palco que haverá inclusão.
Que não é dizendo a uma mãe que o seu filho é mais comprometido e que está fazendo UM FAVOR em colocá-lo no evento que está sendo inclusiva.
Precisa rever urgentemente seus conhecimentos sobre inclusão e, para isso, é necessário que se tenha humildade para aprender com seus erros e se desculpar e não ser prepotente.
Já sofri muito com o preconceito, e nunca vim, a público, dar visibilidade aos problemas ocorridos com os preconceitos e a falta de inclusão que o meu filho, hoje com 32 anos, sofreu.
Foi a forma mais grosseira e excludente que vivi quando a pessoa me disse que fez um FAVOR em colocá-lo no evento.
Por isso, não posso me calar.
Gente, ninguém consegue avaliar o quanto é sofrido, dolorido, o quanto somos machucadas num processo inclusivo, exceto quem lida diariamente com alguém que tenha uma deficiência.
Ninguém tem idéia do quanto corremos em busca de oportunidades que tornem nossos filhos mais aptos para serem aceitos na sociedade.
Quantos erros cometemos nessa busca, muitas vezes nos aliando, erroneamente, a pessoas que nos machucam, mas, contanto que beneficiem nossos filhos.
De nada vale a nossa busca incessante se não mostrarmos os erros, se nos calarmos.
Tenho feito isso sempre, não tornar público esses erros.
Os grupos inclusivos e a luta pela inclusão, de uma forma individual ou conjunta, não tem sentido se não dermos visibilidade a esses erros, porque esses erros estão sendo repetidos, e assim continuarão.
Isso sim, merece visibilidade.
A pessoa não quer diálogo porque se acha soberana.
Não é minha intenção prejudicar ninguém e, desde o princípio, olhei com bons olhos para esse projeto pelo muito que pode fazer de bom por muitos, e, principalmente, pelas famílias mais necessitadas e, por isso, espero que vá adiante.
Mas, se quer realmente INCLUIR, tem que rever as atitudes, a forma de se expressar, de não EXCLUIR no seu projeto inclusivo, aqueles que já sofrem tanta exclusão.
Que amadureça, aprenda a como não machucá-los nem tampouco aos seus responsáveis.
Este projeto está “chegando agora” e está apenas, engatinhando. Como ele, já existem excelentes projetos com grande visibilidade e que fazem muito pela inclusão.
Aprenda com eles e com a experiência dos seus responsáveis. Ajude, realmente, a amenizar o nosso sofrimento no processo inclusivo e não nos machuque mais.
Não precisamos de oportunidade de pessoas que querem oferecer algo sem se incomodar em ferir nossos filhos e nos ferir.
Que Deus lhe mostre a direção certa e que você busque essa direção.

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Postagem revista dia 25.03.2022, às 19:51h: correção de erros de digitação.