por Sulamita Esteliam
A barbárie aterroriza o povo nativo das comunidades de Salinas, Socó e Pantanal , pessoas negras, em Porto de Galinhas, distrito de Ipojuca. Desde 17 de março a população vive sob terror policial: então, três jovens foram assassinados, e esta semana uma menina de 6 anos também foi morta, e não foi por bala perdida; helicópteros fazem vôos razantes com armas apontadas para a gente nativa.
Um verdadeiro horror. Será a truculência a defesa social?
O pretexto é combater o tráfico de droga, embora saiba-se que os donos da boca são meros repassadores, que alientam o vício de quem pode pagar, além de valer-se do poder aparente para manter a população refém.
A pergunta é: cada a inteligência policial, está na ponta do fuzil?
Há mais pergunta basilar: a ideia que move a ação é expulsar a gente nativa para deixar o território livre para a especulação imobiliária e os investimentos estrangeiros em resorts de luxo? Tudo sob aplausos entusiasmados e cobranças taxativas da mídia local.
Logo no café da manhã, quase vomito quando o maridão leu o texto de conhecido colunista do Jornal do Commercio, preocupado com o destino dos investidores no turismo local. Nenhuma palavra sobre a morte da pequena Heloysa Gabrielle, que segurou no peito a bala de fuzil disparada pela PM no terraço da casa da avó, onde brincava.
A caixa registradora vale mais do que a vida do povo da terra que lhe pertence. O Governo de Pernambuco tem que tratar de se explicar também sobre a morte dos três jovens, ou vai admitir que perdeu o controle sobre as forças policiais.
A vereadora do Recife pelo PSol, Dani Portela, que é advogada, passou a manhã em Porto de Galinhas, na comunidade de Salinas, para acompanhar os acontecimentos e apoiar a população em suas demandas por justiça e respeito.
Na quinta-feira, 31, dia do enterro da pequena Heloísa, os protestos da população contra violência policial foram cobertos por 12 horas de tiroteio, denuncia a Articulação Negra PE:
Outro vereador do Recife, também do PSol, Ivan Moraes, que é jornalista, também se manifestou nas redes contra os abusos no paraíso. Corrabora com o que escrevi mais cedo, ao comentar na repostagem do vídeo de Dani Portela:
Também a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) cobrou providências do governo do estado em postagem no Instagram:
Pernambuco não está só no uso da truculência contra cidadãos e cidadãs, com chancela oficial. Faz tempo é moda neste país que passou a se orgulhar de não respeitar limites nem exigir que lhe respeitem.
Na Bahia, a mineradora ingleza Brasil Iron, que atua em Piatã, chamou a PM para intimidar a equipe da Repórter Brasil sob acusação de invasão de propriedade privada. A reportagem aguardava resposta ao pedido de entrevista com a direção.
Os policiais queriam obrigar os repórteres a entregarem seu material, o que não fizeram, sob orientação de seus advogados, e acabram todos na delegacia.
Ação abusiva intolerável, rechaçada pelo colega Leonardo Sakamoto, diretor da Repórter Brasil: foi “”uma clara tentativa de intimidação ao trabalho jornalístico, de cerceamento da liberdade de imprensa, que não pode ser aceita”.
Clique para ler a íntegra da matéria no sítio da organização.
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Postagem revista e atualizada em 04.04.2022: correção de erros de digitação.